Evangelho 71
“17 Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e no caminho lhes disse:
18 Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte,
19 e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará.”
Este foi o terceiro e mesmo aviso que nosso Senhor deu aos discípulos quanto aos sofrimentos que Lhe aguardavam, e que já comentamos anteriormente.
Aqui Ele diz explicitamente que os principais sacerdotes e os escribas de Israel Lhe condenariam à morte e o entregariam nas mãos dos gentios (romanos) para que fosse escarnecido, açoitado e crucificado por eles, mas que ao terceiro dia ressuscitaria.
Ele estava se aproximando de Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa com eles. A última Páscoa, na qual seria crucificado como o nosso Cordeiro Pascal, para que pelo Seu sangue derramado na cruz, pudéssemos ser libertados da destruição pelo anjo da morte, e sermos libertados da nossa escravidão ao pecado, ao mundo e ao diabo, passando portanto, da morte para a vida.
A palavra páscoa no hebraico significa passagem. Indicando que houve uma passagem do destruidor no Egito, pelas casas marcadas com o sangue do cordeiro, mas o destruidor teve que pular aquelas casas porque estavam com a cobertura do sangue.
E é exatamente pelo mesmo motivo que os cristãos não são destruídos, pois estão sob a cobertura do precioso sangue de Jesus.
E é importante destacar que o motivo da morte dos primogênitos egípcios seria exatamente a falta de cobertura deste sangue, e da participação da páscoa, isto é, de se alimentarem do cordeiro que foi morto para que os primogênitos israelitas não fossem mortos. Isto é portanto indicativo de que aqueles que não estiverem debaixo da cobertura do sangue de Jesus, perecerão, porque não há outra forma de se escapar da condenação eterna.
Para marcar que é muito importante para Ele a libertação do seu povo do cativeiro, Deus determinou que o dia da saída do Egito seria o primeiro dia do ano dos hebreus, e aquele mês passaria a ser o primeiro mês deles, que foi chamado de Abibe e corresponde aos nossos meses de março/abril.
Desta forma, seriam celebrados dois eventos a um só tempo, todos os anos, em Israel, o primeiro relativo àquele fato histórico da saída do cativeiro egípcio, e o segundo à libertação do cativeiro do pecado, do qual aquele primeiro era apenas uma figura.
Certamente, os israelitas não tinham o segundo evento em perspectiva, mas sabemos que era principalmente este que estava em perspectiva nos propósitos de Deus, tanto que a morte de Jesus aconteceu exatamente no dia da celebração da páscoa dos judeus.
A eficácia da salvação e do livramento da morte está portanto no Cordeiro e no sangue do Cordeiro, e não em qualquer coisa ou obras daqueles que são salvos.
É por isso que a Páscoa deveria ser celebrada em todas as gerações futuras de Israel, e especialmente as crianças deveriam ser ensinadas sobre o significado daquela celebração. Por ela saberiam que o Senhor fez distinção entre o Seu povo e os egípcios, tendo libertado os israelitas da morte, por causa do cordeiro e do seu sangue, quando o destruidor passou à meia-noite no Egito e matou todos os primogênitos deles, quer de homens quer de animais.
E a Páscoa ensinava de modo tão claro e distinto que era uma festa para ser celebrada para os que estão aliançados com Deus, pois o livramento que lhes deu no Egito havia sido por causa desta aliança, que todo estrangeiro que desejasse participar dela teria antes que se naturalizar israelita, submetendo-se à circuncisão.
Do mesmo modo só podem participar da vida do Cordeiro aqueles que estão aliançados com Deus pela fé nEle. E se alguém ainda não está aliançado, terá que se arrepender e crer, de modo que, pela conversão, possa participar efetivamente de Cristo, nosso Cordeiro pascal.
Assim, quando nosso Senhor alertou aos Seus discípulos as coisas que Lhe aguardavam, relativas aos Seus sofrimentos em Jerusalém, estavam em perspectiva todas estas verdades a que nos referimos e muitas outras. Todavia, isto ainda estava oculto ao entendimento dos discípulos. Eles ainda não podiam entender, mas entenderiam depois, conforme nosso Senhor lhes disse em outra parte do evangelho (Jo 12.16; 13.7).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/06/2014