Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Seu Nome e o Poder do Seu Nome
Por D. M. Lloyd Jones
Como hei de fortalecer-me "no Senhor e na força do seu poder" na batalha real? Terei que fazer todas estas coisas, mesmo quando por algum tempo, o diabo me deixa em paz; mas que tenho de fazer em plena refrega? Como vou me fortalecer no Senhor e na força do Seu poder na luta renhida, no calor da batalha? Só menciono uma coisa por enquanto. E o uso do Seu nome. O uso do nome do Senhor é uma tremenda fonte de poder. Vemos isso também no livro de Provérbios, capítulo 18, versículo 10: "Torre forte é o nome do Senhor" - somente o Seu nome, lembrem-se! "Torre forte é o nome do Senhor; a ela correrá o justo, e estará em alto refúgio."
Mas há outros exemplos notáveis de como usar o Seu nome e o poder do Seu nome. Vocês se lembram da história de Gideão? Gideão era um simples João Ninguém. Vinha de uma tribo nada importante, e pertencia a uma das menores famílias daquela tribo. Entretanto Deus o chamou para levantar-se e lutar contra os midianitas; e eles tinham exércitos numerosos. Deus, porém, vocês se lembram, não permitiu que Gideão tivesse um grande exército. Deixou-o apenas com um punhado de homens - 300 - e os restantes foram mandados embora. Como foi que ele combateu? Confiou somente em sua própria força? Não, o seu grito de guerra foi -"Espada do Senhor e de Gideão". Aí está a nossa doutrina, perfeitamente ilustrada. Gideão não disse: "Homens, sigam-me; em nome de Gideão, vamos atacá-los. Eis aqui a espada de Gideão, sigam-me". Tampouco disse: "Espada do Senhor". Aí está o perfeito ensino escriturístico -"Espada do Senhor e de Gideão". "Confie em Deus e mantenha seca a sua pólvora!" Tanto a confiança como a pólvora entram. É a espada do Senhor- certamente; sem ela estamos perdidos. Sim, mas é a espada do Senhor, e a "de Gideão". E assim eles partiram para a batalha, combateram com todo o seu poder e força, e obtiveram uma grande vitória.
Mas o maior de todos os exemplos é, de muitas maneiras, o de Davi e Golias. Estes incidentes do Velho Testamento, além de constituírem história, são ao mesmo tempo parábolas perfeitas da grande verdade escriturística que nos está sendo ensinada aqui, em Efésios, capítulo 6, sobre estarmos "firmes contra as astutas ciladas do diabo" e sobre a nossa luta "contra os principados e potestades". Tudo isso nos é ensinado naquele quadro de Golias e Davi: a luta é desigual. Olhem para esse gigante. Ele vence todos os outros, ninguém pode resistir-lhe. Por outro lado, eis aí Davi, um simples rapaz. Não consegue mover-se com a armadura de Saul, não consegue manejar a espada de Saul. Ele tem uma funda e algumas pedras. Isso é tudo! Mas Davi triunfou, e isso porque enfrentou Golias segundo a piedade (I Samuel 17:45). "Davi porém disse ao filisteu"-que estivera ridicularizando Davi e tentando amedrontá-lo, aborrecê-lo e derrotá-lo antes de começar o confronto - "Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, e ferir-te-ei, e te tirarei a cabeça". Notem que Davi luta "em nome do Senhor, o Deus dos exércitos de Israel"; e no momento em que profere "o nome" ele se enche de confiança, força, poder e energia; e lhe é dada uma retumbante vitória.
Eliseu, no início da sua carreira, serviu-se do mesmo princípio. Elias tinha acabado de ir para o céu, e ali ficou Eliseu, diante do Jordão. Pouco antes ele tinha visto Elias agitar a capa e com ela dividir o rio; e ali ficou ele, enfrentando o momento da sua grande prova. Estará ele apto e forte o bastante para suceder Elias como profeta de Deus? Notem como ele encara a sua tarefa. Diz ele: "Onde está o Senhor, o Deus de Elias?" Esse deveria ser o grito de guerra da Igreja hoje, parece-me, combatendo como estamos os principados e as potestades. Tanto em geral como em particular, é isso que deveríamos dizer. Não temos por que ser fracos, hesitantes, frágeis e desanimados. Devemos dizer: "Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Onde está o Deus de nossos pais, onde está o Deus dos reformadores, onde está o Deus dos puritanos, onde está o Deus dos primeiros metodistas? Onde está Ele, o Deus dos avivamentos? Em Seu nome podemos ser fortes e poderosos".
