Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 70
“1 Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha.
2 Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.
3 Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça,
4 e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
5 Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
6 Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo?
7 Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele: Ide também vós para a vinha.
8 Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros.
9 Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um.
10 Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um.
11 E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo:
12 Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.
13 Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário?
14 Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.
15 Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?
16 Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.” (Mt 20.1-16)

Deus chamará na última hora, próximo da volta de Cristo, pessoas a estarem em grande honra perante Ele, de modo que estes últimos a serem chamados estarão em primazia em honra perante Ele, enquanto outros que foram os primeiros a estarem a Seu serviço, poderão ser achados em menor honra em relação a todos os demais.
Isto é encorajador para que todos nos esforcemos para sermos fiéis à nossa chamada (vocação celestial) porque o Deus que servimos é completamente justo, e não dá o Seu galardão (recompensa) por interesse ou conveniência, conforme costumam fazer os homens, mas pela reta justiça que pesa com perfeição todas as nossas obras.
Os judeus pensavam que tinham prioridades em relação aos demais quanto às honras que deveriam receber na glória. Os gentios que seriam chamados depois deles, segundo o ensino de nosso Senhor, poderiam ser achados numa proeminência maior do que a daqueles que se convertessem em Israel.
Todavia, por esta parábola aprendemos também que Deus não é devedor a nenhum homem e Ele tem o direito de fazer o que bem pretenda com tudo o que é da Sua criação, porque afinal, tudo e todos Lhe pertencem.
A graça comum, que tem salvado a muitos, não será maior para uns e menor para outros, porque a justificação e a regeneração, pela qual somos salvos, é a mesma para todos os cristãos, de forma que ninguém será achado nesta terra ou no céu, com uma justiça maior do que a dos demais, porque todos os cristãos são justificados com a mesma justiça, a saber, a de Cristo.
Se por um lado, os galardões farão distinções entre os cristãos, por causa da santificação deles, no entanto, o dom gratuito da salvação é o mesmo para todos, quer os que foram chamados primeiro, quer para os chamados na última hora.    
Um denário era o valor comum com o qual era pago a jornada diária de um trabalhador, nos dias de nosso Senhor. Por isso Ele comparou o nosso pagamento pelo  trabalho na lavoura de Deus, que é o dom gratuito da salvação, com o valor de um denário. Se estamos trabalhando para o Senhor, é porque fomos chamados e salvos por Ele. Aquele que não tiver sido chamado e salvo não poderá trabalhar para Deus. Assim, a maior recompensa do atendimento a esta chamada é a salvação das nossas almas.
Muitos têm se equivocado, por fazerem um uso incorreto do ensino desta parábola, estendendo-o à recompensa futura distintiva que cada cristão receberá por causa de suas obras, o que nosso Senhor ensina em muitas passagens do Evangelho, e especialmente na Parábola dos Talentos.
Aqui, nesta Parábola dos Trabalhadores da Vinha Ele está falando da recompensa comum da salvação, e não dos galardões.
Então não é correto ensinar que não importa nossa diligência no serviço de Deus, porque quer sejamos diligentes ou negligentes, no final todos receberão a mesma recompensa da parte do Senhor. Deus não é injusto para agir conforme este ensino errado.

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/06/2014
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