Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Uma Vez Salvo... Para Sempre Salvo, Pela Evidência da Perseverança – Parte 3
O primeiro elo da corrente que nos liga a Cristo está citado em Rom 5.1: “pois”, ou “então”, isto é, “concluímos desta forma”. Esta partícula conclusiva que se encontra no texto, embutida no estudo sobre a justificação pela fé, desde que nós temos sido justificados pela fé, e tudo o que está envolvido nisto, “então sendo justificados pela fé, nós temos,”, e aqui está o elo número um, “paz com Deus”. A primeira grande realidade que me afirma que como um crente eu estou eternamente seguro em minha salvação é a paz com Deus.
A palavra “pois” é o elo que nos liga ao fundamento que foi colocado nos capítulos terceiro e quarto... a justificação pela fé, me tornou justo diante de Deus pela fé no Seu Filho Jesus Cristo.
Você creu em Jesus Cristo e você foi salvo. E sendo salvo você entrou na posse da herança eterna cheia de bênçãos. E eu creio que Paulo não pretendeu dizer em Rom 5.1 todas as consequências abençoadas da nossa justificação, mas uma delas que é a de que estamos seguros no nosso relacionamento porque nós temos paz com Deus através de Jesus Cristo.
Agora, o que é esta paz? Do que estamos falando quando dizemos que temos paz com Deus? Alguns têm sugerido que isto significa que nós temos tranquilidade de mente, que nós temos uma espécie de senso psicológico de segurança, que nós temos uma determinada sorte de sentimentos positivos de que estamos seguros. Eu penso que isto significa algo muito além de todo o tipo de coisas subjetivas. Esta afirmação não é subjetiva, mas objetiva. Não fala de sentimentos ela fala de relacionamento. Sentimentos não são o assunto aqui. É dito que temos paz com Deus
Agora, se nós temos paz com Deus por causa da salvação o que nós tínhamos antes da salvação?
A guerra, que é o oposto da paz.
Mas Jesus tem mudado radicalmente o nosso relacionamento com Deus. Nós estávamos em guerra com Deus. Ele era nosso inimigo porque nós éramos seus inimigos. Mas por causa da justificação pela fé nós temos sido trazidos a um relacionamento de paz, paz real. E esta paz não é uma atitude. Não é uma tranquilidade psicológica, não é paz de mente, não é qualquer tipo de sentimento. Isto significa simplesmente que a guerra entre nós e Deus acabou. Você compreende isto? A guerra acabou; e nos encontramos reconciliados com Deus como seus amigos, para sempre.
Agora, as pessoas de modo geral, não percebem, em razão da justiça própria e do pecado, que estavam em guerra com Deus, pois costumam dizer: “Eu gosto de Deus. Eu nunca estive em guerra com Deus.” Mas a Bíblia ensina claramente que a carne é inimizade contra Deus. Que aquele que ama o mundo é inimigo de Deus. Éramos seus inimigos porque não éramos justos aos seus olhos de perfeita justiça e santidade.
E mesmo nos crentes, que vivem na carne, há guerras, lutas, divisões, contendas, porque a falta de santificação impede um relacionamento pacífico, harmonioso, em unidade em amor. Mas, mesmo nestes, por causa de Jesus Cristo, a guerra relativa à sua inteira aceitação por Deus acabou, porque são completamente justos aos seus olhos pela salvação que obtiveram em Cristo e que lhes deu acesso à glória da perfeição que terão no céu.
Podem portanto viver e agir como se fossem inimigos de Deus, amando o mundo e dispondo suas energias para a carne, e certamente serão por Ele disciplinados, mas são agora filhos amados, por causa da justificação gratuita que receberam pela misericórdia de Deus em Cristo Jesus.
Foi por conhecer isto e por viver isto, que Paulo se dirigia aos crentes carnais coríntios, chamando-os de filhos amados, mesmo quando muitos deles estavam sendo disciplinados com enfermidades e até a morte física, que procedia de Deus, em razão da sua carnalidade ostensiva, e que obstinadamente, muitos deles se recusavam a abandonar.
Mas a Bíblia diz que antes de você vir a Cristo você estava em guerra com Deus. E algumas pessoas podem dizer – Eu sou um bom religioso e não tenho feito nada contra Deus, eu creio em Deus. Eu não me vejo como um inimigo de Deus. Está certo. Eu concordo com isto. Mas não é este o problema. O problema não é se você está em guerra com Deus. Sabe qual é o problema? Deus está em guerra com você. Aí é que está a diferença. O ponto é que Deus é nosso inimigo... por causa do nosso pecado.
