Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Uma Vez Salvo... Para Sempre Salvo, Pela Evidência da Perseverança – Parte 2
Pedro, no terceiro capítulo de sua segunda epístola, afirma que nos escritos de Paulo há coisas difíceis de serem entendidas, e que os instáveis e ignorantes deturpavam, como também as demais Escrituras (II Pe 3.16).
Veja que alguns o faziam por ignorância, mas o grande fato é que faziam o quê? Deturpavam.
E qual era a consequência disto? O próprio Pedro declarou no verso seguinte que o resultado era a própria destruição destes, e a possibilidade de induzir ao erro, fazendo os crentes decaírem da sua firmeza em Cristo, por serem arrastados pelo erros desses insubordinados (II Pe 3.17).
Mas os crentes primitivos tinham uma grande vantagem sobre nós nestes dias de grandes deturpações do evangelho: eles eram prevenidos pela genuína verdade pregada pelos apóstolos. Eles conheciam o verdadeiro evangelho, que hoje, infelizmente, até mesmo muitos ministros ignoram a verdade relacionada à obra realizada por Cristo em favor dos eleitos. São tantas as falsificações, que se chegou mesmo ao ponto de se obscurecer a verdade. Esta ficou escondida. E a maioria dos púlpitos não têm sequer o próprio evangelho para ser pregado e ensinado.
Quando Paulo introduz o hino triunfal da segurança eterna da salvação do crente em Rom 8.31-39, ele pergunta:
“Que diremos, pois, à vista destas cousas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
E aí fazemos outra pergunta: Que cousas são estas a que Paulo se refere?
Nós as sabemos?
Conhecemos o seu real significado?
Ele está se referindo às verdades que havia dito anteriormente, desde o primeiro capítulo, até o versículo 30 do oitavo.
De que maneira Deus é por nós que ninguém pode ser contra nós?
Qual é o significado disto?
Está escrito na Bíblia para que o saibamos.
Foi revelado pelo Espírito porque é importante para o nosso crescimento espiritual, para a nossa caminhada em nossa jornada na vida cristã.
Como podemos ignorá-las sem sermos prejudicados?
Por que o Espírito insiste em que apliquemos a Palavra revelada à nossa vida?
Já que, como afirmam alguns, insensatamente, podemos ter uma vida de poder com Deus desconhecendo totalmente qual é o significado da nossa vocação em Cristo.
Se assim fora, por que Paulo teria dito o que disse aos colossenses:
“não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;”? (Col 1.9).
Por que Pedro exorta os crentes a crescerem na graça e no conhecimento de Jesus? (II Pe 3.18).
Jesus disse aos saduceus que eles erravam porque não conheciam o poder de Deus? Sim. Mas também porque não conheciam as Escrituras. E isto pode ocorrer conosco: errarmos na vida cristã, porque não conhecemos a verdade revelada nas Escrituras.
É da vontade de Deus que não sejamos apenas salvos, mas que cheguemos ao pleno conhecimento da verdade (I Tim 2.4). Jesus disse que conheceríamos a verdade e que ela nos libertaria. Ele é a verdade que liberta. Mas devemos conhecer o como, o por quê, o até quando (sempre) desta verdade que liberta.
Em Tito 1.1 Paulo afirma que foi levantado como apóstolo de Jesus para promover a fé que é dos eleitos de Deus e também para promover o pleno conhecimento da verdade.
Este é o dever do qual está encarregado todo ministro do evangelho chamado por Deus: promover a fé e o conhecimento total da verdade do evangelho. Não apenas partes deste conhecimento, mas todo o conhecimento.
A segurança plena da salvação é uma das partes da verdade do evangelho que deve ser ensinada claramente à igreja, não porque isto seja da vontade do homem, mas porque é da vontade de Deus.
O propósito de Deus na salvação dos eleitos não é simplesmente o de que se regozijem na condição de salvos, mas que vivam para o fim da sua salvação, isto é, foram salvos para viverem como filhos de Deus, filhos da luz e do dia, como de fato são em Cristo, e não como se fossem filhos das trevas (I Tes 5.4-10).