Passemos ao Novo Testamento. Vejam Pedro e João, nos primeiros dias da Igreja Cristã. Eles deparam com um coxo à Porta Formosa do templo. Que é que eles devem fazer? Eis o que disse Pedro: "Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta--te e anda" (Atos 3:6). O nome! O poder do nome! Foram Pedro e João que de fato falaram e agiram, mas puderam fazê-lo porque usaram o poder do nome do Senhor. "Torre forte é o nome do Senhor" - sempre!
Observem o apóstolo Paulo escrevendo ao nervoso e amedrontado jovem Timóteo. Eleja lhe havia dito: "Sofre as aflições como bom soldado de Jesus Cristo". Ele dissera a Timóteo que juntasse as suas forças e seguisse adiante. Agora ele quer dar-lhe algo que realmente o encha de poder, pelo que diz: "Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho" (2 Timóteo 2:8). Cristo não venceu somente os homens, não venceu somente o diabo, venceu a morte e o túmulo, o último inimigo. Ele é todo-poderoso. Lembrem-se disso! E ao lembrar-se disso, o homem se fortalece no Senhor e na força do Seu poder. O nome, a lembrança do poder e do efeito do nome do Senhor ressurreto faz maravilhas.
E assim eu leio no livro de Apocalipse, "Eles o venceram (o inimigo) pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho" (12:11). Eles ameaçaram o diabo com Ele, e com essa ameaça o venceram. Esta é a única maneira. Ah, sim, diz um homem séculos mais tarde:
Quão suave é o nome de Jesus Aos ouvidos do crente; Cura as tristezas e as feridas E expulsa o seu temor.
O nome o fortalece. O nome de Jesus o faz. "Quão suave é o nome de Jesus!" "Expulsa o seu temor." Você sabe usar este nome? Sabe invocá-lo? Sabe o que é ser fortalecido ao simples som dele? Ei-lo aqui de novo:
Forte no Senhor dos exércitos E no Seu grandioso poder, Quem confia em Cristo e em Sua força, Sim, é mais do que vencedor.
O cristão luta, mas confia neste nome, invoca-o, e ele o fortalece. E assim ele é "mais do que vencedor".
Espero que todos nós saibamos usar o nome do Senhor desta maneira. Isto sempre me faz pensar em algo que ouvi muitas vezes quando eu era menino. Tive o privilégio de ser criado num povoado, numa pequena comunidade onde todos nos conhecíamos. Às vezes um valentão ameaçava um rapazinho, e este ficava aterrorizado porque não tinha nenhuma possibilidade contra o valentão. Que é que o rapazinho fazia? Bem, eis o que com freqüência eu ouvia: o rapazinho sabia que estava perdido, que não podia fazer nada; mas muitas vezes ele parava o valentão simplesmente dizendo: "Vou falar com meu pai sobre você", ou: "Se você me bater, vou contar ao meu irmão maior". E o valentão, por mais valentão que fosse, ficava com medo do nome do pai. E eu e você, em nossa fraqueza e incapacidade, devemos ameaçar o diabo com o nome do nosso Pai e do nosso bendito Senhor e Salvador. Ameace-o! "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." Diga-lhe: "Sei que sozinho não posso fazer nada contra você; mas, se você relar em mim, Ele me vingará". Ameace-o com o nome do Senhor. Ele é uma torre forte, e o justo corre para lá e fica a salvo. O nome não acrescenta nada à sua força, no sentido puramente físico e material, porém coloca força dentro de você infundindo-lhe confiança. O simples nome, a própria palavra, dá-lhe energia; você pode ameaçar o valentão que o está ameaçando, e você pode pô-lo a correr.
Este é um princípio que se vê em toda parte na vida. Ele explica por que um embaixador tem sucesso em seu trabalho. Ele mesmo não é nada, mas fala em nome do seu país, em nome do seu soberano, fala em nome dos poderes que estão por trás dele. A palavra é dele, todavia o poder é do seu país. E o outro país ouve a palavra de um homem porque sabe que ele é o representante do poder invisível, oculto e grandioso que está por trás dele.
Aí está, pois, um dos modos mais excelentes de ficar firme contra as astutas ciladas do diabo e ser mais do que vencedor. "Forte no Senhor e na força do seu poder." Conhecer o poder do Seu nome! "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno", diga as eu inimigo, "deixe-me. Não pertenço a você, pertenço a Cristo, sou protegido por Ele". "Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho." Queira Deus capacitar-nos a pôr em prática estas preciosas verdades, para que "possamos resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes".
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D. M. Lloyd Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 29/07/2014