Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Sobre a Vida Cristã – Parte 14
Por João Calvino
CAPÍTULO III
Carregar a cruz – um ramo da autonegação.
4. Outra finalidade para a qual o Senhor tem o seu povo em aflição é para provar a sua paciência, e treiná-los na obediência – não que eles possam render-lhe obediência, exceto na medida em que ele os capacite; mas lhe agrada, assim, atestar e exibir impressivas provas das graças que ele confere a seus santos, para que não permaneçam sem uso. Consequentemente, por antecipar abertamente a força e a constância da resistência com a qual ele tem provido seus servos, ele diz que é para provar a sua paciência. Daí as expressões que Deus provou Abraão (Gên 21.1,12), e fez prova de sua piedade por não poupar a sacrificar seu único filho. Daí, também, Pedro nos diz que a nossa fé é provada pela tribulação, assim como o ouro é refinado na fornalha de fogo. Mas quem dirá que isto não é expediente para que o mais excelente dom da paciência que o crente tem recebido do seu Deus deveria ser aplicado a usos para serem feitos certos e mantidos? Caso contrário, os homens nunca iriam valorizá-lo de acordo com seu valor. Mas se o próprio Deus, para evitar que as virtudes que ele tem conferido aos crentes não permaneçam na obscuridade, ou melhor, que fiquem sem uso e perecendo, age corretamente em suprir meios para que elas se manifestem, há a melhor razão para as aflições dos santos, uma vez que sem elas a paciência não poderia existir. Eu digo, que os crentes são também treinados pela cruz para a obediência, porque são assim ensinados a viver não segundo a sua própria vontade, mas à disposição de Deus. Na verdade, se todas as coisas ocorressem conforme eles desejam, não poderiam saber o que é seguir a Deus. Sêneca menciona (De Vit Beata, cap 15) que havia um velho provérbio quando alguém era exortado a suportar a adversidade: "siga a Deus”, intimando portanto, que os homens são realmente submetidos ao jugo de Deus somente quando eles dão as costas e as mãos à sua vara disciplinadora. Mas se o mais certo é que deveríamos em todas as coisas provar nossa obediência ao nosso Pai celestial, certamente não devemos recusar qualquer método pelo qual ele nos treine para a obediência.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/08/2014