Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 26
“5 Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo:
6 Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente atormentado.
7 Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o curarei.
8 O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar.
9 Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
10 Jesus, ouvindo isso, admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé.
11 Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus;
12 mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
13 Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou.” (Mateus 8.5-13)

Nós temos aqui o relato de Jesus curando o servo de um centurião romano que sofria de paralisia e que se encontrava atormentado.
Isto se deu em Cafarnaum, onde Cristo estava habitando na ocasião (Mt 4.13).
O centurião era um oficial do exército romano, e provavelmente o principal comandante na área de Cafarnaum, que mantinha uma guarnição na referida localidade.
Ao ter atendido ao rogo do centurião e curado o seu servo, nosso Senhor estava dando cumprimento à profecia relativa a Ele de que seria uma luz para iluminar os gentios, tanto quanto estava destinado para ser a glória do seu povo de Israel.
Ao curar o servo do centurião à distância, sem necessitar tocar nele, Jesus mostrou que tem poder para curar de todas as formas, quer seja de perto, quer seja de longe, quer a quem visse ou a quem não visse, com os olhos de carne.
O centurião procurou Jesus demonstrando grande fé e humildade, quando Lhe disse que reconhecia a Sua autoridade para dar ordens para serem cumpridas, e que também reconhecia a Sua excelência a ponto de não ser digno de recebê-lo em sua casa.              
Todos que se aproximam do Senhor à busca de uma bênção deveriam se espelhar no exemplo que nos foi deixado pelo centurião.
Aquele oficial romano demonstrou uma piedade e cuidado pelo bem-estar do seu próximo, a ponto de estar disposto a se humilhar por amor de um servo. Não foi por si mesmo ou por um filho que recorreu a Cristo, mas por um criado de sua casa.
Quão grande valor o Senhor dá à intercessão que é feita em favor de outras pessoas, porque isto dá mostras de não sermos governados pelo egoísmo, mas pelo amor ao próximo que é ordenado por Deus a todos os homens.  
O centurião não demitiu o criado enfermo apesar de ter-se tornado um peso para ele, e sem utilidade para desempenhar suas funções, e além disso é dito que estava horrivelmente atormentado.
Este amor e cuidado do centurião por aqueles que se encontravam debaixo das suas ordens, explica em parte o fato deles serem muito obedientes a ele, porque onde houver verdadeiro interesse e cuidado pelos que estão debaixo do nosso cuidado, isto lhes inspirará a serem gratos, respondendo com o desejo de servir com atenção e diligência, como forma de retribuição.  
Não foi confiado em sua própria bondade que o centurião se aproximou de Jesus.
Ele reconheceu a sua indignidade diante da majestade e santidade do Senhor.
Este reconhecimento cabe a todos os homens, porque todos somos pecadores.
Ele honrou tanto a Cristo com a sua grande fé, que afirmou que confiava que o Senhor poderia curar o seu servo à distância.
Ele deu mostras com isso de reconhecimento do grande poder de Jesus.
E tal confiança é muito apreciada por Deus, porque sem fé é impossível agradá-lO.
O Senhor se agradou muito da confissão de fé do centurião, porque nela havia a marca do significado da verdadeira obediência que Deus espera de nós. Não pelo constrangimento da Sua presença divina, mas pelo crédito e honra a tudo que nos tem ordenado na Sua Palavra.
Uma obediência que tem o caráter daquilo que se diz em Ef. 6.6:
“não servindo somente à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus,”
A fé do centurião na Pessoa de Cristo deu ocasião para que o Senhor profetizasse que aquilo era apenas um sinal, uma pequena mostra da grande conversão a Ele que ocorreria em todas as partes do mundo, inclusive no Ocidente, o que tem de fato ocorrido nestes cerca de dois mil anos de Cristianismo.
Não foi no panteão de deuses romanos que o centurião romano depositou a sua confiança, mas em Cristo, e assim tem sido com muitos em todas as nações pagãs.
Os próprios judeus que eram tidos na conta de filhos do reino de Deus, porque eram eles que estavam naturalmente destinados a recepcionarem a Jesus como Salvador e Senhor deles, vieram por fim a se endurecer em sua grande maioria, rejeitando-O, dando com isso cumprimento às profecias relativas a eles, especialmente as que encontramos no livro do profeta Isaías, no qual se revela claramente que a mensagem do evangelho seria rejeitada pelos judeus mas seria obedecida pelos gentios.
A consequência disto e o que Jesus afirma nos versos 11 e 12:
“11 Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus;
12 mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.”
A citação “filhos do reino” é uma referência aos israelitas, porque eram o povo de Deus na antiga aliança, e era a eles que o reino estava destinado, mas eles o rejeitaram, ao terem rejeitado a Jesus.
Assim, os gentios (os não israelitas) que se convertem a Cristo estarão no reino dos céus, e os israelitas que rejeitaram a Cristo, no inferno, que consiste nas trevas exteriores, longe das luzes do reino dos céus, onde há choro e ranger de dentes.  

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 10/06/2014
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