Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 79
“23 No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo:
24 Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão.
25 Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu: e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão;
26 da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo.
27 depois de todos, morreu também a mulher.
28 Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram?
29 Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus;
30 pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu.
31 E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.
33 E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.” (Mateus 22.23-33)

No mesmo dia em que os fariseus e herodianos colocaram nosso Senhor à prova, vieram ter com Ele os saduceus, que era o partido religioso ao qual pertencia a maior parte dos sacerdotes, os quais não criam na ressurreição.
E aqui nós os vemos tentando comprovar a tese deles sobre a impossibilidade de haver ressurreição, com o sofisma sob a forma de pergunta, de como poderia haver ressurreição, uma vez que caso uma mulher, tivesse tido neste mundo sete maridos, casando-se com eles, à medida que cada um fosse morrendo, quem seria o seu marido, caso houvesse ressurreição futura?
Eles erravam, segundo nosso Senhor, em dois aspectos básicos, a saber: desconhecimento das Escrituras e do poder de Deus.
Primeiro, as Escrituras ensinam claramente a ressurreição futura, tanto de justos quanto de injustos, os primeiros para a vida eterna, e os últimos para a vergonha e desprezo eternos (Dn 12.2).
Em segundo lugar, eles desconheciam o poder de Deus para trazer de volta, dentre os mortos, não o espírito, porque este não é aniquilado, mas o corpo de todos aqueles que tiverem morrido.
Os fariseus não somente não criam na ressurreição, como também na existência de anjo e de espírito (At 23.8).      
Como os saduceus não criam em anjos, então seria difícil para eles entenderem que na ressurreição, os santos não poderão se casar e nem continuarão casados, porque serão todos como são os anjos.
A grande prova de uma futura ressurreição é a de que Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, porque não rege sobre a morte, senão sobre a vida.
Se Ele criou o homem com um corpo, além da sua alma e espírito, então é de se supor que este corpo deve ser ressuscitado, não mais como corpo natural, porque o que é natural está destinado a desaparecer, porque este nosso corpo, herdado de Adão, foi criado a partir do pó da terra. Todavia, o corpo que há de ser recebido na ressurreição é um corpo sobrenatural que não pode ser aniquilado.  
A prova de que Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pode ser achada no simples fato de ter sempre se dirigido aos israelitas como sendo o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, a saber, os patriarcas por meio dos quais formou a nação de Israel.
Eles são citados pelo Senhor nas Escrituras muitos anos depois de terem vivido neste mundo, porque se encontram vivos em Sua presença, para sempre, de outra forma não os citaria, caso tivessem deixado de existir, porque qual seria a vantagem para os israelitas ouvirem que Ele era o Deus de quem não mais existia?
Se o destino deles fosse o de também não existirem mais, qual seria a vantagem que teriam em obedecer-Lhe, em relação àqueles que Lhe são desobedientes?
Os saduceus não criam em ressurreição, porque não criam em vida futura, uma vez que não criam na existência do espírito. Então, para eles a morte física representava o fim de tudo.
Em todo caso, nosso Senhor apenas defendeu a doutrina da ressurreição futura, diante da falsa doutrina dos saduceus, e não lhes disse tais coisas na expectativa de mudar a opinião de todos eles, porque como havia afirmado, eles erravam por rejeitarem a autoridade das Escrituras, bem como o poder de Deus, que não poderia atuar em suas vidas, em face de tal rejeição.  
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/06/2014
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