Ele pode amar o pecador porque ama inimigos, mas não pode deixar de estar em guerra com ele, enquanto são satisfizer à exigência da Sua justiça divina, quanto à cobertura do pecado, a qual pode ser feita somente por Jesus Cristo, quando da nossa identificação pela fé na Sua morte na cruz, como sendo a nossa própria morte.
O nosso coração está corrompido e é ele a fonte do pecado. Pecadinhos ou pecadões cheiram mal nas narinas perfeitamente santas de Deus. Todos somos condenáveis sob a Sua perfeita e inflexível justiça. Somos livrados desta condição somente por causa de Jesus Cristo.
Deus é desta forma, para o homem que não está em Cristo, Seu inimigo, independentemente de estarem tais pessoas conscientes ou não disto. E o plano de Deus é este – você é tanto Seu inimigo e ele está tão em guerra com você que um dia ele o lançará num lago de fogo que queimará eternamente. Isto revela o quanto Deus está em guerra com você. E todos nascemos debaixo desta condenação por causa do pecado original.
Ninguém precisa fazer qualquer coisa boa ou má para ir para o inferno, porque já nasce condenado. Um só pecado sujeitou todo universo à maldição e à morte. Quem pois pode ser salvo pela sua própria capacidade e poder de permanecer firme diante de Deus, sem cometer um só pecado? Pois esta seria a condição exigida para alguém ir para o céu sem necessitar da salvação que é pela fé em Cristo Jesus.
Devemos abominar todo tipo de pecado, devemos mortificar o pecado, mas não podemos ser ingênuos a ponto de pensarmos que há um grau de santidade que é o que nos dá a salvação, porque, como bem sabemos, não há quem não peque, e se dissermos que não temos pecado, como afirma o apóstolo João, mentimos e a verdade não está em nós.
Agora isto é colocado sob uma luz diferente, não é verdade? Você pode perceber agora que Deus está em guerra com o pecador. Deus é inimigo dos pecadores. Deus luta contra os pecadores. Deus é inimigo do pecado.
Deus é inimigo de Satanás. E deste modo, se você não é um filho de Deus você é um filho de Satanás e pertence ao domínio de Satanás e Deus está em guerra contra este domínio. Este é o ponto.
Você diz – eu não tenho raiva de Deus. Isto é bom. Mas Deus está irado com você. Eu não estou fazendo nada para contrariar a Deus. Isto é bom. Mas Deus irá lançar você no inferno. O grande fato é que Deus está em guerra com os homens mesmo que eles estejam cônscios ou não da animosidade com Ele ou não. Esta ira de Deus sobre os pecadores está claramente revelada nos dois primeiros capítulos de Romanos. A Palavra ensina claramente que a ira e a maldição de Deus permanecem sobre aqueles que não foram justificados em Cristo. Veja, sobre eles, e não apenas sobre os seus pecados (Jo 3.36, Gál 3.10).
O modernismo do evangelho humanista inventou a doutrina de que Deus está irado com o pecado mas não com o pecador. Não é isso o que a Bíblia ensina. Isto não é o verdadeiro evangelho, que afirma que a ira e a maldição de Deus permanece sobre os que procuram se justificar pelas obras, ou sobre qualquer um que não tenha sido justificado pela fé em Cristo.
Em Isaías 13.9, lemos:
“Eis que vem o dia do Senhor, dia cruel, com ira e ardente furor, para converter a terra em assolação, e dela destruir os pecadores.”.
E prossegue no verso 10:
“Castigarei o mundo por causa da sua maldade, e os perversos por causa da sua iniquidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos violentos.”.
A Palavra dos profetas está confirmada no Novo Testamento tanto nas palavras de Jesus quanto dos seus apóstolos:
“Ora os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios.” (II Pe 3.7)
Deus destruiu seus inimigos, a saber, todos os pecadores que não estavam debaixo da justiça da fé, nos dias de Noé, e livrou somente o justo Ló, nas cidades de Sodoma e Gomorra, como prova de que está em guerra contra os pecadores. E trará ainda uma destruição final de todos os homens ímpios conforme acabamos de ler em II Pe 3.7, num juízo de fogo que trará sobre a terra.