Isto é o que demanda a necessidade da perseverança operada pelo Espírito na vida do crente, porque foi salvo para ser habitante do céu, em perfeita santidade. Ainda que nunca venha a atingir a perfeição desta santidade enquanto viver na terra, deve se esforçar neste sentido, de modo que possa viver de modo agradável a Deus.
A palavra perseverança vem do original grego hupomoné, que significa suportar cargas e aflições sem murmurações, e a prosseguir na prática da justiça, enquanto escolhe enfrentar tais cargas e aflições confiando na providência divina. Não significa portanto conhecer como escapar das cargas, mas como viver sob elas. Mas não é uma resignação passiva. Ela é uma qualidade ativa. É uma atitude de permanecer confiante e ativo na fé, mesmo debaixo das maiores provações, que visam ao abatimento da sua fé e alegria no Senhor.
Não é de admirar portanto, que mesmo e principalmente depois de ser muito usado por Deus, que o crente experimente muitas provações que visam ao seu abatimento espiritual. Mas não se pode esquecer que Deus está no controle de todas elas não permitindo que sejam maiores do que a nossa capacidade de suportá-las, e nos concede também, se perseveramos, o livramento, mas sempre no tempo por Ele determinado. Há provas que duram até anos, visando ao aperfeiçoamento do nosso caráter.
Os sofrimentos estão produzindo perseverança em nossas vidas. E nisto, o Senhor está colocando à prova o nosso amor por Ele. Isto explica porque as provações não nos sobrevêm apenas por um curto período, mas é um processo que ocorre em todo o tempo.
As pessoas do mundo dão muito valor a uma vida sem qualquer tipo de tribulação. E o crente deve cuidar-se de viver com tal pensamento, porque, no seu caso, a provação não é um inimigo, mas um aliado que está moldando o seu caráter e fortalecendo a sua fé, de maneira que possa caminhar fazendo a vontade de Deus independentemente de qualquer circunstância desagradável que esteja vivendo (desde que não seja resultante da prática do pecado).
Infelizmente, quando as pessoas vêm para Cristo hoje em dia, elas vêm crendo que serão livradas de todas as dificuldades. Elas trazem o padrão do mundo consigo. A ideia de que Deus deseja que todos sejam plenamente saudáveis, felizes e abastados é uma contradição direta da Palavra de Deus.
Jesus prometeu aos crentes que teriam aflições no mundo. Mas quando a tribulação vem, geralmente se pensa: “não é possível que isto esteja acontecendo comigo, eu sou um crente fiel.”.
Em vez de apreciar que Deus está fazendo algo único e especial em suas vidas, deixam-se levar pela murmuração e pelo descontentamento.
A perseverança não é um fim em si mesma. Ela é um ingrediente essencial que traz a maturidade aos filhos de Deus.
Tiago afirma (1.4) que a perseverança produz o resultado de sermos perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Nós não podemos acelerar o processo que produz maturidade, porque a própria perseverança é construída ao longo do tempo.
Nós apenas devemos ter o cuidado de não interromper o processo que Deus está operando. Esta é a razão de ser ordenado em Tg 1.4 que a perseverança deve ter ação completa, isto é, nós não devemos deixar de tirar os devidos ensinamentos de nossas experiências, aprendendo as lições de Deus, através delas, visando ao nosso aperfeiçoamento.
Mas isto não significa que nós atingiremos a perfeição, porque o próprio Tiago afirma que nós tropeçamos em muitas coisas (3.2). Isto não quer dizer portanto que nós nunca voltaremos a pecar de novo. Não é possível ser perfeitamente sem pecado nesta vida.
Então o que significa o uso da palavra perfeito no texto de Tiago? Ela se refere ao nosso grau de maturidade. O crente maduro não vive indo de um lugar para outro, sem fixar sua atenção definitivamente em qualquer objetivo, dedicando-se ao mesmo, pois isto é um comportamento inerente às crianças.
