A Bênção da Velhice
Baseado em Eclesiastes 12
A fase da terceira idade não necessita ser vista como Salomão a via e a chamou, ou seja de “maus dias nos quais não se tem prazer”, como se os bons dias fossem ditados somente pelo fato de se ter vigor e prazer.
Não é de modo nenhum este ensino que nós encontramos nos profetas e nas Escrituras de um modo geral, porque é afirmado que “os velhos terão sonhos”, que “ainda darão frutos na velhice”, e que até mesmo a morte dos santos é algo bem-aventurado, porque as suas obras feitas em Deus lhes seguirão para efeito de galardão.
E é certo que quanto maior tempo de vida tivermos, tanto maior poderá ser o nosso galardão, em razão de se ter um tempo maior para praticar o bem, fazendo o que é agradável a Deus.
Salomão estava falando da sua própria experiência de vida quando chegou à velhice, e não do modo como esta deve ser encarada por todos.
Este modo, é na verdade visto somente por aqueles que esfriaram na comunhão com Deus, ou então, que sendo ímpios não conhecem ao Senhor, porque para estes, a velhice é de fato algo que eles acharão algo ruim e penoso, porque lhes privará não somente de muitos prazeres, como também lhes poderá trazer muitas limitações tanto físicas quanto mentais, ainda que não se possa fazer disto uma regra geral.
Salomão descreve a velhice até a morte, dos versos 2 a 7, usando metáforas, para se referir à condição em que serão achados nesta fase da vida, algumas partes do corpo.
Então ele afirma que: neste período da vida, o sol e a lua perderão o seu brilho e haverá escuridão, referindo-se ao enfraquecimento da visão e obscurecimento das faculdades intelectuais e o enfraquecimento da memória (v. 2); que os guardas da casa tremerão, ou seja, haverá tremores nos braços e nas mãos, dificultando que sejam usados para a proteção pessoal de ataques físicos que nos sejam dirigidos por outros; que os homens fortes se curvarão, a saber, a firmeza das pernas já não será a mesma; que os moedores cessarão, uma referência à perda e enfraquecimento dos dentes; que os que olham pelas janelas se escurecerão, novamente uma referência ao enfraquecimento da visão; que as portas da rua se fecharão, ou seja, quando se é velho já não se tem mais prazer em entretenimentos e passeios, e é comum que se permaneça muito mais tempo em casa; que o ruído da moedura será baixo, ou seja, uma voz fraca pela dificuldade de se mover os lábios; que o simples cantar das aves nos fará levantar, porque já não haverá mais a tolerância a ruídos como têm os jovens, e o sono pode ser perturbado pelo menor ruído quando se é idoso; que todas as filhas da música ficarão abatidas, ou seja não se terá mais o prazer de ouvir músicas, como Salomão tinha com os muitos cantores que havia em sua corte; que temerão o que é alto, porque os idosos temem lugares altos por causa de possíveis quedas; que terão espantos no caminho, a saber, o evitar passeios pelo temor de cair e quebrar os ossos fracos do corpo; que a amendoeira florescerá, ou seja os cabelos ficarão brancos; que o gafanhoto será um peso, e consequentemente o desejo falhará, isto é, o membro viril não responderá mais ao desejo sexual; e finalmente chegará o dia da morte que é o último estágio da velhice avançada quando o homem vai para a sua casa eterna, ou seja, quando o seu espírito atingirá o estado de eternidade.
E a morte será uma ocasião de tristeza para os nossos amigos e aqueles que nos amam.
Todavia a morte prestará um bom serviço ao cristão porque desfará o seu tabernáculo terreno para que possa ser revestido daquele que é celestial e eterno.
Então, como se afirma no verso 6, será rompida a corda de prata que unia firmemente o espírito ao corpo.
Este nó que os unia será desatado pela morte e estes velhos amigos serão forçados a se separarem.
Então o copo de ouro que retinha a vida do espírito, que é o nosso corpo, será quebrado para que o espírito seja liberado, e assim o cântaro com o qual nós buscávamos a água da fonte da vida, será quebrado junto à mesma; e a roda (os membros que nos permitiam nos movimentarmos e nos nutrimos) serão desfeitos na sepultura, à qual Salomão chama de cisterna.
O coração parou de bater, o sangue também parou de circular.
Todas as fontes vitais do corpo cessaram na morte e ele será desfeito no pó do qual fora tirado no princípio para a formação do primeiro homem, porque deve ser cumprida a maldição de Deus sobre o corpo para que volte ao pó na morte, por causa do pecado original, todavia tal maldição não foi dada ao espírito, que retornará ao domínio de Deus, e portanto, não será dissolvido (v. 7).
Então, quanto às coisas deste mundo natural, de fato pode-se dizer que tudo é vaidade (v. 8), porque nada subsistirá porque será desfeito pelo uso ou destruído pela morte.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/05/2014