Porque a Vida Eterna Demanda a Morte do Nosso Ego
Paulo poderia ter começado o 4º capítulo de 2 Coríntios com as palavras do verso 5:
“Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.”.
Porque para não pregarmos a nós mesmos, mas a Cristo é preciso trazer o morrer de Jesus em nosso corpo, em nosso ego, e em tudo que se refira à nossa própria vontade e desejos, que devem ser levados à morte na cruz, para que a vida de Jesus possa se manifestar através de nós (v. 10).
Esta mortificação progressiva de todas as áreas de nossas vidas há de ocorrer se tivermos uma chamada para o ministério, tal como Paulo a tivera, porque o ministério consiste em manifestar não a nós mesmos, mas o que é relativo à vida de Cristo.
E para isto o velho homem tem que ser despojado, para que a nova criatura se manifeste em poder nestes vasos de barro que são os nossos corpos mortais.
São vasos de barro porque têm a ver com o que herdamos da natureza terrena de Adão, que foi criada a partir do barro, dos elementos naturais deste mundo, que passa.
Todavia, a nova vida em Cristo é do céu, e o seu poder excelente pode se manifestar somente se a casca do velho homem com suas vontades e desejos for completamente quebrada através das tribulações, perplexidades, perseguições, e abatimentos, ao mesmo tempo que somos consolados e amparados pelo Senhor pela manifestação do Seu poder e amor, para que não sejamos angustiados, desanimados, desamparados e destruídos (v. 8, 9).
Esta será a experiência de todos aqueles que consagrarem efetivamente suas vidas ao serviço do Senhor.
Tal como Paulo, saberão, por experiência, o que significa trazer diariamente no corpo o morrer de Jesus para que a Sua vida possa se manifestar em nós.
Eles saberão por experiência que toda a mortificação que é operada neles, sobretudo no seu ego, tem o propósito de gerar a vida de Cristo nos seus ouvintes (v. 12).
Eles saberão que todo o seu dever é anunciar a fé em Cristo, e a Sua morte e ressurreição, para a nossa própria ressurreição, de modo que ministrando por amor aos homens, possam todos abundar em ações de graças, para a glória de Deus, por causa da multiplicação da graça em muitos corações (v. 13 a 15).
Eles saberão que um cristão em seu posto de trabalho, operando fielmente no Espírito, não desfalece e suportará e sofrerá tudo por amor a Cristo, ainda que o homem exterior se corrompa, isto é, que enfraqueça, enferme, envelheça, porque o homem interior, a saber, o Espírito é renovado gradual e diariamente por Deus, segundo o Seu próprio poder e glória (v. 16).
Assim saberá também que toda tribulação traz em si mesma um propósito de nos tornar mais íntimos e participantes da glória de Deus, e que se tornam leves e momentâneas comparadas ao peso das consolações e operações poderosas do Senhor no nosso corpo, alma e espírito.
Um cristão experimentado, como Paulo, saberá discernir a vida espiritual que não se experimenta por vista, mas por fé, que se firma não nas coisas visíveis que são temporais, mas nas invisíveis que são eternas.
Portanto, à luz de todas estas afirmações que o apóstolo faz nos últimos versos deste 4º capítulo, nós podemos entender melhor o que ele pretendia dizer nos seus quatro primeiros versículos.
Os que são de Cristo podem entender as palavras de Paulo, a saber, o evangelho da cruz de Cristo, mas não os incrédulos, porque seus entendimentos foram cegados pelo Inimigo, de modo que não podem enxergar a glória que há no evangelho, que produz a sua vida ressurrecta à medida que nosso velho homem vai sendo despojado, progressivamente, pela mortificação operada pela cruz.
Para o mundo isto não é glória, quando muito, masoquismo, porque não pode experimentar o poder da vida do Espírito que se manifesta naqueles que permitem a mortificação dos feitos do corpo pelo poder de Deus.
Eles não podem entender que a cruz não é carregada para nos aniquilar, mas para gerar a vida eterna de Cristo, porque Ele veio a este mundo não para nos matar, mas para que tivéssemos vida, e vida em abundância.
Mas esta vida não pode ser experimentada, a não ser na nova criatura, gerada em nós pelo Espírito, e isto demanda a morte e despojamento progressivo dos atos pecaminosos do velho homem, trabalho este que é feito pela cruz que carregamos diariamente, para que o Espírito não somente mortifique o nosso pecado, como também manifeste a vida poderosa de Cristo em nós.
Enquanto o que prevalece é o eu, eu, eu ... posso, não posso; quero, não quero, jamais conheceremos o significado de ser conduzido pela vontade de Deus, e ser por ela capacitado a fazer voluntariamente e com amor o que seja necessário e contrário ao nosso querer, ao nosso sentir, e até mesmo tudo que não haja em nós habilidade e poder para fazer.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 21/05/2014