Crentes imaturos não podem ser úteis na casa de Deus. Ao contrário, vivem criando dificuldades para serem resolvidas ou apaziguadas pelos que são maduros. O que pode reverter isto ? O seu amadurecimento e confirmação em toda boa palavra e obra.
E como é que isto será possível? Somente pelo aprendizado da perseverança nas provações. Amar no meio da contradição, da perseguição, da ingratidão, e prosseguir adiante, este é um dos objetivos. Isto é perseverar segundo a vontade de Deus.
O crente que permanece em sua infantilidade, nem por isso deixa de ser um filho de Deus, mas não se pode dizer dele que esteja fazendo progresso na perseverança.
O crente não deve procurar a tribulação, ele não deve ir em sua direção. Ele deve procurar a Deus, e na sua procura de Deus, não raramente, a provação lhe sobrevirá.
Logo depois que Paulo foi arrebatado ao terceiro céu, ele teve a experiência do espinho na carne.
Se o seu desejo de procurar a Deus é sincero, isto implicará em viver segundo a Sua vontade e tornar-se mais semelhante a Cristo.
Jesus que é manso e humilde de coração. Para aprender a mansidão e a humildade, é quase certo que o crente se defrontará com resistências e ataques dirigidos à sua pessoa, de modo que aprenda a não revidar às injúrias e afrontas que possa sofrer, mantendo a paz no seu coração, segundo o poder do Espírito Santo.
Quando o crente se sente humilhado e vencido por alguma provação e diz que não sabe qual é o proveito e o propósito de Deus na mesma, ele necessita de sabedoria para poder discernir a vontade do Senhor, e é por isso que Tiago diz que se peça sabedoria a Deus. Mas a sabedoria requer humildade e um constante reconhecimento da nossa própria necessidade.
A vida cristã não é fácil e confortável. Por isso o crente necessita de perseverança, para que possa viver segundo a vontade de Deus.
A certeza da segurança não é essencial à salvação, mas é essencial à alegria e à esperança, mas só pode ser sentida na experiência prática da vida cristã, e não meramente pelo conhecimento intelectual da sua realidade. Em outras palavras, é algo muito mais para ser vivido do que simplesmente sabido, pois, A CERTEZA DA SALVAÇÃO É REVELADA ATRAVÉS DA PERSEVERANÇA
Somos salvos exclusivamente pela graça mediante a fé, e por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Não somos salvos pela nossa perseverança, porque a Bíblia é clara em afirmar que não somos salvos pelas nossas boas obras (Ef 2.8-10). Mas somos exortados firmemente a perseverar para a plena certeza da nossa eleição, conforme está claramente revelado por exemplo em II Pe 1.1-10.
A perseverança é a evidência da salvação e não a sua causa, de modo que nosso Senhor afirma que somente os que perseverarem até o fim serão salvos, uma vez que trazem consigo a referida evidência de que são salvos.
O apóstolo Pedro afirma que em razão de os crentes terem recebido todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo do Senhor que os chamou para a sua própria glória e virtude, tendo sido livrados da corrupção das paixões que há no mundo (II Pe 1.3,4), devem reunir toda a sua diligência esforçando-se para associar à fé, a virtude, o conhecimento, o domínio próprio, a perseverança, a piedade, a fraternidade e o amor (II Pe 1.5,6), e prossegue afirmando que somente pela existência de tais qualidades espirituais e pelo aumento das mesmas, é que os crentes não serão infrutíferos e nem inativos no pleno conhecimento de Jesus (1.8); e que os crentes nos quais não estão presentes tais qualidades, estão cegos e esquecidos da purificação dos seus pecados antigos (1.10), e conclui com as seguintes palavras:
“Por isso, irmãos, procurai com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois, desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (II Pe 1.10,11)
O que ele está dizendo?
Ele está dizendo que se estas coisas estiverem em sua vida e aumentando, você dará frutos e não irá esquecer se está salvo ou não.
Em outras palavras, você se alegrará na certeza da segurança da sua salvação e da sua união real com Cristo. Inclusive e principalmente pela constatação das realizações da graça de Deus através das suas obras, gerando a alegria de perceber a sua frutificação e utilidade real no reino de Cristo.