E só existe uma forma de deixar de ter Deus como nosso inimigo: Através da justificação pela fé em Jesus Cristo. Podemos já, somente por este primeiro ponto, avaliarmos o valor profundo da nossa justificação, que fez com que a guerra que Deus tinha contra nós, os que fomos justificados, terminasse?
Depois de ter relacionado os pecados que costumam praticar os ímpios, Paulo disse:
“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas cousas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” (Ef 5.6)
E aqui, o ponto é que a justificação não foi para continuarmos na prática do pecado, pois como já vimos, o viver no pecado é o que gera a condição de inimizade com Deus:
“Portanto não sejais participantes com eles. Pois outrora éreis trevas, porém agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.” (Ef 5.7,8)
Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Mas o atributo da Sua justiça que opera com base na Sua perfeita santidade, faz com que Ele não esteja do lado dos pecadores. Ele não está do lado dos que rejeitam a Cristo. Ele é inimigo deles. Ele deve condená-los à morte eterna, caso não se arrependam e sejam justificados, com a justificação que dá vida, por meio da fé em Jesus Cristo.
Agora, voltando à afirmação do texto de Rom 5.1. O que você sente quando ele diz que temos paz com Deus? Não é um som agradável e precioso agora? Isto não ocorreu porque fizemos algo para obtê-lo. Não foi por algo que nós fizemos que Deus ficou satisfeito.
O que foi então?
O trabalho perfeito de Jesus Cristo.
Pois Deus despejou a Sua fúria e ira sobre Jesus. É por isso que se diz no final do versículo, “através de Jesus Cristo nosso Senhor”. Veja, em Cristo o nosso pecado foi penalizado, Jesus foi o completo pagamento a Deus como propiciação, e Deus ficou satisfeito.
O preço foi pago. Por isso também se afirma em Col 1.20
“e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as cousas,”.
E a consequência desta justificação que está baseada na redenção conquistada com o sangue que Jesus derramou na cruz, é declarada logo dois versículos adiante, em Col 1.22:
“agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis.”.
É assim que o crente está para sempre à vista de Deus por causa da justificação: santo, inculpável, irrepreensível. E é em razão disso que a guerra com Deus acabou. Deus não é mais seu inimigo. Não mais o destruirá. Não somente isto, fomos reconciliados com o Deus que é todo amor, justiça, bondade, santidade.
Estamos nesta condição à vista de Deus porque cada pecado pelos quais deveríamos ser punidos, Cristo sofreu inteiramente a pena destinada a eles. A justificação e a reconciliação são termos que indicam realidades diferentes, mas ambas são realidades inseparáveis. Porque a justificação conduz à reconciliação, que é a mensagem do capítulo quinto de Romanos. A justificação conduz também à santificação, que é a mensagem dos capítulos 6 a 8. E também à glorificação, que é a mensagem do capitulo 8.
Quando alguém se une a Cristo pela fé, e é justificado, a consequência desta justificação não é somente a glorificação por vir, no céu, mas a santificação começa imediatamente o seu processo na regeneração, e também ocorre a reconciliação com Deus.
Assim, não somos mais seus inimigos mas seus filhos. Fomos, pelo sacrifício de Jesus, conduzidos a um maravilhoso relacionamento de reconciliação. E este é estabelecido por meio de Jesus Cristo como está em Rom 5.1. Tudo que temos com Deus é através de Jesus Cristo. Lemos em Ef 1.3:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.”.
Veja que toda a sorte de bênção que recebemos é por meio de Cristo. Esta é a confiança para a nossa perseverança: fomos unidos a Jesus para todo o sempre, e se assim é, a consequência imediata é que devemos permanecer nEle e perseverar juntamente com Ele.
Alguém dirá: muito bem, em Jesus fomos reconciliados no nosso relacionamento com Deus. Mas e a manutenção deste relacionamento? Como ocorre?
Jesus não somente nos reconciliou com Deus inicialmente, mas Ele mesmo mantém esta reconciliação. Este é o Seu trabalho de Sumo Sacerdote. Você entende isto: I Jo 1.7 afirma que “se andarmos na luz... o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.”. Você percebe que é Jesus que continua nos lavando, que continua mediando, que continua nos purificando de nossos pecados para que possamos manter esta reconciliação? E a consequência disto é que temos comunhão uns com os outros na igreja.
