Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 84
“32 Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
33 Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
34 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram.
35 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
36 Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.
37 Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
39 e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem.
40 Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
41 estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
43 sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
44 Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
46 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim fazendo.
47 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
48 Mas se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir,
49 e começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios,
50 virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe,
51 e corta-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mateus 24.32-51)

Nosso Senhor nos advertiu a observar as evidências que ocorrerão na dispensação da graça, pelas ocorrências que sobrevirão ao mundo, para nos alertar da proximidade da Sua segunda vinda, especialmente para arrebatar a Sua Igreja e para posteriormente estabelecer o julgamento sobre todos os homens.
Por isso citou nesta passagem a Parábola da Figueira, porque pelo seu florescimento e frutificação é possível identificar qual é a nova estação do ano que está chegando; e de igual forma, o florescimento e frutificação das condições do mundo, nas coisas por Ele referidas, serão um sinal do começo de uma nova dispensação, pela precipitação da Sua segunda vinda.
Quando Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra com fogo e enxofre, do mesmo modo que  trará juízos sobre o mundo quando da segunda vinda de Cristo, Ele livrou antes o justo Ló, fazendo com que ele fosse arrebatado pelas mãos de anjos do meio daqueles ímpios, mesmo diante de certa relutância de Ló, colocando-o fora da cidade ordenando-lhe que fugisse para o monte (Gên 19.15-17). E Pedro, sobre tal livramento da parte de Deus assim se expressa em II Pe 2.9 quanto ao resgate de Ló: “é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos, e reservar, sob castigo, os injustos para o dia de juízo,”.
E a igreja será arrebatada, não pelas mãos de anjos, mas pela poderosa mão de Deus para o encontro com Jesus nos ares (I Tes 4.16,17).
Paulo diz que isto se dará quando for dada a palavra de ordem do Senhor, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus.
Em I Cor 15.52 Paulo diz que este arrebatamento ocorrerá ao ressoar a última trombeta.
Se há uma última trombeta, é porque houve várias trombetas soadas antes do arrebatamento. O toque de trombeta significa o alerta de Deus contra o pecado, e a chamada dos pecadores ao arrependimento, para que se convertam e vivam (Is 58.1; Jer 6.17; Ez 33.3-11).
A última trombeta está associada ao arrebatamento porque todos os cristãos atenderão a esta convocação e se reunirão ao Senhor.
Há uma chamada de Deus na dispensação da graça para que os homens creiam em Cristo e sejam livrados da ira vindoura.
Todo aquele que atender ao chamado será livrado da grande tribulação que virá sobre a terra, conforme promessa do Senhor em Apo 3.10: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.”.
Observe que o Senhor está falando de uma hora de provação que virá sobre o mundo inteiro para experimentar os habitantes da terra.
É provavelmente uma referência à Grande Tribulação da qual os verdadeiros cristãos serão livrados segundo a sua promessa, por arrebatá-los antes que tais coisas sucedam.
Mas como se diz em Apo 3.10, a provação referida terá o propósito de experimentar os que habitam sobre a terra, isto é, por ela, se conhecerá os que se voltarão para Deus, e os que permanecerão endurecidos pelo pecado, chegando mesmo a blasfemar o nome de Deus, conforme já vimos antes.
Muitos crerão pela dor, pela intensidade das perseguições e juízos do período da Grande Tribulação, mas aqueles que receberam a Cristo voluntariamente em seus corações, tendo crido nEle antes do período da tribulação, terão a distinção e honra de serem arrebatados, para serem livrados das coisas que sucederão ao mundo a partir do momento que a abominação desoladora for colocada no lugar santo.
A igreja estará com o seu Senhor nas Bodas do Cordeiro referida em Apo 19.7-9. E o anjo disse a João que escrevesse que “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.”. E cremos que um dos motivos além do principal da comunhão plena e perfeita com Cristo, a citação à bem-aventurança diz respeito ao livramento dos juízos que serão despejados sobre a terra e das perseguições do Anticristo no período da Grande Tribulação.
I Tes 1.10 diz que Jesus nos livra da ira vindoura, e nesta mesma epístola, ele afirma que o dia do Senhor vem como ladrão de noite, mas os cristãos não estão em trevas para que esse dia os apanhe de surpresa, porquanto são filhos do dia, e que Deus não destinou a igreja para a ira, mas para alcançar a salvação mediante Jesus Cristo (I Tes 5.1-11).
Somos livrados não somente da condenação futura do grande juízo de Deus, como também dos juízos que serão manifestados em razão da ira de Deus contra o pecado por ocasião da segunda vinda de Cristo.
Um preço terrível terá que ser pago pela maioria dos que se converterem nos dias do Anticristo, para não negarem a fé, mas o livro de Apocalipse revela que valerá a pena pagar qualquer preço em face do gozo eterno que está prometido ao que vencer e perseverar até o fim, e do livramento dos horrores eternos no lago de fogo e enxofre para aqueles que negarem o nome de Cristo.
Uma das verdades mais amedrontadoras de toda a Bíblia se refere ao evento que é identificado em I Tes 5.2 como o dia do Senhor. Aquele termo é um termo técnico da Bíblia para descrever o dia quando Jesus voltará trazendo a cólera flamejante e a ira de Deus sobre todos os pecadores do mundo. É um dia de devastação. É um dia de destruição.