A alegria da certeza da salvação não é meramente intelectual, ela é essencialmente de caráter prático.
Você saberá pelo testemunho das vidas abençoadas através da sua própria vida, que de fato Cristo tem operado através de você, e é nisto que se cumpre especialmente o sentido da exortação à perseverança e à maturidade espiritual, pelo esforço em diligência em santificação, pelo revestimento das virtudes de Cristo.
Quem é útil para Cristo e frutifica nEle, não está cego quanto à posição que lhe deu a salvação pela graça, mediante a fé, porque pela mesma graça e fé, tem dado os frutos visíveis do seu ministério.
Entretanto, nunca deveremos sequer imaginar que é pela nossa frutificação e utilidade no reino de Cristo que somos salvos, pois a Palavra é clara em ensinar que a salvação é um dom gratuito de Deus, e que é um assunto exclusivo de graça e fé.
Não somos salvos pelas nossas boas obras conforme afirmam as Escrituras.
Necessitamos de perseverança para a confirmação e o desenvolvimento daquilo que já recebemos, e somente isto. Não temos nada para nos gloriar em nós mesmos quanto à nossa salvação, mas somente na obra realizada por Jesus Cristo.
Foi nEle e por meio dEle que recebemos uma nova natureza, uma nova vida, que deve ser amadurecida no processo de santificação, mas até mesmo este amadurecimento procede dEle e é realizado por Ele, como Mediador da eterna aliança feita no Seu sangue, e como nosso Sumo Sacerdote exaltado no céu, à direita do Pai.
Deus deseja que você tenha a certeza e a alegria da sua firme segurança em Cristo.
Ele não deseja que você viva duvidando da posição que foi conquistada pela graça, mediante a fé (Rom 5.1,2).
Ele deseja que você tenha alegria nesta confiança de que está a caminho da perfeição do céu. Ele não quer que você tenha qualquer sombra de dúvida sobre a sua viva esperança obtida por meio de Cristo.
No entanto a verdadeira certeza da segurança da salvação não é uma mera reflexão racional sobre a firmeza da nossa posição em Cristo, mas uma atestação do Espírito Santo com o nosso espírito, que está associada à nossa perseverança na fé.
Se estamos vivendo em obediência a Deus e aos seus mandamentos, então o Espírito certifica a nossa obediência com a infusão da certeza da segurança da salvação. Isto é uma graça para ser experimentada somente pelos crentes que obedecem ao Senhor.
A pregação ou ensino que aponta para a certeza da segurança da salvação e não indica o caminho da perseverança para a confirmação desta certeza, não está de acordo com o ensino das Escrituras, porque, com isso muitos poderão ser induzidos a pensarem, ilusoriamente, que estão na posse de algo que podem não terem obtido de fato, por terem somente confessado a Jesus como Salvador em determinado dia de suas vidas, e no entanto, permaneceram vivendo do mesmo modo que sempre viveram antes da sua alegada conversão.
É por isso que Deus determinou que busquem a santificação e perseverem, todos os que declaram terem se convertido a Cristo, para que possam ter a comprovação que de fato Lhe pertencem. A genuinidade da conversão deve ser testada, comprovada e confirmada por se viver em santidade de vida, pois é pelo fruto que se conhece a árvore. Se foi plantada por Deus dará bons frutos, o que só será possível mediante a perseverança em santificação.
A questão da certeza da segurança da salvação não é para ser colocada em termos simplistas semelhantes a este: “muito bem, se você aceitou a Jesus você pode e deve gloriar-se no fato de estar salvo para sempre.”. Não deve ser assim. Isto é parte da verdade. Não em relação à salvação que é eterna, mas quanto à certeza da segurança por parte do crente, esta lhe vem e só pode vir pela sua própria perseverança pessoal. Pelo crescimento em fé, em santificação de sua vida.
Por que isto?
