Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Uma Semente 


Por D. M. Lloyd-Jones

O argumento é que ser "nascido de Deus" significa que uma semente, ou um princípio da vida eterna, foi colocada em nós. Essa é a doutrina que, como indiquei num estudo anterior, torna completamente impossível aceitar o ensino acerca do "Deixe correr e deixe com Deus". É-nos dito que, porque esta semente da nova vida está em nós, não podemos continuarem pecado. A verdade é afirmada categoricamente. É-nos dito que nada podemos fazer, senão entregar-nos ao Senhor; temos de compreender que Ele colocou um princípio de vida, uma semente, em nós, e que não podemos continuar praticando o pecado porque a semente está em nós; quer dizer, somos nascidos de Deus. Este princípio de vida que Ele colocou em nós tem poder, tem força, muda tudo. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Coríntios 5:17).

Aquela outra idéia segundo a qual o cristão permanece sendo o que sempre foi, mas agora repousa no poder de Deus - idéia colocada nos termos da i lustração do atiçador de chama- é também uma negação deste ensino acerca da semente. O cristão não é simplesmente alguém que tomou uma decisão, que decidiu seguir a Cristo e fazer isso ou aquilo. Ele o faz, porém o que o leva a fazê-lo é que esta semente da vida eterna foi colocada nele, que ele é nascido de Deus. Há nesse homem algo que é maior do que o homem todo, e este é o novo princípio que vai governar a totalidade da sua vida. Posto que é assim, ele não pode continuar vivendo como vivia. Diz a Bíblia que a princípio ele é apenas um bebê, uma criança, em Cristo. Portanto, surge a questão: como esse bebê pode crescer, como essa criança pode desenvolver-se? Ou, coloquemos a interrogação noutra forma - como é que este princípio de vida, poder e vigor pode ser alimentado, nutrido e desenvolvido e assim fortalecer-se cada vez mais?

A melhor maneira de responder essa pergunta é seguir a linha da analogia sugerida pela terminologia utilizada nas Escrituras. A necessidade óbvia é de comida e bebida. De que é que o bebê recém-nascido necessita acima de tudo? Alimento e água. Necessita de nutrição. Se o bebê há de desenvolver-se, vindo a ser criança, adolescente, homem, precisa de sustento. O bebê recém-nascido é dependente e fraco, e nada pode fazer em seu próprio benefício. Mas virá o dia em que ele terá força, vigor e poder, e será capaz de fazer coisas para si e para outros. O alimento e a água produzem esta mudança. Na vida cristã é exatamente a mesma coisa; e este é um modo como nos tornamos fortes "no Senhor e na força do seu poder".

Como cristãos, recebemos força e poder da semente da vida que é colocada em nós. Todavia a semente terá que medrar e desenvolver-se, e nós temos que tomar medidas, providenciando para que a vida de Deus a nós dada medre, se desenvolva e constantemente seja cada vez mais forte.

Para mostrar como isso acontece, devemos resumir o ensino que trata deste problema em quase toda parte da Bíblia. Começo falando de comida e bebida porque estas vêm em primeiro lugar. Como as obtemos? O nosso Senhor responde pessoalmente no versículo trinta e cinco do capítulo seis do Evangelho Segundo João; "Aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede". Comida e bebida satisfazem a fome e a sede. Em Cristo as encontramos, indo a Ele, e perseverando em ir a Ele. "Aquele que vem" - que persevera em vir a Mim - "não terá fome, e quem crê" - quem persevera em crer-"nunca terá sede." No mesmo capítulo, no versículo 53, lemos: "Jesus pois lhes disse: na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele". E mais: "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo (ou por causa do) Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim". Aí temos ensino profundo e místico. Certos ouvintes reagiram e disseram: "Duro é este discurso; quem o pode ouvir?" Do que é que Ele está falando? "Como nos pode dar este a sua carne a comer?" (versículo 52), perguntaram eles. Tropeçaram nisso. Na verdade nos diz a passagem que "muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele" (versículo 66). Não puderam entender as palavras do Senhor e, na verdade, ofenderam-se com elas.
Portanto, estas palavras chegam a nós como uma prova. A nossa reação a estas palavras proclama exatamente o que somos e onde estamos. Nada mais glorioso e maravilhoso jamais foi oferecido aos seres humanos, e, todavia, é possível às pessoas rejeitar a mensagem e ter profunda aversão por ela. Parecia que todos O estavam abandonando, pelo que o nosso Senhor voltou-Se para os discípulos e disse: "Quereis vós também retirar-vos?" Pedro, sem entender plenamente o que estava falando, disse: "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus".

