Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 52
“1 Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram:
2 Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem.
3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
4 Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá.
5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai.
6 E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
7 Hipócritas! bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
8 Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.
10 E, clamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
11 Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina.
12 Então os discípulos, aproximando-se dele, perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
13 Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
14 Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.
15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
16 Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado fora?
18 Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.
19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
20 São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.” (Mateus 15.1-20)

Nós temos aqui o registro do confronto havido entre Jesus e os escribas e fariseus que vieram de Jerusalém ter com Ele, quando ainda se encontrava na Galileia.
Esperava-se que estes de Jerusalém, onde se situava o templo e a grande concentração de sacerdotes, escribas, fariseus e saduceus, fossem mais esclarecidos quanto à lei, do que  os poucos religiosos da região da Galileia, mas eles se revelaram ainda mais cegos do que estes.
Quem se permitiria ser guiado por um cego? Não seriam somente aqueles que são também cegos e que não sabem que o que lhes dirige é tão cego quanto eles?
Este era o caso do povo judeu sendo conduzido pelos sacerdotes, escribas e fariseus dos dias de Jesus.
E quando há este consentimento e desejo de permanecer na cegueira; em justificar a cegueira, e este ajuste mútuo entre os que guiam e os que são guiados, qual é posição de nosso Senhor em relação a isto?
Eles devem ser deixados seguindo o seu caminho até que venham a cair no abismo espiritual eterno que os aguarda, conforme nosso Senhor disse aos Seus discípulos no verso 14.
Quando se fecha os olhos para a verdade, e nos conduzimos pelas tradições de homens, e defendemos estas tradições, contra a verdade revelada de Deus e a Sua vontade, como estão exatamente registradas na Bíblia, ficamos expostos a este perigo de sermos cegos que estão a caminho da condenação, seja como guias, seja como aqueles que são guiados.  
Os escribas e fariseus não somente invalidavam a Palavra de Deus com a tradição deles, como também descumpriam os Seus mandamentos, como o citado por Jesus de se honrar os pais, a pretexto de serem cumpridas as tradições que eles acrescentaram à Lei.
Não importava se determinados mandamentos da Lei fossem descumpridos, desde que a tradição deles fosse observada.
Por isso justificavam as pessoas que não cuidavam de seus pais, desde que os recursos que deveriam ser usados para a provisão deles fosse consagrado como oferta no templo; uma vez que os líderes religiosos viviam de tais ofertas.
Eles estavam tão somente preocupados com o cumprimento dos ritos e cerimônias que haviam acrescentado à Lei, como este mandamento religioso criado por eles de se lavar as mãos toda vez que se fosse comer alguma coisa, para que não fossem contaminados religiosamente por alguma impureza que houvesse nas mãos.
Não faziam isto por motivos sanitários, mas religiosos, e por isso foram repreendidos por nosso Senhor.
Então Ele se apressou em aplicar o ensino de que nada do que comemos pode nos contaminar diante de Deus, e muito menos pelo fato de termos lavado ou não nossas mãos, porque não há nenhum pecado nisto; mas sim com as coisas invisíveis que saem de nós e que são manifestações do pecado, como os exemplos que nosso Senhor citou: “maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.”
Tudo isto procede do coração, do interior, mas os escribas e fariseus não podiam enxergar isto porque se preocupavam somente com o que era exterior; uma vez que caso dessem ênfase ao estado interior do coração, a condição pecaminosa deles seria revelada, e isto não era obviamente, do interesse deles, porque tinham fama junto ao povo, de serem homens santos, que conheciam a Lei, e nem sequer isto eles conheciam de fato, como convinha, e também enganavam o povo quanto a este falso conhecimento que eles possuíam da Lei.
Por isso seriam arrancados por Deus, porque eram plantas que não haviam sido plantadas por Ele.
Não somente as opiniões corrompidas e práticas supersticiosas dos fariseus, mas a própria seita deles, estavam destinadas a desaparecer, segundo esta palavra proferida por nosso Senhor, e desde há muitos séculos tal palavra  teve cumprimento.
A lavoura de Deus neste mundo é constituída somente por aqueles que se encontram na Igreja de Cristo. Todas as demais plantas serão cortadas e queimadas no dia do Juízo.  
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 13/06/2014
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