Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Aqui Não é o Nosso Lugar de Descanso
"As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;" (Lam 3.22)

No extenso livro da profecia de Jeremias nós o vemos chorar muitas vezes por causa do pecado de Judá, e pela falta de atendimento dos judeus ao apelo de Deus através dele para que se convertessem dos seus pecados, porque ao mesmo tempo lhes anunciava a destruição terrível que viria sobre eles caso não se arrependessem.
Agora, uma vez cumpridas as assolações que ele mesmo havia profetizado, a sua alma estava quebrada por todo o sofrimento que experimentara.
Então, desde o primeiro até o vigésimo versículo do terceiro capitulo do Livro de Lamentações, ele expressa o abatimento da sua alma dizendo que era o homem que viu a aflição que foi causada pela vara de correção do furor de Deus contra o Seu povo.
Que o Senhor o guiou e o fizera andar em trevas, e não na luz, porque o resultado da sua profecia não foi glória para Israel, mas dor e destruição.
Suas notícias não eram consoladoras para Judá, mas ameaçadoras, e isto já era em si mesmo uma grande carga para a sua alma, que agora vendo o resultado de todas aquelas ameaças fez com que se sentisse como debaixo da mão pesada de Deus todos os dias, e isto fazia envelhecer a sua carne e pele, e a se desconjuntarem os seus ossos.
Deus não lhe dera alternativa senão de cercá-lo com fel e trabalho, e habitar em lugares tenebrosos e desolados. Cercou-o de tal maneira que não podia fugir, e mesmo quando clamava e gritava por socorro, o Senhor não atendia à sua oração, porque a sentença de destruição de Judá já estava determinada, e em mais de uma ocasião, Deus lhe proibira diretamente de orar em favor do Seu povo.
Além das aflições que lhe foram impostas pelo cumprimento do seu ministério, Jeremias teve também que suportar a dor de ter sido feito objeto de escárnio para todo o seu próprio povo, que o considerava um subversivo que servia aos interesses de Babilônia, e isto o encheu de amarguras, como que seus dentes tivessem sido quebrados por pedrinhas de areia.
Seu ministério não lhe permitiu que tivesse paz em sua alma, e havia até esquecido o que era a felicidade.
Tão grande era a sua amargura de alma, uma vez cumprida a assolação que Deus havia prometido trazer sobre os judeus, que a força de Jeremias havia perecido, bem como a sua esperança no Senhor, ou seja, ele não conseguia naquela hora, ter qualquer boa expectativa em relação aos judeus, que lhe viesse da parte de Deus, porque sabia que Ele estava irado com os pecados deles.  
Todavia, ele bem conhecia o caráter do Seu Deus, e isto faz toda a diferença na hora da aflição, porque chegará o momento, que fortalecidos pela Sua graça e misericórdia, poderemos ter uma melhor perspectiva em relação ao futuro, porque experimentando em nós mesmos a Sua misericórdia e favor imerecidos, sabemos que não é Deus somente de justiça, mas também de bondade e misericórdia, e é por isso, que podemos ter esperança em relação ao futuro, apesar de sermos pecadores.
É certo que o amor de Deus pode achar e produzir alegria somente quando há um caminhar em justiça. Pecadores que somos, dados a nos desviar da justiça dos Seus mandamentos, temos como resultado um mundo onde não é comum se ver a verdadeira alegria espiritual de Deus habitando em plenitude nos corações. Nem mesmo nos crentes há de se ver tal plenitude enquanto estiverem aqui na Terra porque há muita escória misturada no ouro de suas vidas e devoção.
Assim, não temos nenhum outro bem duradouro e eterno que nos acompanhe não somente nesta vida, como principalmente na futura, senão o próprio Deus, então é somente nEle que devemos esperar, porque tudo mais passará e falhará.
Logo, é isto que devemos trazer à mente, na hora da aflição, a saber, a nossa renovada esperança no Senhor (Lam 3.21), porque sabemos que a sua bondade jamais acaba porque as Suas misericórdias não têm fim, e é justamente por causa delas que não somos consumidos pelo juízo de Deus (v. 22).  
O Senhor sempre usará a Sua vara de aflição para corrigir o Seu povo, mas podemos estar seguros que a sua ira sempre estará misturada com a Sua misericórdia, para que possamos ter esperança nEle, quanto à nossa restauração e quanto a dias melhores.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 08/06/2014
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