O Espírito Santo somente infunde o sentido da certeza da segurança, que a propósito, é cada vez maior à medida que perseveramos, quando se está em comunhão com Deus, e esta só é possível quando se persevera.
Porque a certeza da esperança de que seremos glorificados no porvir é sentida à medida que somos transformados de glória em glória em nossa caminhada espiritual neste mundo, porque isto testifica que estamos rumando de fato para o fim a que fomos predestinados por Deus, a saber para sermos semelhantes a Cristo (Rom 8.28-30).
Deus é sábio. Chamou-nos muito mais do que para livrar-nos simplesmente do inferno. Isto é apenas consequência da nossa chamada para sermos seus filhos, para sermos santos. Sem perseverar na fé, e santificar-se, não podemos estar atendendo a tal objetivo. Por isso associou a certeza da salvação à perseverança, isto é, à nossa santificação. Se nos santificamos sabemos que somos salvos pela testificação do Espírito, se não o fazemos, como diz Pedro em sua segunda epístola (1.9) ficamos cegos, vendo somente o que está perto, isto é, não podemos ver e exultar na nossa glorificação vindoura no céu, porque estaremos vivendo segundo a carne e sem fazer progresso em santificação, e ficaremos também esquecidos até da purificação, isto é do perdão dos nossos pecados antigos, anteriores à nossa conversão; pois podemos discernir adequadamente o pecado quando perseveramos em santificação.
A salvação é eterna e segura, é exclusivamente pela graça e mediante a fé, mas está associada à perseverança, porque se diz que o que perseverar até o fim será salvo.
Em todo o Novo Testamento o crente é exortado a perseverar até o fim para a plena certeza da esperança, e para a convicção da sua participação de Cristo. Como já comentamos, não é isto a causa da sua salvação, mas o que lhe dá a certeza de tê-la obtido e de estar vivendo do modo que seja agradável a Deus (Col 1.10,11; II Tes 2.15; Heb 2.1; 3.14; 10.23; 35,36).
Todo crente sábio e esclarecido zelará portanto pela sua salvação desenvolvendo-a com temor e tremor, sabendo que ela é segura e eterna, e não há o risco de perdê-la enquanto estiver ciente da necessidade de perseverança e progresso na fé, conforme é da vontade de Deus, para a plena certeza de que permanece na posse de tão precioso dom que lhe foi concedido pela graça, mediante a fé em Cristo, de uma vez para sempre, isto é, a partir da sua justificação e regeneração ocorridas na sua conversão e desde aí, para toda a eternidade.
Nunca devemos esquecer que a nossa justificação e regeneração são irrevogáveis e irreversíveis, garantindo assim a segurança eterna da nossa salvação.
A santificação e a perseverança são consequência da salvação e não a sua causa.
A causa da salvação está relacionada exclusivamente à eleição, à redenção, à justificação e à regeneração, estando tudo isto associado à misericórdia, à graça e ao amor de Deus, e à fé dos eleitos.
Com a causa (principalmente, eleição e justificação) eu recebi a salvação, e com a consequência (perseverança) eu simplesmente mantenho e amadureço o que já recebi pela fé.
Agora, algo deve ser dito preliminarmente sobre a perseverança. Nada se diz na Bíblia sobre um determinado padrão de perseverança que mantém a salvação. Ou sobre um determinado grau de perseverança. E nem mesmo sobre a sua forma, isto é, se contínua, intensa, etc. Fala simplesmente em perseverança e nada mais. E esta perseverança está principalmente associada à fé, isto é, à não negação de Cristo, especialmente nas perseguições e tribulações. Refere-se a não nos envergonharmos dEle e a confessarmos o Seu nome diante de todos os homens. Em suma, consiste no testemunho da nossa fé, ainda que isto nos custe danos e perdas, até da própria vida. Em outras palavras, o que foi salvo deve viver como salvo, o que foi justificado deve viver como um autêntico crente.
O crente é chamado a dar prosseguimento ao ministério de Cristo relativo à salvação dos pecadores, e por isso deve dar testemunho da sua fé, sendo luz e sal para o mundo.
