Evangelho 37
“5 A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
6 mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;
7 e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
8 Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
9 Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;
10 nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
11 Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis.
12 E, ao entrardes na casa, saudai-a;
13 se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
14 E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (Mateus 10.5-15)
É preciso entender que enquanto nosso Senhor esteve neste mundo, cumprindo Seu ministério junto à circuncisão (judeus), o ministério de Seus discípulos, especialmente dos apóstolos, deveria ser uma extensão exata do próprio ministério do Senhor, e daí a ordem para que não fossem aos gentios, mas que pregassem e ministrassem exclusivamente aos judeus.
Somente depois que o Senhor fosse glorificado, depois de Sua morte e ressurreição, e que o Espírito Santo fosse derramado, que eles poderiam ministrar aos gentios, mas ainda assim, teriam que pregar primeiro o evangelho aos judeus.
Isto nos ajuda a entender a grande quantidade de curas de enfermos, ressurreição de mortos, purificação de leprosos e expulsão de demônios, que realizaram, conforme nosso Senhor lhes havia ordenado.
Importava que se visse que os seguidores de Cristo não somente estavam debaixo de Suas ordens, como também estavam capacitados por Ele, e somente eles, a realizarem as mesmas obras que Ele realizava.
Tudo isto se vê claramente nestas instruções que nosso Senhor lhes deu, e que foram registradas nesta passagem por Mateus.
Muito aprendemos desta limitação inicial imposta pelo Senhor aos apóstolos, para que não caiamos na tentação de realizar um ministério mais extenso do que aquele que o Senhor tiver designado para nós, ou então fora do momento apropriado.
Tudo deve seguir as Suas ordens nos trabalhos realizados pela Sua Igreja, e quando digo Igreja, não me refiro exclusivamente à Igreja local, mas a todos os recursos humanos e meios que Deus, em Sua providência, usa, para a Sua exclusiva glória.
O alvo do ministério dos apóstolos, ao serem enviados no início pelo Senhor, era apenas as ovelhas perdidas da casa de Israel. Então temos aqui uma limitação dentro da limitação, porque não somente deveriam se limitar aos termos de Israel, mas concentrar seus objetivos nos eleitos daquela nação.
Paulo dizia que tudo fazia por amor aos eleitos.
Nosso Senhor afirmou que não rogava pelo mundo, mas por aqueles que lhes foram dados pelo Pai (Jo 17.9).
Evidentemente, isto não exclui o dever de amar a todas as pessoas, sem fazer qualquer tipo de acepção, mas devemos estar conscientes que os benefícios permanentes do evangelho serão eficazes somente naqueles que amarão a Cristo, e que atendem à Sua chamada ao arrependimento e à conversão.
Por isso deveriam pregar que “É chegado o reino dos céus.”
Este reino está destinado àqueles que são descritos nas bem-aventuranças, a saber: pobres de espírito; contritos de coração que choram por causa do pecado; mansos; famintos e sedentos de justiça; misericordiosos; limpos de coração; pacificadores e perseguidos por causa da justiça.
Tal como os apóstolos haviam sido salvos pela graça, de igual modo deveriam tudo fazer de graça e pela graça.
Eles deveriam vencer a tentação de fazerem um comércio com as coisas relativas à graça do Senhor, e para que soubessem que a mesma graça que lhes havia salvado, continuaria provendo todas as necessidades deles, para que não estivessem ansiosos quanto ao que comer, beber e vestir, desviando-se assim da missão que deveriam cumprir, para se dedicarem exclusivamente a atividades seculares, com vistas à sua subsistência.
Por isso nosso Senhor lhes ordenou o seguinte:
“Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.”
Eles estavam a serviço exclusivo do evangelho e deveriam portanto ser supridos somente pelo próprio evangelho, isto é, viveriam do fruto do trabalho do seu ministério.
Pessoas gratas a Deus seriam levantadas por Ele para suprirem as necessidades dos apóstolos, mas eles nada deveriam cobrar pela cura de enfermos, expulsões de demônios, pela salvação de almas, ou por qualquer outro benefício decorrente do trabalho deles.
Por isso Jesus ordenou aos apóstolos que não fizessem qualquer provisão prévia para poderem sair para pregar o evangelho (v. 9,10).
Eles sairiam no cumprimento de uma missão curta e logo retornariam a estar sob os cuidados diretos do Senhor, em pessoa. A graça de Deus lhes proveria todo o necessário através de pessoas dignas, de maneira que nosso Senhor lhes ordenou o seguinte:
“11 Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis.
12 E, ao entrardes na casa, saudai-a;
13 se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
14 E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.”
Os apóstolos deveriam se informar quanto a quem era digno nas cidades e aldeias que visitassem. Deus moveria os corações destas pessoas dignas, para que hospedassem os apóstolos e provessem suas necessidades até que se retirassem do meio deles.
Caso eles errassem quanto à dignidade da casa em que se hospedassem, poderiam reconhecer tal erro porque perceberiam a falta de paz na casa, apesar de terem saudado seus habitantes com a paz do Senhor.
Evidentemente, deveriam se retirar e procurar outra hospedagem, e caso esta fosse negada por alguma pessoa, ou até mesmo por toda a cidade, não deveriam ficar intimidados com isto e nem paralisarem a sua missão, porque neste caso deveriam sair da cidade sacudindo até o pó dos seus pés, em testemunho contra a rejeição não propriamente deles, mas do Senhor, porque quem rejeita aos que são enviados por Cristo, rejeitam ao próprio Cristo. Tal como uma coisa vil como o pó, também eles seriam espalhados como o vento, no dia do Grande Juízo de Deus.
E, como juiz de vivos e mortos, o Senhor julgará os tais com maior rigor, do que aquele que haverá para os habitantes de Sodoma e Gomorra, no dia do Juízo, porque a estes não foi enviado por Deus, nenhum mensageiro da parte de Cristo, com as boas novas de salvação, a saber, o evangelho.
Então, quando rejeitados, devemos deixar a questão do juízo nas mãos do Senhor, e continuar fazendo o nosso trabalho onde ele seja bem recebido.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 11/06/2014