Assim há duas verdades tremendas envolvidas na reconciliação obtida pela justificação. Numa das mãos temos paz com Deus para sempre porque cada um dos nossos pecados foi castigado em Cristo. E na outra mão, em nossa caminhada diária neste mundo nós temos Jesus como nosso Mediador e Sumo Sacerdote à direita do Pai intercedendo por nós, e lavando-nos do pecado e nos purificando de toda injustiça. Assim, podemos ter paz com Deus para todo o sempre.
Não devo parar no meio do caminho por me sentir indigno pecador, mas exercer fé na verdade de que por meio de Jesus fui reconciliado para sempre com Deus, e que Ele me receberá sempre com base na minha fé nesta verdade, e não em meus sentimentos.
O pecado deve ser confessado e abandonado pela força da graça que recebemos quando nos aproximamos com confiança do trono de Deus para sermos perdoados e purificados.
É por isso que se ordena em Ef 6.15 que ao nos engajarmos nas batalhas espirituais contra o Inimigo, que calcemos os pés com a preparação do evangelho da paz. Devemos estar convictos de que Deus está do nosso lado. Que Ele não está em guerra conosco. Que estamos reconciliados com Ele. E que devemos levar esta reconciliação a outros, com a firme convicção de que é à paz com Deus que eles têm sido chamados em Jesus Cristo. Deus está do nosso lado contra o inimigo de nossas almas.
O Evangelho é uma boa nova de grande alegria de que em Jesus temos uma justiça perfeita que está sendo oferecida gratuitamente para justificar pecadores. É nesta certeza que devem estar firmados os nossos pés em nossa caminhada neste mundo de trevas, no qual o pecado nos assedia tão de perto.
Alguém dirá: Bem, e quando eu peco? Em primeiro lugar, todos os seus pecados foram pagos no passado por Cristo. O débito foi liquidado. E toda a fúria que estava destinada ao seu pecado, Jesus a recebeu no seu lugar. E em adição a isto Ele continua intercedendo por você para mantê-lo firme e limpo, de forma a poder permanecer num relacionamento de paz com Deus. Isto é, de comunhão com Ele. É aqui que a santificação que nos é ordenada tem o seu lugar. É por ela que mantemos a nossa relação de paz com Deus e uns com os outros. O crente carnal vive em contendas e ciúmes, consigo mesmo, com Deus e com os irmãos na fé. (I Cor 3.1-3; Tg 4.1-4).
Entretanto, não podemos ter esta santificação fora de Cristo. E consequentemente, esta paz de relacionamento com Deus e com os irmãos na igreja. Lemos em Ef 2.14: “Porque ele é a nossa paz”. Jesus mesmo é a nossa paz. Enquanto Ele viver, Ele manterá este relacionamento de paz. Deus ficou satisfeito com o sacrifício de Cristo pelos seus pecados. Sua ira em relação aos justificados se foi, eles têm paz e nada pode mudar este relacionamento. Mas podemos experimentar esta paz somente quando permanecemos nEle e perseveramos na obediência aos Seus mandamentos.
Lemos em Hb 8.12:
“Pois, para com as suas iniquidades usarei de misericórdia, e dos seus pecados jamais me lembrarei.”.
E por quanto tempo isto durará? Para sempre. Por que? Porque Cristo satisfez a ira de Deus.
Dizer a qualquer crente autêntico, nascido de novo do Espírito, que ele pode perder sua salvação é dizer uma de duas coisas ou ambas: o trabalho de Cristo na cruz não foi suficiente ou o presente sumo sacerdócio de Cristo também não é suficiente.
Pensar que um crente pode vir a perder a salvação por causa do pecado, significa pensar que haja alguém que seja bom e perfeito. Que nenhum de nós desagrada a Deus por causa das nossa própria justiça baseada na perfeição das nossas boas obras e caráter, e pureza absoluta de nossos pensamentos, palavras e ações. Porque esta é a única forma de sermos justos por nós mesmos diante de Deus e de maneira que Ele não esteja em guerra contra nós, e irado por causa do pecado. Um só pecado no curso de toda a nossa vida já nos sujeita ao inferno. Assim, quanto à salvação há alguém que seja suficiente para conquista e manter isto por sua própria capacidade?
A salvação não vem de nós, ela é um dom gratuito e imerecido que recebemos por causa de Cristo. É por meio dEle, e dEle somente que tivemos acesso a essa graça maravilhosa e profunda que nos salva (Rom 5.17).
