Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 9
“27 Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
28 Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno.” (Mt 5.27-30)

Os escribas e fariseus ha­viam reduzido o mandamento que proíbe o adul­tério ao simples ato físico de adulterar; e pensavam que desde que não cometessem o ato propriamente dito, o mandamento estaria perfeitamente cumprido.
Os dez mandamentos não podem ser tomados separadamente. Por exemplo, o décimo diz que não se deve desejar a mulher do próximo, e isto, obviamente, deveria ser tomado com relação a este mandamento de não cometer adultério.
Os que pensam que podem adorar a Deus e conseguir a salvação com suas próprias ações nunca entendem o caminho cristão da salvação.
Nunca têm chegado a ver que esta, em última instância é uma questão do coração; senão que pensam que, enquanto não façam certas coisas e façam certas boas obras, estão justificados diante de Deus.  
Assim, às pessoas que diziam, “contanto que alguém não cometa adultério já têm cumprido esta lei”, Jesus Cristo diz: “todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.”
Nosso Senhor tomou este mandamento da lei e o explicitou porque, apesar de não ter declarado no texto, a razão de tê-lo feito, foi porque havia esta mentalidade entre os israelitas, há muito tempo, de que o mandamento condenava apenas o ato sexual extraconjugal propriamente dito.
Ademais, o modo de se enfocar a lei deste modo legalista, sempre conduzirá a uma interpretação errônea do modo de vida que se espera de alguém que tenha nascido de novo do Espírito Santo, e que se tornou filho de Deus.
Porque isto exige pureza de coração, uma boa consciência, uma fé genuína, uma andar real no Espírito, produzindo o seu fruto espiritual, e crescendo nisto ao longo da vida.
Não se trata de uma questão de faça isto, não faça aquilo.
Mas de: seja isto, purifique o coração, e as ações e os pensamentos serão santos e bons.
De modo que, quando não se consegue crucificar as paixões da carne, ou seja, da natureza terrena decaída no pecado, o melhor a fazer, segundo nosso Senhor, é tomar a medida extrema de sofrer algum dano, alguma restrição, até mesmo de coisas que nos sejam vitais e importantes, para se obter nEle, tal triunfo sobre o viver impuro e pecaminoso.
Por isso, para revelar a extrema gravidade do caso, ilustrou a solução com o arrancar do braço e do olho, direitos, que são mais importantes para nós do que os esquerdos, e em si mesmos, necessários ao nosso viver, caso fossem eles, o que estivesse nos conduzindo inapelavelmente a uma vida sob o domínio do pecado, que por fim, nos levaria à morte e à condenação eternas.
Com esta passagem nosso Senhor marcou a necessidade absoluta da santificação, sem a qual ninguém verá a Deus, porque Deus é perfeitamente santo.
O conceito genuíno da mortificação do pecado se encontra em muitas passagens do Novo Testamento como Rom 8.13; 13.14 e I Cor 9.27, por exemplo.
Nestas passagens nós vemos que a natureza terrena (velho homem, carne, homem exterior) devem ser crucificados para que nos despojemos dela, de modo a podermos ser revestidos da nova natureza divina, em Cristo Jesus.  
Nunca devemos fazer provisão para os desejos da carne (Rom 13.14).
Isto demonstra que há um sentido prático nesta mortificação na qual está incluído portanto o ato de repudiarmos tudo aquilo que possamos tocar, ou ver, ou fazer e que nos leve a contaminar o nosso coração.
Todo tipo de imagem virtual ou real que sejam sugestivas para o pecado devem ser repudiadas.
Tudo o que se ler, tudo que se ouvir, tudo o que se ver. Devemos evitar a todo custo. Ainda que isto nos traga o sentimento de estar cortando algum órgão nobre do nosso corpo.
A carne gosta destas coisas, portanto tenhamos cuidado e privemo-nos delas, contrariando a nossa vontade.
Estas coisas são fontes de tentação, e quando lhes dedicamos o nosso tempo, estamos fazendo provisão para os desejos da carne, que nos afastarão da comunhão com Deus.
Fazendo isto, estamos colocando combustível na chama do pecado que opera no nosso corpo, e ele se alastrará.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 09/06/2014
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