Evangelho 34
“27 Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
28 E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam-lhe eles: Sim, Senhor.
29 Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
30 E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba.
31 Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
32 Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado.
33 E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
34 Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.” (Mateus 9.27-34)
Importava que Jesus operasse todos estes grandes milagres em Seu ministério terreno, especialmente para que fosse confirmado para todas as gerações depois dEle, que somente Ele é o Messias prometido nas Escrituras, em tudo aquilo que foi registrado quanto ao que faria, quando fosse manifestado na plenitude do tempo.
Estes dois milagres aqui narrados estavam previstos nos desígnios eternos de Deus para o ministério do Messias, como se vê na seguinte profecia:
“5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão.
6 Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.” (Is 35.5,6)
Muitas outras coisas foram profetizadas para confirmar que Jesus é o Messias, como vemos nas seguintes passagens entre outras:
“6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por pacto ao povo, e para luz das nações;
7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.” (Is 42.6,7)
“4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” (Is 53.4-6)
“1 O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
2 a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
3 a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado.” (Is 61.1-3)
Jesus estava voltando da casa de Jairo, para a sua residência, provavelmente a casa de Pedro em Cafarnaum, quando dois cegos lhe seguiam pelo caminho clamando: “Tem compaixão de nós, Filho de Davi.”
Estes dois homens conheciam a promessa relativa à casa de Davi, e que seria levantado dela Alguém que tornaria a levantar a referida casa (tabernáculo), para restaurar-lhe a antiga glória, com uma glória ainda muito maior e eterna.
Eles puderam reconhecer pelo Espírito que Jesus era o descendente de Davi, no qual se cumpririam todas as boas promessas que Deus havia feito no passado através dos profetas de Israel.
Isto não poderia ter sido entendido por eles, senão somente por meio da fé. E esta fé que é dom de Deus, lhes havia sido dada não apenas para que fossem curados da cegueira física, mas para que alcançassem a salvação de suas almas, pelo conhecimento de Cristo, na condição de Filho do Deus vivo (Jo 17.3).
Por isso Jesus lhes disse que fossem curados então segundo esta fé que haviam demonstrado ter nEle. Não estava portanto dizendo que deveriam se esforçar para terem fé para serem curados, mas que pela fé que lhes foi concedida por Deus para que cressem, é que seriam curados.
Esta fé havia sido confirmada antes de serem curados, quando nosso Senhor lhes perguntou se eles criam que Ele poderia curá-los. Eles responderam afirmativamente. O Senhor não lhes fez tal pergunta para saber se tinham fé, mas para que fizessem a confissão, por meio da qual somos salvos. Porque não basta crer no coração, é necessário confessar com a boca que Jesus é o Senhor, para que Ele seja glorificado.
Como nós veremos adiante, havia muita dureza e incredulidade nos habitantes de Cafarnaum, motivo porque nosso Senhor repreendeu tal cidade, assim como as de Corazin e Betsaida, e possivelmente foi este um dos motivos de Jesus não ter curado os cegos na rua, mas no interior da casa, ao mesmo tempo que lhes ordenou que a ninguém contassem o que lhes havia feito.
Contudo, não se contendo em si de alegria, desobedeceram à ordem do Senhor, não por rebeldia, mas por imprudência, vindo a espalhar por toda aquela região o que Ele havia feito.
Quando os que haviam sido cegos se retiravam da casa onde Jesus estava, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado.
Naquele caso, o que estava produzindo a mudez era o próprio demônio, que tendo sido expulso por Jesus, o que era mudo passou a falar. Isto também chegou ao conhecimento das multidões, apesar deste milagre ter sido feito também no interior da casa.
E as pessoas se admiraram dizendo que nunca tal se viu em Israel. No entanto, não creram em Cristo entregando-Lhe seus corações e se arrependendo de seus pecados, apesar dos sinais que fizera no meio deles.
“Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.” (Mt 11.21)
“E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.” (Mt 11.23)
Os fariseus foram ainda mais além do que estas pessoas que ficaram maravilhadas e não se converteram, porque disseram que era pelo príncipe dos demônios que Jesus expulsava os demônios.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 11/06/2014