Repare como Paulo associa inteiramente tudo o que diz respeito à salvação a Jesus Cristo. Não é por acaso que o nome Jesus significa Salvador, ou aquele que salva: O acesso à graça que justifica foi por meio de Jesus (Rom 5.2). Jesus morreu por nós quando ainda éramos fracos e ímpios (Rom 5.6,8). Somos justificados e salvos da ira pelo sangue de Jesus (Rom 5.9). Somos salvos pela vida de Jesus e fomos reconciliados com Deus mediante a morte de Jesus (Rom 5.10). Recebemos a reconciliação por meio de Jesus (Rom 5.11). O dom gratuito da salvação é abundante sobre muitos por meio de um só homem, Jesus Cristo (Rom 5.15). A graça de Jesus deriva de muitas ofensas, para a justificação, isto é, Ele morreu no lugar de cada um dos justificados, por causa dos pecados de cada um deles, e não apenas para ser considerado o substituto de Adão (Rom 5.16) Os que foram justificados recebem a abundância da graça e o dom da justiça que cobre todos os seus pecados, e reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo (Rom 5.17). O único ato de justiça decorrente da perfeita obediência de Jesus à lei, obedecendo-a perfeitamente em vida, e atendendo à exigência da lei da morte dos transgressores (Jesus tomou o nosso lugar), trouxe-nos a graça para a justificação que dá vida eterna (Rom 5.18). Por meio da obediência exclusiva de Jesus somos tornados justos à vista de Deus (Rom 5.19). A graça reina pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo (Rom 5.21).
O que sobrou então para os que são justificados? Apenas crer.
Tudo foi feito por Cristo e está sendo cumprido também por Cristo. Nada ficou de fora para nós fazermos ou completarmos quanto à nossa salvação. A Sua obra foi consumada perfeitamente.
Lemos em Judas 24:
“Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória,”.
Deus é poderoso para guardar o crente de tropeços e conduzi-lo em segurança à Sua glória eterna. É isto que o texto de Judas afirma.
O fato de a graça ter superabundado onde abundou o pecado é a verdade por meio da qual somos salvos. Porque mesmo depois de convertidos, ainda estamos sujeitos ao pecado, e se não houvesse uma graça superabundante para cobrir os nossos pecados, nenhum de nós poderia ser salvo.
Isto é como as águas do dilúvio nos dias de Noé que cobriram todos os montes.
Nossas montanhas de pecados, pode não ser aos nossos olhos, mas aos olhos de Deus são verdadeiras montanhas, porque Ele considera pecado o que fazemos e o que deixamos de fazer, seja grande ou pequeno, e mais do que isso leva em conta a intenção do nosso coração, nossos pensamentos, imaginação etc.
O crente, por mais consagrado que seja, aos olhos de Deus está cheio de pecados. Mas, de onde lhe vem a santidade em que vive, a paz que sente no seu coração, a alegria em sua alma, senão da graça de Jesus, que o purifica de tudo o que desagrada a Deus.
Deus justifica por eleição e misericórdia. “Terei misericórdia de quem quiser ter misericórdia”. É preciso ter muito cuidado para não colocarmos o assunto da justificação em termos de méritos pessoais ou da justiça própria.
Assim fazendo não incorreremos no erro do fariseu em relação ao publicano, na parábola citada por Jesus, o qual era justo diante de Deus aos seus próprios olhos, pelas obras que praticava. Ao seu lado, um desprezado publicano, reconhecia-se pecador, e sequer ousava erguer os olhos para o céu, em arrependimento dos seus pecados. Este foi justificado e não o outro.
A parábola dos trabalhadores na vinha também exemplifica a concessão da graça na mesma medida salvadora, para todos os homens, independentemente dos seus méritos. Pois todos receberam o mesmo salário, tanto os que trabalharam muitas horas quanto os que trabalharam uma só hora.
A razão porque o Senhor “não desamparará o seu povo” como está afirmado em I Sm 12.22 está expressada aqui mais explicitamente, tanto quanto a declaração do Seu imutável amor. Não é porque eles fossem menos pecadores do que os outros, quer em natureza quer por praticá-lo; ou por causa de alguma qualidade moral que se encontrasse neles; mas “porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.”, e “por causa do Seu grande nome”.
