Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 57
“21 Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
22 E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.” (Mateus 16.21-23)

O mesmo Pedro que havia recebido a revelação dos céus sobre a Pessoa de Cristo, mostrou nesta passagem, que continuamos sujeitos à consideração dos propósitos e realidades divinos, segundo o modo de ver do homem natural, que não pode discernir as coisas do Espírito.
Se antes, ele foi alvo do elogio do Senhor, por ter afirmado ser Ele o Cristo, o Filho do Deus vivo, agora ele é repreendido por estar pensando não segundo Deus quanto às coisas espirituais, mas segundo os homens naturais, que não podem discernir senão as coisas da terra, e não as dos céus.
Não foi nenhum outro discípulo que não tivera a revelação sobre a Pessoa divina de Cristo que tentou dissuadi-lo de sofrer nas mãos dos anciãos de Israel, dos principais sacerdotes e escribas, e que fosse morto para ressuscitar ao terceiro dia, mas o próprio Pedro que tivera tal revelação.
Desta vez, Pedro não foi assistido por nenhuma revelação especial para poder entender que o Messias deveria sofrer, morrer e ressuscitar.
Pedro, usou o seu modo de entendimento meramente carnal quanto à pessoa do Messias, querendo talvez, lembrar ao Senhor, que o Messias não poderia morrer, e muito menos numa cruz, como maldito de Deus.
O Senhor aproveitaria a ocasião para lhes ensinar que a Sua morte era a morte do próprio Pedro e de todos os que nEle crêem, e assim, Pedro também teria uma cruz para carregar, para que nela fosse crucificado o seu velho homem.
Todavia, Pedro, viria a ter tal iluminação e capacitação do Espírito, posteriormente, especialmente no dia de Pentecostes, quando o vemos fazendo um discurso ousado e claro quanto aos motivos da morte e da ressurreição de nosso Senhor.
Se antes, a revelação que Pedro havia recebido lhe veio da parte do Espírito Santo, agora, ao que tudo indica, pelas palavras de repreensão dirigidas por nosso Senhor a ele, falara por inspiração do próprio Satanás. Assim, não foi Pedro que foi chamado de Satanás, mas o próprio diabo, que lhe estava inspirando a dizer tais palavras a nosso Senhor.        
Pedro ainda não conhecia o mistério da cruz, e por isso o diabo o usou.
Aquela cruz onde Jesus morreu é a cruz onde todos os cristãos foram crucificados, juntamente com Ele, aos olhos de Deus, porque aquela morte foi considerada, para nossa justificação, como sendo a nossa própria morte.
Sofrimentos e tribulações também estão determinados por Deus para todos aqueles que estão identificados com o Seu Filho, porque não compartilham apenas da Sua glória, mas também dos Seus sofrimentos.
Daí ser importante prosseguirmos no crescimento da graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, para que o diabo não leve vantagem sobre nós, causando-nos dores e prejuízos decorrentes da nossa ignorância.    
Por isso, para esclarecer esta verdade de que sofrimentos não devem ser considerados como coisa estranha para aqueles que são cidadãos do reino dos céus, nosso Senhor passou a esclarecer em detalhes esta verdade, tão logo depois de ter repreendido o diabo, por ter usado Pedro, nos versos seguintes ao desta passagem, como veremos adiante.
Pedro havia aprendido bem esta lição, e podemos vê-lo afirmando em sua primeira epístola o seguinte:
“12 Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
13 mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis.
14 Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus.” (I Pe 4.12-14)
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 13/06/2014
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