Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 83
“1 Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
2 Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
3 E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.”  
4 Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.
5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão.
6 E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
8 Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
9 Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
10 Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
11 Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
12 e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
14 E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
15 Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda),
16 então os que estiverem na Judeia fujam para os montes;
17 quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
18 e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
19 Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
20 Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
21 porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
22 E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis;
24 porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 Eis que de antemão vo-lo tenho dito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
27 Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem.
28 Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
29 Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.
30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
31 E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” (Mateus 24.1-31)

Jesus chamou de princípio das dores ao conjunto de sinais que antecederiam a sua segunda vinda, e que se estenderiam até ao tempo determinado para a consumação do século, que será marcado pela pregação do evangelho em todo o mundo, para testemunho a todas as nações (Mt 24.14), e à manifestação do abominável da desolação do qual falou o profeta Daniel, no lugar santo (Mt 24.15).
Quando os discípulos perguntaram a Jesus quais seriam os sinais da Sua vinda e da consumação do século (Mt 24.2), o Senhor começou a lhes responder a partir do verso 4 de Mt 24.
E introduziu sua explicação com uma palavra de advertência para que eles não permitissem que ninguém lhes enganasse quanto a isto, porque muitos se levantariam com este propósito afirmando serem o Cristo (verso 5) e enganariam a muitos.
E além disto haveria guerras e rumores de guerras, mas nenhuma destas coisas seriam sinais do tempo do fim (Mt 24.6), e nação se levantaria contra nação, reino contra reino, e haveria fomes e terremotos em vários lugares, mas tudo isto seria também o princípio das dores que antecederiam a consumação do século e não sinais que marcariam a proximidade da sua segunda vinda (24.7,8).
E no trabalho da igreja no mundo os cristãos seriam atribulados e mortos. Odiados de todas as nações por causa do nome de Jesus, e muitos se escandalizariam, trairiam e se odiariam uns aos outros, e dentre os próprios cristãos se levantariam muitos falsos profetas que enganariam a muitos.
A iniquidade se multiplicaria e o amor de quase todos se esfriaria.
Mas em meio a tudo isto o evangelho será pregado em todo o mundo, e quando isto acontecer, quando a última nação for evangelizada, será determinado por Deus a marcha de todos os eventos previstos para a consumação do século (Mt 24.9-14).
Todos estes sinais correspondentes ao princípio das dores são comparados por Jesus como as primeiras contrações de um parto. E elas vão se intensificando cada vez mais à medida que se aproxima a hora do nascimento. E tudo isto terá o seu clímax no chamado período da Grande Tribulação, que precipitará todas as ocorrências, que culminarão com o retorno do Senhor (Mt 24.15-31).
É digno de nota que o Senhor nos alertou que sempre haveria falsos cristos e falsos profetas operando no mundo. Isto nos chama a sermos criteriosos e vigilantes, não dando crédito a qualquer um que alegue estar falando a nós da parte de Deus.
Falsos mestres e falsas doutrinas têm sido espalhados pelo mundo, e isto podemos aprender na história da Igreja, inclusive em nossos próprios dias. E assim, o  Senhor nos alerta para que não deixemos ninguém nos desviar da verdade.
À medida que o tempo do fim se aproxima se multiplicarão os falsos cristos e profetas no mundo, semeando mais e mais a mentira e multiplicando com isto a iniquidade.
Note que o Senhor disse que eles farão sinais e maravilhas. Sinais e maravilhas não são portanto um meio seguro para sabermos se alguém está vivendo e pregando a verdade, porque os falsos cristos e profetas os realizarão em abundância.
Mateus 24.6, fala de guerras e rumores de guerras. E que é necessário que isto ocorra, e por isso não devemos ficar alarmados. Mas nada disto é ainda um indicativo seguro do tempo do fim.
No verso 7, Jesus fala de terremotos e fomes em vários lugares. O texto paralelo de Lucas inclui também pestilências.
Isso tudo está em andamento para marcar aquele tempo do fim.  
As perseguições e ódio sofridos pelos cristãos durante toda a história da Igreja, se intensificarão próximo e antes do tempo do fim. E isso é mundial e precipitará o que está em Mt 24.10.
A pressão é tão grande da parte do mundo que começa a massacrar os cristãos que algumas pessoas que se identificaram superficialmente com Jesus Cristo, e como a semente ficou sufocada pelos espinhos, quando eles virem o preço a ser pago, eles se escandalizarão e não estarão dispostos a pagar aquele preço.
Assim eles odiarão os verdadeiros cristãos, e os trairão  entregando-os aos seus perseguidores.
Eles os delatarão para serem mortos.
Isto ocorre frequentemente hoje em dia, em países muçulmanos, especialmente nos da chamada janela 10/40, mas se espalhará pelo mundo conforme predito na Palavra.
Mas os verdadeiros cristãos perseverarão até o fim, eles não negarão o seu Senhor, como estes cristãos nominais que trairão a muitos dos cristãos autênticos, especialmente no período da Grande Tribulação (os cristãos que estiverem na terra e que não foram arrebatados antes da Grande Tribulação).
E em Mt 24.11 lemos que muitos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Não falsos cristos agora, mas falsos mestres. E estes falsos profetas vão ensinar um erro infernal diabólico, satânico.  