Então, que quer dizer isso? Diz o nosso Senhor que as Suas palavras são espírito, não carne. Ele não está falando de coisas materiais. Está falando de maneira espiritual. Ele está utilizando uma analogia aqui. O que Ele quer dizer, e diz, é: o Pai Me enviou, e Eu vivo por causa do Pai. Vivo pelo Pai, e recebo Minha força, Minha nutrição e Meu poder do Pai. Isto faz parte do que a encarnação envolve. Jesus não tinha deixado de ser o Filho de Deus, mas tinha assumido a natureza humana. Agora estava vivendo a Sua vida como homem, com a natureza humana. Não estava vivendo em termos da Sua divindade; esta continuava nEle, porém Ele não vivia por ela. Estava vivendo uma vida de completa dependência do Seu Pai. Por isso orava com tanta regularidade como orava. Diz Ele: Eu vivo pelo Pai; isto é, do Pai Eu retiro a Minha força, aMinha nutrição, tudo que é Meu. E Ele diz que, de igual maneira, o homem que verdadeiramente crê em Mim, vive por causa de Mim. Ele Se expressa em termos de comer Sua carne e beber Seu sangue; o que realmente significa assumi-10, crer nEle como Ele é em toda a Sua plenitude, e daí por diante viver uma vida determinada, dirigida e governada por esta fé nEle, por esta rendição a Ele, por esta confiança nEle e na força do Seu poder.


O Senhor fala disso dramaticamente, naqueles termos, a fim de que possamos ver que se trata de algo que eu e você temos de fazer de maneira total e completa. Não basta que digamos: "Sim, eu creio no Senhor Jesus Cristo, cri nEle num dado momento e, desde aquele momento, tenho sido sempre cristão". A verdadeira fé em Cristo leva a "comer a carne e beber o sangue", quer dizer, realmente comer e beber, mastigar, engolir, assimilar, fazer disso uma parte do seu ser, compreendendo que Ele é o seu Pão da vida. "Eu sou o pão da vida", diz Ele. Ele Se contrasta com o maná do deserto, que era apenas um tipo e uma figura - algo dado para manter o bem estar físico - e, contudo, um grandioso tipo do que Ele ia fazer quando viesse. "Eu sou o pão da vida... se alguém comer deste pão, viverá para sempre", diz Ele. Todo aquele que comer de Mim jamais morrerá, neste sentido espiritual, porque está recebendo vida, torna-se "participante da natureza divina", alimenta-se de um maná celestial. Ele está se alimentando de Mim, está vivendo em Mim, está vivendo por Mim, está vivendo porque Eu Sou o que Sou e realizei a obra que o Pai Me deu. 

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A Bíblia não foi produzida pela inspiração do Espírito Santo de Deus com o mero propósito de narrar a história da redenção, mas revelar a nossa necessidade de redenção do pecado, como também o modo de obtê-la. Por esta revelação somos alertados quanto ao perigo de permanecer na condição de não sermos justificados do pecado, pois se há um futuro de glória esperando pelos redimidos pela fé em Cristo, há um destino horrível aguardando por todos os que não forem redimidos. 

A revelação foi feita por Deus através da história de Israel no período do Velho Testamento, porque Ele falava por meio desta nação no citado período.
Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/

Como a redenção é operada exclusivamente por meio de Jesus Cristo, de quem as Escrituras do Velho Testamento dão testemunho, então, quando Ele se manifestou há cerca de 2.000 anos atrás, não somente a redenção começou a alcançar todas as nações da Terra, bem como o seu testemunho passou a ser dado não mais pela nação de Israel, mas através da Igreja, conforme se vê no Novo Testamento.
Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/

A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/

A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/ 
   
 
D. M. Lloyd Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 06/07/2014
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