Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Sobre a Vida Cristã – Parte 11
Por João Calvino
CAPÍTULO III
Carregar a cruz – um ramo da autonegação.
As quatro divisões deste capítulo são:
I. A natureza da cruz, sua necessidade e dignidade, seções 1 e 2
II. As múltiplas vantagens da cruz descritas, seções 3 a 6.
III. O modelo da cruz é o mais excelente de todos, e ainda isto de maneira nenhuma remove todo o sentido da dor, seções 7 e 8.
IV. A descrição da guerra sob a cruz, e da verdadeira paciência (não aquela dos filósofos), no exemplo de Cristo, seções 9 a 11.
1. A mente piedosa deve subir ainda mais alto, ou seja, para onde Cristo chama os seus discípulos, quando ele diz, que cada um deles deve "tomar a sua cruz" (Mt 16.24). Aqueles a quem o Senhor escolheu e honrou com o seu relacionamento deve se preparar para uma vida trabalhosa, difícil, uma vida cheia de muitos e variados tipos de males; sendo isto a vontade de nosso Pai celestial para exercitar o seu povo, desta maneira, enquanto o coloca à prova. Tendo começado esta jornada com Cristo o Primogênito, ele a mantém para todos os seus filhos. Porque mesmo aquele Filho que era querido acima dos outros, o Filho com o qual ele estava "muito satisfeito", nós o vemos, longe de ser tratado com cuidado e com indulgência, podemos dizer, que não somente foi submetido a uma cruz perpétua enquanto habitou na terra, mas toda a sua vida nada mais era do que uma espécie de cruz perpétua. O apóstolo assinala a razão disto: "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu" (Heb 5.8). Por que, então, devemos nós mesmos ser isentados dessa condição a que Cristo, nosso Cabeça foi submetido; especialmente desde que ele se apresentou, em nossa favor, para que pudesse em sua própria pessoa ser um modelo de paciência para nós? Por isso, o apóstolo declara que todos os filhos de Deus estão destinados para serem conformes a Cristo. Por isso, nos dá grande consolação em circunstâncias duras e difíceis, as quais os homens entendam mal, pensar que estamos em comunhão com os sofrimentos de Cristo; que assim como ele passou à glória celestial através de um labirinto de muitas dores, então também nós somos conduzidos para lá por várias tribulações. Porque, em outra passagem, o próprio Paulo fala assim: "temos que entrar no reino de Deus por meio de muitas tribulações" (Atos 14.22) e, ainda: “para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte" (Fp 3.10). Quão poderosamente deve suavizar a amargura da cruz, pensar que quanto mais somos atribulados com a adversidade, mais certamente somos feitos amigos de Cristo; pela comunhão com quem nossos sofrimentos não são apenas abençoados para nós, mas tendem muito para o desenvolvimento da nossa salvação.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/08/2014