Assim, é a completa graça de Cristo que nos encoraja a continuarmos perseverando na fé, porque de outro modo, caso fosse com base na boa condição de nosso próprio coração, não teríamos nenhum bom e firme motivo para perseverar. Ficaríamos lamentando a nossa triste condição de termos ainda conosco neste mundo uma natureza corrompida pelo pecado, mas pela fé no Senhor podemos vencer a carne pelo poder do Espírito, da nova natureza que também possuímos e que é celestial e divina, a qual prevalece sempre quando caminhamos por fé nos méritos de Cristo e na Sua justiça, e não confiados em nossa falha e imperfeita justiça própria.
É da natureza terrena levar-nos a comparar-nos com outros e entendermos que somos mais justos do que eles. Mas aos olhos de Deus todos somos transgressores da sua lei e culpados. Somente em Cristo e por meio de Cristo e por causa de Cristo, que podemos ser aceitos, porque a nossa natureza terrena, seja ela qual for, a de um sincero Nicodemos, ou a de um terrível malfeitor, está separada de Deus, em sua morte espiritual, e necessita de um novo nascimento, que só pode ter aquele que for justificado pela fé.
Observe que Rom 5.10 afirma que agora, muito mais, já tendo sido reconciliados, seremos salvos pela vida de Jesus. Fomos reconciliados pela morte e estamos sendo salvos pela vida. Se a morte do Salvador pôde redimi-lo quanto mais a Sua vida não poderá guardá-lo? Este é o grande trabalho sacerdotal de Jesus. Ele intercede continuamente em nosso benefício junto ao Pai.
Paulo afirma em II Tim 1.12 que estava persuadido de que Deus é poderoso para guardar o seu depósito até o dia da sua chamada à glória celestial.
Lemos em Heb 10.14:
“com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”.
E em Heb 10.10:
“Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.”.
Por uma única oferta temos sido santificados para sempre. Ele nos aperfeiçoou para sempre. Nele estamos aperfeiçoados como se diz em Col 2.10. Isto é verdadeiro mesmo aqui na terra, onde estamos sujeitos ainda a muitas imperfeições, porque nossa justificação e regeneração foram atos perfeitos e completos de Deus.
A nova natureza está perfeita em todas as suas partes, é uma nova vida que deve ser desenvolvida. Não está perfeita no desenvolvimento, mas é perfeita na sua condição de incorruptibilidade e santidade. O perdão dos nossos pecados foi também perfeito e completo.
Por isso se diz o que encontramos em Rom 8.31 a 39. O texto é longo e por isso não o estamos citando aqui, mas é muito importante que você o leia e veja ali apontadas as consequências da justificação, de não podermos mais ser acusados, condenados e separados do nosso relacionamento com Deus através de Jesus Cristo.
A salvação não é somente para este tempo, mas sobretudo para a perfeição em glória na eternidade. Foi para isto que Deus nos salvou. Como deixaria pois de concluir a Sua obra iniciada na justificação e na regeneração? (Fp 1.6).
Como poderia o Criador de todas as cousas, para o qual tudo é possível, ser frustrado naquilo que planejou no Pacto, na predestinação e eleição?
Como? Nem o pecado foi impedimento para a realização de Sua vontade de ter muitos filhos semelhantes a Cristo. Isto não depende de nós, de modo algum e também não é por meio de nós, mas exclusiva e totalmente por meio da Sua soberana vontade que tem sido cumprida através de Cristo.
Este é o verdadeiro evangelho, porque está em conformidade com o ensino de Jesus e dos apóstolos. O modernismo evangélico adulterou a mensagem e ofendeu a soberania divina na salvação, e não são poucos por isso, que pregam que a salvação é conquistada pelas obras do homem, em cooperação com a vontade de Deus.
Somos salvos para as boas obras, não pelas boas obras. Não é a santificação que cobre a multidão dos meus pecados. Mas o ato de Deus em Jesus Cristo da redenção dos meus pecados na cruz.
Não é o meu esforço que me torna justo aos olhos de Deus, mas a justiça de Cristo com a qual fui vestido na justificação.
Deus se agrada do nosso esforço na prática da justiça, mas não é isto de modo nenhum o que nos justifica, e nem o que nos torna agradáveis e aceitáveis a Ele, isto decorre simplesmente dos méritos de Cristo.
É simplesmente por causa de Jesus e da justificação que obtivemos por meio dEle, pela graça, mediante a fé, que somos agradáveis a Deus.
