Evangelho 97
“27 Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a corte.
28 E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
29 e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
31 Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.” (Mateus 27.27-31)
Nós só podemos entender a agonia de nosso Senhor no Getsêmani, pela expectativa das coisas que viria a sofrer, quando nós lemos nos evangelhos toda a injustiça, violência, escárnio, insídia, traição e toda forma de maldade que teve que suportar dos pecadores, sendo Ele de um coração perfeitamente terno e puro, cheio de amor, bondade e justiça.
Ele seria esmagado pelo juízo do próprio Deus contra o pecado, visitando nEle as nossas iniquidades, para que a Sua justiça divina pudesse ser satisfeita, em relação a nós, de modo que pudéssemos ser justificados pela fé.
Não foram apenas sofrimentos físicos que Ele teve que suportar por amor de nós, míseros pecadores, culpados de tudo o que Ele sofreu, porque foi pelo fato de sermos pecadores que Ele teve que experimentar não apenas terríveis sofrimentos físicos em Seu corpo, mas sobretudo as mais terríveis ofensas morais, emocionais, sentimentais, espirituais, que se possa imaginar.
Não podemos esquecer que Satanás e todos os demônios, que nossos olhos não podem enxergar, mas que nosso Senhor podia ver perfeitamente, estavam também instigando e amplificando toda a maldade dos homens, como também eles próprios, estavam atacando furiosamente nosso Senhor com grande desprezo, por tudo o que havia feito contra o reino do diabo, expulsando demônios das pessoas e curando a muitos de suas enfermidades, e sobretudo salvando-os, livrando-os definitivamente do domínio de Satanás e dos demônios.
Como o próprio Jesus dissera, aquela era a hora das trevas, a saber, o tempo em que seria dado a eles, poderem feri-lo e magoá-lo, e Ele teria que suportar todos estes ataques em silêncio.
Assim, o que está registrado quanto aos sofrimentos do Senhor, relativo ao reino das coisas visíveis, como por exemplo, as coisas que lhes fizeram os soldados romanos, conforme narrativa desta passagem, não pode ser comparado aos ataques que Ele sofreu diretamente da parte do diabo e dos demônios, em grande fúria contra Ele, porque estes sabiam perfeitamente quem Ele era, e o quanto sofreram debaixo do Seu poder, desfazendo as obras malignas deles.
O escárnio dos soldados foi dirigido especialmente contra a autoridade de Jesus, contra o Seu reinado. E não há maior afronta do que aquela que é dirigida ao soberano de uma nação, quanto mais a que é dirigida contra o Senhor do universo.
Não foi somente um escárnio de palavras como também de ações de grande desprezo, porque lhe despiram de suas vestes, e colocaram um manto vermelho, usado geralmente pelos reis, para debocharem dEle.
E por coroa, em vez de uma de ouro cravejada de pedras preciosas, puseram-Lhe uma coroa de espinhos, com a qual feriram a Sua cabeça, e por cetro, deram-Lhe uma cana, e fingindo submissão à Sua autoridade, se ajoelharam diante dEle, dizendo: “Salve, rei dos judeus.”
Quanto a isto, eles terão que repetir este gesto, quando nosso Senhor se manifestar em glória, quando todo joelho terá que se dobrar diante dEle, e confessar que Ele é de fato o Senhor de tudo e de todos.
E ninguém terá autoridade nesta hora, nem mesmo Satanás, para deixar de fazer tal declaração e reconhecimento, porque poderes estarão operando sobre eles, de maneira, que a ninguém será dado resistir ao Senhor da glória, e terão que declarar a Sua soberania, quer justos ou injustos, os primeiros por amor e voluntariamente, e os últimos, porque serão obrigados a isto, porque terão que se submeter ao Seu domínio e majestade, como qualquer cidadão faz neste mundo na presença das autoridades, ainda que lhes sejam contrários, por temor da pena que poderão sofrer caso se recusem a fazê-lo.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 20/06/2014