Instruções de Jesus Para

Vigilância
no Tempo do Fim 5

João Calvino

“Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se,” (Mateus 24: 48)
 
“Mas se aquele mau servo disser no seu coração”.

Por essas palavras, Cristo aponta brevemente a fonte daquele descuido que rasteja sobre servos maus; é porque eles confiam num atraso maior para o retorno do seu senhor, e assim por vontade própria se envolvem em trevas.

Eles imaginam que o dia em que terão de prestar contas nunca virá; e, sob o pretexto da ausência de Cristo, eles prometem a si mesmos que ficarão impunes, porque isto é impossível, a menos que a expectativa da sua volta, quando ocorre às nossas mentes, sacuda-nos da nossa sonolência, e ainda mais, que nos  contenha de sermos conduzidos por uma sensualidade ímpia.

Nenhum incentivo exortativo, portanto pode ser mais poderoso ou eficaz, do que representar para nós aquele Tribunal rigoroso do qual nenhum homem será capaz de escapar.

Que cada um de nós possa ter o cuidado de cumprir seu dever com sinceridade, e manter-se rigorosa e modestamente dentro de seus próprios limites, e vamos ter sempre  nossas mentes familiarizadas com o pensamento da última e repentina vinda do Senhor, a qual, sendo negligenciada leva os réprobos a serem indulgentes com a maldade.
 

Ao mesmo tempo, Cristo aponta a facilidade com que a insolência cresce, quando um homem tem uma vez sacudido o freio, e se entregado ao pecado, porque Cristo não representa para nós um servo que é meramente dissoluto e sem valor, mas aquele que se levanta de forma escandalosa para perturbar toda a casa, que perversamente abusa do poder que lhe foi conferido, que exerce crueldade sobre seus companheiros de serviço, e desperdiça a propriedade de seu mestre, a quem trata com escárnio aberto.

Por último, para incentivar o temor, acrescenta que a punição não é de grau ordinário, porque uma punição severa é devida a essa maldade sem limites.
 
 

Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
 

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