É pela fé nEle, que podemos nos aproximar do Senhor e sermos santificados.
É o sangue dEle que nos perdoa os pecados e purifica de toda injustiça.
É por ser nosso Advogado e Sumo Sacerdote que temos paz com Deus. Que podemos sentir a Sua Santa presença. Maldito sentimento portanto, de justiça própria que acaba nos afastando de Deus, tanto quanto o fariseu da parábola.
Outra vez dizemos: tenhamos a mesma atitude do publicano para o bem das nossas almas e progresso verdadeiro em santificação.
A graça é concedida a quem se humilha, que reconhece que tudo está em Cristo, e que tudo procede dEle em relação à nossa salvação, crescimento espiritual, paz no relacionamento com Deus, santificação etc.
Lembremos que Deus não somente deixa de conceder graça ao soberbo, como também lhe resiste.
Do lado de Deus temos a reconciliação como um terreno firme onde podemos andar. E a promessa de que seremos firmados, aperfeiçoados, fundamentados, glorificados. Esta é a Sua parte. E qual é a nossa parte. A nossa parte é perseverar e obedecer.
A perseverança que nos é concedida pelo poder do Espírito Santo não é algo para nos gloriarmos em nós mesmos, em nossa fidelidade em seguir a Cristo, mas uma graça que nos é dada exclusivamente por caminharmos por fé e não por vista.
Como andamos em obediência? O Espírito Santo nos foi outorgado para podermos ser guardados por caminhar em obediência.
Assim, se você deseja atacar a segurança do crente, você está atacando primeiro a Deus. Você está afirmando que ele mudou o seu veredicto. Em segundo lugar está atacando a Cristo, porque você está dizendo que o Seu trabalho na cruz não foi completo, e que o seu Sumo Sacerdócio não pode manter-nos firmes. E também está atacando o Espírito Santo por dizer que Ele é incapaz de fazer o crente perseverar e desacredita toda a Trindade por negar-lhe a segurança do crente.
I Pe 1.5 afirma que nós somos guardados pelo poder de Deus. Isto aponta para a verdade de que a nossa salvação é para sempre. A alegria e o conforto dos crentes depende realmente do senso de segurança da salvação. Em Romanos 5 Paulo afirma que a nossa salvação, a nossa justificação pela fé é segura... no poder de Deus.
Em Ef 1.13,14 lemos:
“em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”.
Paulo mais diz, que orava para que lhes fosse concedido espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento de Jesus Cristo, para saberem qual é a esperança do chamamento do crente, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos,” (Ef 1.17,18). Em outras palavras, ele está dizendo: “para provar que você que foi salvo pelo evangelho já conquistou uma herança que há de se manifestar no porvir, Deus lhe concedeu o Espírito Santo como um selo que está estampado em você que o identifica como propriedade permanente de Deus (v.14), como garantia da riqueza da glória da herança que lhe será concedida no céu, e pelo que eu estou orando para que Deus lhe revele a certeza dessa esperança, e lhe dê entendimento disto.”. Deus quer que os seus servos tenham certeza da segurança da sua salvação, conforme está revelado nesta porção da sua Palavra.
É preciso compreender o que temos tido em Cristo. Paulo estava dizendo aos efésios: agora que vocês foram salvos, eu estou orando para que vocês possam compreender que sua salvação é para sempre, e que vocês têm uma esperança e uma herança que será revelada na glória por vir.
Em Fp 1.6 lemos:
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.”.
Paulo havia aprendido o seu evangelho, que é o único evangelho, diretamente de Jesus. Este ensino expresso em suas palavras ele aprendeu certamente por revelação que lhe fora feita pelo Senhor, quanto ao caráter do evangelho da salvação.
Aquele que foi salvo será impulsionado pelo próprio Deus para perseverar rumo à maturidade espiritual, à estatura de varão perfeito, pois este é o objetivo da salvação, conforme planejado e revelado por Deus na Palavra, sermos semelhantes a Cristo.
É nisto que Ele trabalhará em todo o tempo para ver formado em nós. É na direção do cumprimento deste Seu Supremo propósito que todas as coisas estão cooperando juntamente para o bem daqueles que o amam.
Glórias ao Seu santo nome! E sejam dados somente a Ele toda a honra e louvor pela nossa salvação e perseverança!
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/
Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/
A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/
A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 12/07/2014