Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 16
“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem.” (Mt 7.6)

Neste versículo de Mateus nosso Senhor conclui o que tem vindo dizendo relativamente ao tema difícil e complexo do juízo.
Esta afirmação parece uma contradição com o que o Senhor havia dito anteriormente neste sétimo capitulo. Aqui vemos o que o Senhor dissera anteriormente não era tudo que se relaciona a este assunto do juízo.  De modo que para que haja um equilíbrio adequado e para que a afirmação relativa a este assunto seja completa, é essencial esta observação do sexto versículo.
Se nosso Senhor tivesse concluído o ensino com os cinco primeiros versículos do sétimo capítulo, teria conduzido sem dúvida a uma posição falsa. As pessoas teriam cuidado em evitar o terrível perigo de julgar. Não haveria o que se chama de disciplina na Igreja; e a vida cristã, em sua totalidade seria caótica. Não haveria coisas como denunciar uma heresia e emitir juízo sobre a mesma, porque todo mundo teria tanto medo de julgar ao herege, que cerraria os olhos diante da heresia, e o erro se iria introduzindo na igreja mais do que já o tinha feito.  
Assim pois, nosso Senhor passa a fazer esta afirmação, porque o esquecimento deste acréscimo ao  ensino acerca do juízo, faz com que tantas pessoas mostrem falta de discernimento e estão prontas a louvar e a recomendar qualquer coisa que se lhes apresente e que pretenda vagamente ser cristã. Dizem que não devemos julgar. E esta posição é considerada como apropriada a um espírito amistosos e caritativo, e por isso tantas pessoas caem em erros graves e suas almas imortais correm grandes perigos.  
Como reconciliamos estas duas coisas A resposta simples é que, enquanto nosso Senhor nos exorta a que não sejamos hipercríticos, nunca nos diz que não discirnamos.
A Bíblia nos exorta continuamente ao espírito de discernimento.
Como podemos “provar os espíritos”, como podemos nos guardar dos falsos profetas, sem não exercitarmos nosso juízo e discernimento?
Em outras palavras, temos que reconhecer o erro, porém, temos que fazê-lo, não para condenar senão para ajudar. (E também para manter a verdade e a justiça entre os cristãos – nota do tradutor).
Ao fazer a afirmação deste sexto versículo nosso Senhor quer se referir à verdade, que é santa, e que tem sido comparada com s pérolas. A pérola aqui referida é a mensagem cristã, a mensagem do reino, as coisas relativas ao reino de Deus.  
O cachorro, nos dias de nosso Senhor, na Palestina, não era o animal doméstico que temos hoje. Mas viviam nas ruas comendo do lixo, e era um animal selvagem e perigoso. E na sociedade judaica o porco representava a tudo o que era impuro e condenado pela Lei.
E estes são os dois termos que nosso Senhor emprega para nos ensinar como discernir entre pessoa e pessoa. Temos que reconhecer que há um tipo de pessoa que, relativamente á verdade, se coloca na posição de cão e de porco.
Isto não se refere à posição de todos os não cristãos, porque de outro modo nunca poderiam se converter porque estariam impedidos de ouvir a verdade.  
Mas se refere a discernir entre pessoa e pessoa quanto ao modo que se posicionam em relação ao evangelho.
Veja como nosso Senhor evitou em expor a verdade quanto interpelado por Pilatos e por Herodes.
Veja como Paulo e Barnabé se opuseram a continuar pregando o evangelho aos judeus de Antioquia que estavam resistindo à verdade (At 13.46).  
Não há nada tão trágico e antibíblico como testemunhar aos outros de forma mecânica. Há cristãos que são réus disto. Dão testemunho, porém o fazem numa forma totalmente mecânica. Nunca pensam na pessoa com a qual tratam; nunca tratam de avaliá-la nem em descobrir exatamente em que posição está. Falham completamente em por em prática esta exortação. Apresentam a verdade exatamente na mesma forma a todos e a cada um. Aparte do fato de que seu testemunho se torna bastante inútil, a única coisa que conseguem é um sentimento de autocomplacência, e expõem o santo nome do Senhor à ignomínia e desonra.
Nosso Senhor descreve a reação do cão e do porco, ao pisotear e destroçar, a blasfêmia e a maldição. E devemos ter sempre cuidado em não dar base a ninguém para que blasfeme e maldiga.
Por D. M. Lloyd Jones ( traduzido e adaptado por Silvio Dutra)
D. M. Lloyd Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 10/06/2014
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras