Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Sobre a Vida Cristã – Parte 6

 
CAPÍTULO II
 
Por João Calvino
 
Um Resumo da Vida Cristã – A Autonegação
 
Além disso, para que não vos canseis de fazer o bem, (como, de outra forma imediata e infalivelmente seria o caso), é preciso acrescentar outra qualidade na enumeração do Apóstolo, "O amor é longânimo e não se irrita facilmente" (1 Coríntios 13.4). O Senhor nos exorta a fazer o bem a todos, sem exceção, embora a maior parte, se estimada por seu próprio mérito, são os mais indignos disto. Mas a Escritura adiciona um excelente motivo, quando nos diz que não devemos olhar para aquilo que os homens, por si só merecem, mas para atender à imagem de Deus, que existe em todos, e ao qual devemos toda a honra e amor. Mas para aqueles que são da família da fé, a mesma regra deve ser mais cuidadosamente observada, na medida em que a imagem é renovada e restaurada neles pelo Espírito de Cristo. Portanto, qualquer que seja a pessoa que é apresentada a você como precisando de sua ajuda, você não tem nenhum motivo para se recusar a concedê-la. Digamos que ele é um estranho. O Senhor deu-lhe uma marca que deve ser familiar a você: razão pela qual ele lhe proíbe desprezar a sua própria carne (Gál 6.10). Digamos que ele é mau e sem consideração. O Senhor o aponta como alguém que ele tem destacado pelo brilho de sua própria imagem (Isaías 58.7). Digamos que você não está obrigado a ele por nenhum laço de dever. O Senhor o tem substituído como se estivesse em seu próprio lugar, para que nele você possa reconhecer as muito grande obrigações sob as quais o Senhor colocou sobre você  em relação a Ele mesmo. Digamos que ele é indigno de seu menor esforço em seu favor; mas a imagem de Deus, pela qual é recomendado a você, é digna de você mesmo e de todos os seus esforços. Mas se ele não somente nada merece de bom, senão que lhe tem provocado com malícia e injúrias, ainda assim isto não é uma boa razão para que você não deva abraçá-lo em amor, e visitá-lo com ofícios de amor. Ele tem merecido muito diferentemente de mim, você dirá. Mas o que o Senhor tem merecido? Seja qual for a injúria que ele lhe tenha feito, quando Ele lhe ordena a perdoá-lo, Ele quer dizer certamente que isto deveria ser imputado a Ele próprio. Somente desta maneira alcançaremos aquilo que é, não apenas difícil, mas totalmente contrário à nossa natureza, a saber, amar aqueles que nos odeiam, vencer o mal com o bem,  e abençoar quem nos amaldiçoa, lembrando que não devemos nos fixar sobre a maldade dos homens, mas olhar para a imagem de Deus, neles, uma imagem que, cobrindo e destruindo suas falhas, deveria por esta sua beleza e dignidade nos fascinar para amá-los e abraçá-los.
 
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
 
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/08/2014
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