Vv. 1-6. Os céus declaram a glória de Deus e proclamam a sua sabedoria, poder e bondade, para que todos os ímpios fiquem sem desculpas. Por si mesmos, os céus se declaram como obras das mãos de Deus, porque devem ter um criador eterno, infinitamente sábio, poderoso e bom. O contraste entre o dia e a noite é uma grande prova do poder de Deus, e chama-nos a observar que no reino da natureza, como no da providência, é Ele quem forma tanto a luz como a escuridão (Is 45.7), e contrapõe uma à outra. O sol, a estrela que comanda o nosso planeta, é um emblema do sol da justiça, o esposo da Igreja, e a Luz do mundo, que por seu Evangelho difunde luz e salvação às nações da terra. Ele se deleita em abençoar a sua Igreja, com a qual se casou; e a sua bênção será inesgotável como o sol até que toda a terra esteja cheia com a sua luz e a sua salvação. Oremos pela época em que Ele iluminará, alegrará e tornará fértil todas as nações da terra com esta bendita salvação.
Mesmo sem linguagem ou palavras, pode-se ouvir a sua voz. Todo o povo entende em seu próprio idioma os pregadores que contam as maravilhosas obras de Deus. Que possamos dar a Deus a glória por todo o consolo e proveito pelas luzes do céu, quando olhamos para cima e mais além, em direção ao sol da justiça.
Vv. 7-10. As Sagradas Escrituras são para nós de muito maior proveito do que o dia e a noite, do que o ar que respiramos, ou a luz do sol. A Palavra de Deus é necessária para recuperar o homem de seu estado caído.
O termo que se traduz como "Lei" pode ser entendido como doutrina, para que compreendamos que significa tudo o que a verdadeira religião nos ensina. O seu todo é perfeito; a sua tendência é converter ou fazer tornar a alma do pecado e do mundo a Deus e à santidade. Mostra a nossa pecaminosidade e miséria ao deixarmos a Deus, e a necessidade de nosso retorno a Ele. Este testemunho é fiel, e pode-se confiar realmente nEle. O ignorante e indouto, ao crer no que Deus disse, torna-se sábio para a salvação; a Palavra dita por Deus é uma direção segura no caminho do dever; é uma fonte segura da consolação e prova segura da
esperança eterna. Os mandamentos do Senhor são retos tal como devem ser; e, por serem retos, alegram o coração.
Os preceitos do Senhor são puros, santos, justos e bons. Através deles descobrimos a necessidade que temos do Salvador e, então, aprendemos a adornar o seu Evangelho. Estes são os meios que o Espírito santo utiliza para iluminar os olhos; estes nos levam a ter uma visão e o sentimento de nosso pecado e miséria, e dirigem-nos no caminho do dever. O temor do Senhor, que é a verdadeira religião e santidade, é puro e limpará o nosso caminho. Ele permanecerá para sempre. A lei cerimonial foi revogada há muito tempo; porém, a lei do temor a Deus é sempre a mesma. Os juízos de Jeová e seus preceitos são verdadeiros, justos e coerentes; há justiça em todos eles.
O ouro serve apenas para o corpo e as preocupações temporais; porém, a graça é para a alma e para as preocupações relacionadas à eternidade. A Palavra de Deus, recebida por fé, é mais preciosa do que o ouro; é doce para a alma mais doce do que o mel. Os prazeres sensuais trazem uma satisfação momentânea, mas nunca satisfazem. No entanto, os prazeres da fé são fortalecedores e satisfazem; não há neles o perigo de excesso.
Vv. 11-14. A Palavra de Deus adverte o ímpio que não siga o seu mal caminho, e adverte o justo que não saia de seu bom caminho. Existe uma recompensa, não somente após obedecer aos mandamentos de Deus, mas durante a obediência deles. A religião adoça o nosso consolo e alivia as nossas cruzes; torna a nossa vida valiosa e a própria morte verdadeiramente desejável.
Davi não somente desejava ser perdoado e limpo de todos os pecados que confessara, mas também dos que se esquecera ou passaram desapercebidos. Todas as revelações de pecado que nos são feitas através da lei, devem nos levar a orar perante o trono da graça. A sua dependência era a mesma de todo o cristão que diz: certamente no Senhor Jesus tenho justiça e força. Nenhuma oração é aceita por Deus, se não for oferecida no poder de nosso Redentor, através daquEle que tomou sobre si mesmo a nossa natureza para redimir-nos a Deus, e restaurar a herança perdida há muito tempo.
Que o nosso coração seja grandemente tocado pela excelência da Palavra de Deus; semelhantemente, que o nosso coração seja muito sensível à vileza do pecado e ao perigo que corremos por causa deste, se o praticarmos.
Matthew Henry
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/06/2014