Agora olhe o verso 12 que diz que por se multiplicar a iniquidade o amor de quase todos esfriará. Alguns fogem porque eles não pagarão o preço exigido pela fidelidade a Cristo. Alguns fogem porque eles são enganadores. E alguns retrocedem porque eles optaram pela iniquidade, que significa que eles violam a lei de Deus. E nós vemos isto começando a se multiplicar em nossos dias.
Em II Timóteo 3, Paulo descreve as características das pessoas dos últimos dias. Mas os cristãos que permanecerem fiéis em meio a tudo isto, ganharão as suas almas pela sua perseverança, como está afirmado em Lc 21.19.
Estes reinarão com Cristo eternamente.
E a última característica destas dores de parto que indicam o retorno do Senhor, é a pregação do evangelho em todo o mundo em testemunho a todas as nações. Antes que o fim venha, importa que o evangelho seja pregado em todo o mundo, a toda criatura.
Apesar da perseguição, apesar das traições, apesar dos falsos cristos e profetas, apesar do inferno que lança os seus demônios por toda a terra, apesar do esfriamento do amor de muitos, apesar de guerras, fomes, terremotos, pestilências, o evangelho do Reino será pregado em todo o mundo. E então o Reino virá.  
O engano citado em Mt 24.4,5, culminará com o maior engano de todos na pessoa do Anticristo que agirá pela eficácia de Satanás, enganando a muitos, que depositarão nele inteira confiança para a resolução dos problemas mundiais.
Ele será o último falso salvador que o mundo verá. O último falso messias. Por isso é chamado de Anticristo, porque é um cristo falso.
O abominável da desolação citado em Mt 24.15 é uma referência à profanação, pelo Anticristo, do templo que ainda será reconstruído em Jerusalém. Esta  é citada em Daniel 9.27.  
A exaltação do Anticristo se dará por conta do fato de ter vencido as nações e exercido domínio sobre elas, e de ao subjugar o povo de Israel matando milhares deles, ter se considerado superior ao Deus de Israel, a ponto de se assentar no templo, proferindo palavras contra o Altíssimo.
Em Mt 24.29 o Senhor disse que “logo em seguida à tribulação daqueles dias”, isto é, imediatamente após o período da Grande Tribulação, ocorrerá a sua segunda vinda, e quando isto se der o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes do céu serão abalados. Isto indica que eventos cataclísmicos antecederão a Sua manifestação vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória.” (verso 30).
Assim, o Senhor virá imediatamente após a Grande Tribulação.
E como mais um sinal da sua vinda, o Senhor disse na parábola da figueira que deveríamos aprender da lição que ela nos dá, porque quando os seus ramos se renovam, e as folhas brotam, é um sinal de que o verão está próximo. E assim a geração que testemunhasse estas coisas não passaria sem que tudo aconteça, pois ao virem todas estas coisas, saberão que Ele está próximo às portas (Mt 24.32-34). A figueira dá frutos no verão, e antes que isto ocorra ela renova a suas folhas. Assim, quando a geração que presenciar a Grande Tribulação referida pelo Senhor, precipitada pela profanação pelo Anticristo, do templo que será reconstruído em Jerusalém, ela pode estar certa de que presenciará a volta do Senhor, assim como sabemos que o verão se aproxima quando a figueira renova os seus ramos e as folhas brotam. Assim os sinais estão  reservados para as pessoas que estiverem vivendo no tempo do fim.
Muitos eventos cataclísmicos já acontecem desde há muito sobre a face da terra, mas em nada poderão ser comparados com as coisas que acontecerão próximo da vinda de Jesus, depois que o Anticristo tiver se manifestado.
Os que creem em Cristo têm sido perseguidos e odiados pelo mundo ao longo da história da igreja. Muitos, em várias épocas e locais específicos foram vítimas de perseguições terríveis. Mas nada se comparará à que será empreendida contra os que confessarem a Cristo no período da Grande Tribulação, depois do arrebatamento da igreja.
Os que se converterem depois do arrebatamento haverão de sofrer as angústias terríveis relatadas em Mt 24.9,10. Isso excederá todas as outras perseguições. O mundo todo odiará por inspiração do Anticristo tanto os judeus quantos os cristãos.
Em Lucas 21 temos o paralelo ao ensino de Mateus 24. E no verso 20 de Lucas, temos o paralelo à abominação desoladora citada em Mateus 24.15. Lucas diz: “Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação.”. E então complementa com as mesmas instruções que se seguem a Mateus 24.15: “Então os que estiverem na Judeia fujam para os montes...” e assim sucessivamente.  
O que significa isto? Em Zacarias 14.1-3 lemos: “Eis que vem o dia do Senhor, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será expulso da cidade. Então sairá o Senhor e pelejará contra essas nações, como pelejou no dia da batalha.”. E isto não é uma referência ao cativeiro babilônico porque já havia acontecido. E nem é uma referência à destruição pelos romanos, porque a profecia diz que as nações seriam juntadas contra Jerusalém.  
Isto se dará no tempo do fim como está registrado em Lucas: “quando virdes Jerusalém rodeada de exércitos”.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 19/06/2014
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