A doutrina que diz que você pode perder sua salvação, basicamente torna a salvação condicional e põe em dúvida o poder de Cristo para nos salvar perfeitamente. Em outras palavras, sua salvação é mantida caso você ache as condições de mantê-la; isto é, Deus nos salvou, e agora se nós continuarmos a manter o padrão nós poderemos manter a salvação, mas se em dado momento nós viermos a cair do padrão nós a perderemos. Agora não é necessário muita visão para compreender que isto é basicamente uma perspectiva de justiça própria decorrente de obras. Em outras palavras, você está dizendo realmente que a salvação é condicional através da ideia que minhas obras têm que permanecer no padrão ou eu perderei a minha salvação.
Paulo afirma em toda a epístola aos Romanos que a salvação é pela graça mediante a fé. E isto implica na justificação do pecador. E que a fé é tudo o que é necessário para se apropriar da salvação eterna.
E então, quando Paulo afirma nos capítulos 3 e 4 que a salvação é um dom gratuito, que é dada pela graça de Deus, que é um dom imerecido dado a pecadores, e que é apropriado pela fé e somente pela fé, e então é nisto que todos os homens encontram muita dificuldade para compreenderem a exata extensão desta verdade. Porque os homens basicamente encontram-se em trabalhos, eles estão dentro das realizações humanas, em sua justiça própria. Basicamente, a filosofia dos homens e das religiões do mundo é: eu sou bom, eu sou religioso, Deus nunca me enviará ao inferno. Você tem ouvido miríades de vezes: Eu penso que eu sou uma boa pessoa, eu faço o meu melhor na religião. Eu creio que é por isso que Deus nunca me condenará.
E é muito difícil para as pessoas que têm sido ensinadas e educadas a compreenderem que elas podem entrar no reino de Deus por serem boas, ou éticas, ou morais, e particularmente os judeus, ouvirem que isto é somente uma matéria de fé.
E é por isso que Paulo sempre cita os judeus em seus argumentos em Romanos sobre a justificação que é somente pela graça mediante a fé.
Qualquer judeu diria a Paulo: você está certo de que somente a fé é o suficiente para salvar uma pessoa? Você acha que ela fará todo o trabalho? Não é necessário viver num determinado padrão? Somente a fé me livrará do grande julgamento futuro de Deus? E o que mantém esta salvação pela fé?
É para responder principalmente esta pergunta que o capítulo 5 de Romanos foi escrito.
No assunto da salvação tudo é pela graça, tudo é pela fé.
Mas o cerne da questão se encontra na forma de se entender a doutrina. O fato de ser por graça, mediante a fé somente, não significa, conforme nenhuma passagem das Escrituras dá apoio a isto, o fato de se pensar que o crente pode viver como bem lhe aprouver. Que o crente pode fazer o que ele desejar.
A graça e a fé salvam para que o crente viva em santidade de vida, na prática da justiça e das boas obras.
Em Romanos 5 Paulo apresenta grandes elos da corrente que ligam o crente ao Salvador.
Se estudamos e compreendemos realmente estes elos, percebemos que estamos ligados a Jesus para sempre. Isto é uma coisa maravilhosa para se saber. Deus não nos chamou para vivermos em eterna insegurança, pois se tememos perder a salvação na terra, pelo argumento do livre arbítrio, continuaríamos a temer então, para sempre também no céu.
O amor lança fora o medo. Somos chamados à certeza, à convicção, de outro modo, a paz com Deus referida em Romanos 5.1, que obtivemos pela justificação não poderia ser perfeita.
Por isso, a justificação é uma obra acabada e perfeita.
A nossa santificação sempre será uma obra inacabada neste mundo. É por ela que estamos sendo tornados semelhantes a Cristo. É um contínuo caminhar. É um progresso em despojar-se do velho homem e revestir-se do novo. Não há portanto, um padrão definido de santificação estabelecido por Deus para que em sendo atingido, poderíamos dizer que estamos salvos. Por isso que se diz que a reconciliação com Deus foi obtida e será mantida pela nossa justificação, e não pela santificação.
