Evangelho 31
“9 Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
10 Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos.
11 E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
12 Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.
13 Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.” (Mateus 9.9-13)
O evangelista Mateus registrou aqui como foi o modo da sua própria chamada por Cristo para o apostolado.
Ele era até então um publicano, ou seja, um coletor de impostos para Roma, sendo um judeu.
As passagens paralelas de Marcos 2.15 e Lc 5.29, registram que a casa em que Jesus se encontrava, conforme relatado nesta passagem era a casa do próprio Mateus, a quem Marcos e Lucas chamam de Levi, nos seus respectivos evangelhos.
Lucas afirma que Mateus ofereceu um grande banquete em sua casa, e que numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa.
Pode-se inferir portanto, que depois de ter sido chamado por Jesus, Mateus pensou em dar este grande banquete em honra ao Senhor.
É certo que muitos daqueles publicanos e demais pecadores que se encontravam à mesa com Jesus, não eram pessoas honestas e de boa reputação, porque, de outra sorte os fariseus não teriam protestado perguntando aos discípulos do Senhor, por que o Mestre deles comia em companhia de publicanos e pecadores, diferentemente deles, fariseus, que privavam apenas da companhia de pessoas religiosas.
Como o Senhor ouviu o que tinham falado, respondeu com as seguintes palavras: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.”
O espírito de julgamento, hipercrítico, que o Senhor havia condenado no Sermão do Monte, aparece de maneira muito clara na pessoa dos fariseus, nesta passagem, e em muitas outras, dos evangelhos.
O orgulho religioso e a justiça própria foram manifestados na pergunta que os fariseus fizeram aos discípulos de Jesus.
Corremos sempre o mesmo risco que eles, se somos fermentados pela hipocrisia, que nos cega, e não permite que enxerguemos, que aos olhos de Deus não há um só justo, que possa se apresentar diante dele sem pecado, pela sua justiça própria.
Todos os homens justos terão sido obrigatoriamente justificados pela graça de Jesus.
Deste modo, neste mundo, nosso Senhor será sempre achado trabalhando para chamar pecadores à salvação, até mesmo entre os piores deles, porque, conforme a Bíblia afirma, não há um justo sequer aos olhos de Deus, que não necessite ser perdoado e lavado de seus pecados.
É importante portanto, observar, que o que há de mais condenável é a falta deste reconhecimento da nossa condição pecaminosa diante de Deus, como existia nos fariseus, do que a condição reconhecida de pecadores, como estava em Mateus e certamente, num bom número daqueles publicanos e demais pecadores, que estavam à mesa do banquete juntamente com Jesus.
Devemos vigiar, e tomar cuidado para não sermos tomados por este espírito de falta de misericórdia, e que condena até mesmo o próprio Cristo por se mostrar favorável aos pecadores.
Jesus é o único e grande médico do espírito. Nenhum outro pode curar a enfermidade do pecado, e livrar da morte espiritual e eterna que é ocasionada pelo pecado.
Ele tem prazer em exercer o Seu ofício, e criticá-lo nesta Sua função, significa atribuir grande desonra ao Seu santo nome, Jesus, que significa o Salvador.
Ele veio para nos salvar de nossos pecados, e será portanto, honrado somente por aqueles que se submetem ao remédio da graça que Ele veio nos administrar para sermos curados.
Os fariseus argumentavam que somente aqueles que conhecessem as Escrituras, tal como eles, poderiam estar reunidos em nome de Deus, então Jesus citou o texto das Escrituras no qual o Senhor falou através do profeta Oseias: “Pois misericórdia quero, e não sacrifícios; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” (Os 6.6).
Esta citação feita por Jesus mostra em que consiste a verdadeira religião: não em observâncias externas; não no cumprimento dos ritos e cerimônias externas do Antigo Testamento para a oferta de sacrifícios no templo; não em disputas e debates teológicos, mas em fazer o bem aos corpos, almas e espíritos de outros, em justiça e paz, levando-lhes a mensagem da salvação, em demonstração de misericórdia.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 11/06/2014