Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Evangelho 98
“32 Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
33 Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira,
34 deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
35 Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.
36 E, sentados, ali o guardavam.
37 Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
38 Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
39 E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça
40 e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.
41 De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
42 A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele;
43 confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.
44 O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados.
45 E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
46 Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
47 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias.
48 E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
49 Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
50 De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
51 E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
52 os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados;
53 e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
54 ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus.
55 Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia para o ouvir;
56 entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.” (Mateus 27.37-56)

Para nos ensinar que a cruz deve ser compartilhada pela humanidade, especialmente por aqueles que estão identificados pela fé com nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai, em Sua Providência, fez com que alguém carregasse a cruz de Jesus (um homem chamado Simão), em razão de terem sido exauridas suas forças, por todos os socos, pauladas e açoites, os espinhos que encravaram em sua cabeça, e todas as demais agressões que havia sofrido, e que fizeram com que tivesse perdido muito sangue, de modo que ficou enfraquecido a ponto de não ter forças para carregar a cruz por todo o trajeto, desde o pretório de Pilatos, que fica no interior da cidade de Jerusalém, até o monte Calvário.
É difícil para nossa mente finita e limitada compreender as coisas infinitas relativas à eternidade, como esta de que Deus se fez homem para morrer em nosso lugar.
Isto não pode ser aceito senão por fé. Porque a fé ilumina o entendimento, não para compreender toda a extensão infinita deste ato divino, mas para aceitá-lo como verdadeiro.
Porque é certo que Deus não morre e não pode morrer. Por isso, Jesus teve que se fazer homem, como nós, para que pudesse morrer na cruz.
Ele morreria portanto, como homem, e não como Deus.
“5 Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar,
7 mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens;
8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Fp 2.5-8)
Nosso Senhor foi levado como um malfeitor para fora das portas de Jerusalém, para ser crucificado como um criminoso qualquer.
Fazia muito frio naquela sexta-feira, a ponto de Pedro ter procurado ficar próximo de uma fogueira para se aquecer, antes de ter negado conhecer o Senhor.
Foi à hora terceira que O crucificaram (Mc 15.25) ou seja, por volta das 09:00 horas da manhã.  
Eles tiraram Suas vestes, desnudando-o, expondo-o a uma grande humilhação pública, e prenderam suas mãos e pés com cravos na cruz, porque este era o modo de os romanos crucificarem os criminosos.
Antes de o crucificarem tentaram lhe dar a beber vinho misturado com fel, para que fossem anestesiados os sofrimentos da tortura pela qual passaria na cruz, mas ao prová-lo, não quis beber, porque não abrandaria em nada o cálice de sofrimento que Lhe foi dado pelo Pai para ser bebido. Ele o tomaria até a sua última gota, ainda que Lhe custasse grandes sofrimentos.
Quando se encontrava na cruz Jesus teve que suportar ainda o escárnio e a blasfêmia de muitos que passavam por Ele, meneando a cabeça, como que a dizer: “que fraude que Ele é, que filho de Deus que nada! Se fosse de fato não estaria nas condições em que se encontra!”
Este é o modo do homem carnal julgar os sofrimentos que suportamos por causa do evangelho. Eles consideram o favor de Deus em relação a alguém somente quando tal pessoa é poupada de sofrimentos.
Todavia, não é esta a verdade relativa aos que agradam verdadeiramente a Deus, que são chamados a compartilhar em alguma medida, os mesmos sofrimentos de Cristo.
Para os principais sacerdotes, escribas e anciãos de Israel, se Deus fosse de fato com Jesus Cristo, Ele deveria livrá-lO naquela hora da cruz, tirando-o dela, ou então Ele próprio deveria fazê-lo porque disse que era Rei de Israel e Filho de Deus.
Quão grande era a maldade e o cinismo daqueles homens “religiosos”, porque eles próprios lhe haviam condenado à morte, e agora queriam achar uma justificativa para suas consciências culpadas, dizendo tais coisas.
Aqueles que estavam dizendo tais coisas a Jesus, inclusive um dos dois ladrões que haviam sido crucificados ao seu lado, só fizeram agravar ainda mais a culpa deles diante de Deus.
Deus não provará o amor que tem pelos Seus filhos, livrando-os de sofrimentos, mas julgará a todos aqueles que dão causa a tais sofrimentos.
No período do entardecer em que nosso Senhor permaneceu sofrendo na cruz, e que culminaria com a Sua morte, levando sobre Si os nossos pecados, era uma hora de densas trevas, era o período em que foi permitido às trevas prevalecerem sobre Ele, e por isso o  Pai nos deu um sinal desta verdade, fazendo com que da hora sexta até a nona, ou seja das 12:00 às 15:00 horas, houvesse trevas sobre toda a terra. As trevas cobriram o mundo, porque aquela morte não era apenas por Israel mas por todas as nações da terra.  
Justamente no período em que o sol é mais intenso (das 12:00 às 15:00 horas), houve não luz, mas densas trevas.
Foi por volta das 15:00 horas (hora nona) que Jesus bradou dizendo em alta voz: “Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.
Estava chegando o momento da Sua morte, e Ele pôde enfim colocar para fora o brado que Ele estava sufocando em seu peito, há muitas horas. Ele ficara por cerca de seis hora na cruz, e em poucos instantes tudo estaria consumado.
Todos os pecados do mundo inteiro, da humanidade de todas as épocas, encontravam-se naquela hora sobre o Seu corpo imaculado no madeiro.
A nossa sujeira e imundícia foi lançada sobre Ele, para ser crucificada juntamente com Ele no madeiro.
Então Ele pôde dar este brado porque se sentiu completamente desamparado pelo Pai, por causa da separação que estava sendo produzida não pelos Seus próprios pecados, mas pelos nossos pecados que estavam sobre Ele.
Dizendo que sentia sede, deram-lhe por bebida, vinagre, e Ele agora o bebeu, porque era um sinal visível de que estava provando a última gota de sofrimento por amor a nós.
E então bradou pela última vez com grande voz, dizendo “Está consumado”, ou seja, está concluída, perfeitamente feita a obra que recebeu do Pai para realizar em favor dos pecadores. E entregou o espírito nas mãos do Pai (Jo 19.30; Lc 23.46).
No momento mesmo em que Jesus morreu, o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, como sinal de que o caminho para a presença de Deus no Santo dos Santos estava aberto, e que a Antiga Aliança estava sendo revogada, para ser iniciada uma Nova Aliança, firmada no sangue precioso que Ele derramou na cruz.  
Naquele momento a terra também tremeu, e as rochas se fenderam, e sepulcros se abriam, e muitos corpos de santos que haviam morrido no passado foram ressuscitados, e saindo dos sepulcros entraram na cidade de Jerusalém e apareceram a muitos, como um sinal dado por Deus a nós, de que seria por causa daquela morte de Jesus na cruz, que os santos de todas as épocas serão ressuscitados no grande dia do arrebatamento da Igreja.
O centurião romano e os que estavam guardando com Ele o corpo de Jesus, vendo o terremoto e tudo o que havia acontecido, foram tomados de grande temor e declararam que Jesus era verdadeiramente filho de Deus.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 20/06/2014
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