Em várias outras passagens da Bíblia é usada a expressão o "dia do Senhor" para revelar que é um dia de angústia, de sofrimento, de juízo: Atos 2:20, 2 Tes 2:2;  2 Pe 3:10; Is 2:12, 13:6, 9; Jer 46:10;  Joel 1:15; 2:11, 31; Amós 5:18,:20; Mal 4:5; Sof 1:14, 15.
Toda palavra profética relativa ao dia do Senhor é sobre julgamento, é sobre ira, desolação, vingança e destruição terríveis. É dito que é um tempo de melancolia e escuridão e angústia. Seis vezes é chamado de um dia de destruição. Quatro vezes é chamado de um dia de vingança.  
Agora sempre o dia do Senhor se refere ao julgamento final mais cataclísmico de Deus sobre a terra, para visitar o pecado dos homens ímpios.
É a culminação da cólera de Deus numa explosão final que consome o ímpio. Agora é verdade que especialmente no Velho Testamento houve épocas em que Deus manifestou a sua ira sobre os homens, e usou meios providenciais humanos, como uma nação  destruindo outra nação, ou usando fomes, terremotos ou pestes e doenças, como forma de juízo, mas nada disso se compara ao grande e final julgamento que ele despejará sobre a terra sob a forma de situações angustiantes.
O dia do Senhor deve ser visto então exclusivamente como um período de julgamento, julgamento dos ímpios. E assim, todas as manifestações de juízos que encontramos desde Apo 6 até 19 estão associadas ao dia do Senhor, isto é, à segunda vinda de Cristo, que como já vimos, ocorrerá no final do período de três anos e meio da Grande Tribulação.
São várias as passagens das Escrituras que afirmam que o dia do Senhor está próximo: Ez 30.3; Joel 2.1; 3.14; Ob 15; Sof 1.7; Zac 14.1. Sempre houve assim, a ideia de que ele pudesse vir a qualquer momento.  
Quanto à porção desta passagem do evangelho de Mateus, que estamos comentando, relativa aos versos 42 a 51, podemos afirmar o seguinte:
A vigilância é um dever imposto a todos os cristãos (v. 43), mas a partir do verso 43 até o 51 a advertência de Cristo é dirigida especialmente aos ministros que são os mordomos ou donos da casa do Senhor, que são colocados sobre os demais cristãos (serviçais).
O mau servo aqui descrito, é o ministro hipócrita, não convertido, que o demonstra pela sua falta de perseverança em vigilância e em piedade, comprovada pelo fato de se embriagar e maltratar os cristãos,  coisas que caracterizam o comportamento daqueles que não conhecem a Cristo.
No texto paralelo de Lucas 12, Pedro perguntou a Jesus se estas palavras se aplicavam a eles apóstolos, a quem estava ministrando, ou a todos, e o Senhor restringiu as  ameaças de Seu discurso aos líderes, a quem designou como aqueles a quem muito havia sido dado, e de quem mais seria requerido.
Se um destino horrendo aguarda por todos aqueles que forem mestres da religião cristã, e que não são de Cristo, de quanta vigilância e cuidado não devem então ter aqueles que são os Seus verdadeiros ministros.
Eles não podem transferir a outros a responsabilidade de mordomos que lhes foi dada por Deus para cuidarem do Seu rebanho.
Cabe a eles administrarem a casa do Senhor repartindo as graças espirituais àqueles que se encontram debaixo do seu cuidado.  
Os sacerdotes, fariseus e escribas dos dias de Jesus, que eram considerados como a liderança do povo de Israel se enquadravam perfeitamente no perfil daqueles líderes sobre os quais o Senhor falou aos apóstolos que lhes aguardava um horrível juízo no inferno de fogo.
Então os ministros do Senhor não devem seguir o mesmo exemplo deles, servindo-Lhe por interesse, como dominadores e exploradores do Seu rebanho, porque terão que prestar contas da Sua mordomia, porque são eles os mordomos, os administradores da Sua casa, que é a Igreja.  
Por isso Jesus alertou os apóstolos sobre a necessidade de uma permanente vigilância, para o cumprimento fiel dos seus ministérios.
E isto se aplica a todos os Seus pastores, que são encarregados por Ele para cuidarem do Seu rebanho.
Aos pastores fiéis é prometida a bem-aventurança de serem honrados e serem colocados sobre o governo dos bens de Cristo, depois da Sua segunda, porque foram fiéis no Seu dever de vigilância e cuidado do rebanho (v. 45 a 47 – vide Lc 12.42-44, que contém a mesma promessa).
O texto paralelo a Mateus 24.41-51 se encontra em Lucas 12.39-59, que transcrevemos a seguir:

“39 Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
40 Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
41 Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
42 Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
43 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
44 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
45 Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,
46 virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e corta-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
47 O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
48 mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.”
O texto de Lucas acrescenta ao de Mateus, os graus de castigo que serão impostos aos mordomos infiéis descrentes. Porque é dito que aqueles que agirem mau por ignorância, sofrerão menos açoites, porque não estavam conscientes e informados acerca da vontade do Senhor.
Mas estes falsos ministros que apesar de conhecerem a Palavra revelada, mesmo assim agem com falsidade, sofrerão portanto, um maior castigo.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 19/06/2014
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