Uma das coisas que Satanás costuma atacar no crente é este ponto da segurança da sua salvação. Satanás adora lançar dúvidas sobre nossa redenção. É por isso que se diz em Ef 6, que se coloque o capacete da salvação, e em Tes 5.8 refere-se à couraça da fé e como capacete a esperança da salvação, e o verso 9 afirma a razão disto: porque o crente não foi destinado por Deus para a ira, mas para alcançar a salvação por meio de Jesus. Em outras palavras, o crente não será condenado, mas salvo por Deus. Não está mais sujeito à ira de Deus, por causa de Jesus. A esperança da salvação não é incerta, mas segura. É algo em que o crente deve confiar inteiramente, qual capacete que protege sua cabeça dos dardos inflamados de dúvidas que lhes são lançados por Satanás.
Satanás trabalha para que o crente não saiba ou duvide que se encontra firme para sempre nas mãos de Deus. É impressionante como ele consegue cegar o crente para as afirmações feitas pelo próprio Jesus, tais como esta que encontramos em Jo 10.27-29:
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”.
Ah, como isso fere ao diabo, saber que Ele não poderá ter no inferno a nenhum dos que Jesus genuinamente justificou e regenerou. Por isso ele trabalha para infundir a dúvida no crente, de que pertence realmente a Deus para sempre. E se Deus o aceita completamente como filho, apesar de suas imperfeições e limitações.
O diabo deseja que você creia que de alguma forma, você pode perder sua redenção e ele soprará sobre você para que se sinta inseguro e intimidado. Por isso você deve colocar o capacete da esperança da salvação. Esta esperança significa que você pode aguardá-la como coisa segura e certa, porque Deus é fiel para cumprir a promessa de salvá-lo eternamente e de que ninguém tirará você das mãos de Jesus e das mãos do Pai, como se lê em Jo 10.27-29.
A própria igreja pode disciplinar um crente excluindo-o da comunhão, e assim ficará sujeito aos ataques de Satanás que visarão à destruição da sua carne, mas este não poderá causar qualquer dano ao seu espírito, que será salvo no dia do Senhor, porque a Palavra afirma que um genuíno crente (justificado e regenerado) não pode ser mais tocado pelo maligno. Isto é, o diabo não o terá consigo no inferno.
Mas quantos crentes autênticos desejam ser entregues a Satanás para destruição da carne? (I Cor 5.5; I Tim 1.20). Quantos almejam ser salvos como que pelo fogo? (I Cor 3.15).
Graças a Deus que a graça tem se revelado poderosa e abundante, e são pouquíssimos aqueles, ao longo de toda a história da igreja, que caíram, ainda que não definitivamente, de tal forma. Não se deve portanto tratar do assunto da segurança da salvação pelos que se desviam, que são pouquíssimos, e que a propósito, muitos se reconciliam com o Senhor, antes da morte, mas pelos que permanecem firmes na fé, revelando que nossa salvação é de fato segura porque é operada pelo Senhor, que nos justificou e regenerou somente por graça e somente mediante a fé.
A grande questão que se apresenta diante de nós, na igreja, não é tanto a de que se perde ou não a salvação, mas se conhecemos ou não a doutrina da justificação pela graça mediante a fé segundo o ponto de vista de Deus, e não do nosso próprio modo de entender esta verdade das Escrituras, que é portanto a única verdade de Deus relativa à nossa salvação.
Muitos na igreja têm noções vagas sobre o assunto da eleição, da justificação, da regeneração e da santificação, conforme são na verdade, e já reveladas na Palavra, mas ao mesmo tempo têm também um parecer final sobre o modo de se obter ou de se manter a salvação. Todos de uma forma ou de outra, têm sua própria opinião sobre o assunto. Mas a nossa opinião não pode mudar em nada a verdade que foi estabelecida por Deus, relativa à nossa salvação, antes mesmo que houvesse mundo, no Pacto eterno havido na Trindade.
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/
Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/
A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/
A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 12/07/2014