Evangelho 32
“14 Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?
15 Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar.
16 Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura.
17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.” (Mateus 9.14-17)
Nós lemos no texto paralelo desta passagem, em Mc 2.18, o seguinte:
“Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?”
Este texto paralelo registra que os discípulos de João e os fariseus estavam em acordo prático, quanto à questão do jejum.
Nós já comentamos na parte relativa ao jejum, no Sermão do Monte, que os fariseus haviam acrescentado à prática religiosa, um jejum obrigatório não previsto na Lei de Moisés.
É bem provável que João e seus discípulos tenham sido influenciados por tal prática e se submeteram à mesma, uma vez que era generalizada em Israel.
Poderia, portanto, parecer aos discípulos de João que era uma violação da lei, ou então algo pecaminoso em si mesmo, não observar aquele jejum prescrito pelos fariseus, para determinados dias da semana.
Nós vemos que não foi sem razão que Jesus advertiu os Seus discípulos quanto ao cuidado que deveriam ter para não se contaminarem com o fermento dos fariseus.
É muito comum que pessoas piedosas se deixem levar por práticas religiosas que lhes sejam impostas como obrigatórias, sem que haja qualquer base ou ordenação bíblica para as mesmas.
E quão difícil é dissuadir aqueles que adotam tais práticas quanto ao fato de não serem exigidas por Deus, porque admiti-lo, geralmente ofende suas consciências fracas e sensíveis.
Tanto que Jesus não condenou a prática dos fariseus e dos discípulos de João, mas, como jejuavam desfigurando o rosto, e como motivo de tristeza, deu-lhes a resposta de que não havia motivo para que os Seus discípulos fizessem um jejum de tal tipo, enquanto tinham a Sua companhia com eles, sendo a sua permanente alegria.
Quando Ele lhes fosse tirado temporariamente, em Sua morte na cruz, então teriam motivo de tristeza, e poderiam jejuar tal como faziam os discípulos de João.
No entanto, Cristo veio inaugurar uma Nova Aliança, diferente em muitos aspectos da Antiga, que regia os discípulos de João, que se encontravam debaixo das disposições do Antigo Testamento.
Nosso Senhor não veio colocar um remendo de pano novo no vestido da Antiga Aliança, que vigorava no Velho Testamento, mas trazer a veste nova da Sua justiça.
Muitos pensam que ao ter dito as palavras do verso 16, que nosso Senhor veio colocar remendo novo em vestido novo.
Todavia, não é o caso, porque este vestido novo não necessita de remendo, porque a justiça com a qual fomos justificados é perfeita e eterna.
Usando uma outra metáfora, nosso Senhor disse que o vinho novo da Nova Aliança não é colocado em odres velhos, mas em recipientes novos, para que sejam conservados tanto o odre quanto o vinho.
O cristão é uma nova criatura. Ninguém pode fazer parte desta Nova Aliança se não for justificado e se não nascer de novo do Espírito.
A obra de salvação não é uma obra de remendo do pecador, mas a formação de uma nova criação. Deus destrói o velho para erigir o novo. Tudo o que herdamos de Adão será removido pela mortificação do pecado, para que permaneça somente aquilo que temos herdado em Cristo e por Cristo.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 11/06/2014