Instruções de Jesus Para Vigilância
no Tempo do Fim 2
João Calvino
“Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.” (Lucas 12: 36)
“Sede vós mesmos, como homens que esperam o seu senhor”.
Ele usa outra parábola não mencionada por Mateus, que escreve mais brevemente sobre este assunto, porque ele se compara a um pai de família que, enquanto está se alegrando nas festividades do casamento, ou em outros aspectos, entregando-se ao prazer, fora de sua própria casa, deseja que seus servos se comportem com modéstia e sobriedade em casa, atendendo a suas ocupações legais, e esperando diligentemente o seu retorno.
Agora, porém o Filho de Deus partiu para o descanso abençoado do céu, e está ausente de nós, ainda que ele tenha atribuído a cada um o seu dever, seria impróprio para nós dar lugar a repouso indolente.
Além disso, como ele prometeu que voltará para nós, devemos nos manter preparados a cada momento para recebê-lo, de modo que ele não possa nos encontrar dormindo; porque se um homem mortal olha para isto como um dever - que seus servos lhe devem, que a qualquer hora que ele voltar para casa, eles devem estar preparados para recebê-lo, quanto mais Jesus tem o direito de exigir de seus seguidores que eles sejam sóbrios e vigilantes, e sempre esperando sua vinda.
Para incentivá-los a uma maior vivacidade, ele menciona que senhores terrenos ficam tão agradados com tal prontidão por parte dos seus servos, que eles até mesmo os servem; não que todos os senhores estejam acostumados a agir dessa maneira, mas porque às vezes acontece que um senhor, que é amável e gentil, admite seus servos a sua própria mesa, como se fossem seus companheiros.
No entanto, pode ser perguntado: visto que a Escritura nos chama em muitas passagens de filhos da luz, (Efésios 5: 8, 1 Tessalonicenses 5: 5), e desde que o Senhor também brilha sobre nós por sua palavra, para que possamos andar como ao meio-dia: como o Senhor compara nossa vida à vigilância da meia-noite? Mas, nós devemos procurar a solução desta dificuldade nas palavras de Pedro, que nos diz que a palavra de Deus brilha como uma lâmpada que queima, para que possamos ver claramente nosso caminho em um lugar escuro.
Devemos, portanto, dar atenção a ambas declarações, que a nossa viagem deve ser realizada em meio à escuridão do mundo, e ainda assim estamos protegidos contra o risco de desviar-nos, enquanto a tocha da doutrina celeste for adiante de nós, mais especialmente quando temos o próprio Cristo como sendo o nosso sol.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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