Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Sobre a Vida Cristã – Parte 12
Por João Calvino
CAPÍTULO III
Carregar a cruz – um ramo da autonegação.
2. Podemos acrescentar, que a única coisa que tornou necessário que nosso Senhor carregasse a cruz, foi para testemunhar e provar sua obediência ao Pai; enquanto, ao contrário, existem muitas razões que tornam necessário para que vivamos constantemente sob a cruz. Fracos como somos, por natureza, e propensos a atribuir toda a perfeição à nossa carne, a menos que recebamos uma percepção ocular da nossa fraqueza, nós prontamente estimamos nossa virtude acima de seu valor apropriado, e não duvidamos que, aconteça o que acontecer, ela permanecerá intacta e invencível contra todas as dificuldades. Portanto, temos uma confiança insensata e vazia na carne, e, então, confiando nisto tornamo-nos orgulhosos contra o próprio Senhor; como se nossas próprias faculdades fossem suficientes, sem a sua graça. Essa arrogância não pode ser melhor reprimida do que quando Ele nos prova pela experiência, não somente quão grande é a nossa fraqueza, e também a nossa fragilidade. Por isso, ele nos visita com desgraça, ou pobreza, ou luto, ou doença, ou outras aflições. Sentindo-nos completamente incapazes de suportá-las, nós imediatamente, abrimos caminho, e, assim, humilhados aprendemos a invocar a sua força, a qual é a única que pode nos permitir suportar o peso da aflição. Nem mesmo o mais santo dos homens, por mais bem consciente de que não pode permanecer de pé com a sua própria força, senão pela graça de Deus, se sentiria muito seguro em sua própria fortaleza e constância, caso não fosse levado a um conhecimento mais profundo de si mesmo pelas tribulações da cruz. Esse sentimento foi encontrado no próprio Davi: "Quanto a mim, dizia eu na minha prosperidade: jamais serei abalado. Tu, SENHOR, por teu favor fizeste permanecer forte a minha montanha; apenas voltaste o rosto, fiquei logo conturbado." (Sl 30.6,7). Ele confessa que na prosperidade seus sentimentos estavam embotados, de modo que, negligenciando a graça de Deus, da qual somente ele deveria ter dependido, inclinou-se para si mesmo. Se assim aconteceu com esse grande profeta, quem de nós não deve temer e estudar a prudência? Embora em tranquilidade eles se gloriem com a ideia de maior constância e paciência, humilhados pela adversidade, aprendem a decepção. Os crentes, eu digo, advertidos por tais provas de suas fraquezas, façam progresso em humildade, e, despindo-se de uma confiança depravada na carne, encomendem a si mesmos à graça de Deus, e, quando eles tiverem assim agido, experimentarão a presença do poder divino, no qual há ampla proteção.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/08/2014