Como Fazer o Bem a Todos
João Calvino
“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” (I Tessalonicenses 5 : 14)
“Admoesteis os desobedientes”.
É uma doutrina comum - que o bem-estar de nossos irmãos deva ser objeto de nossa preocupação. Isto é feito através do ensino, admoestação, correção e despertamento; mas, como as disposições dos homens são diferentes, não é sem razão que o apóstolo ordena que os crentes se acomodem a essa variedade. Ele ordena, portanto, que os indisciplinados sejam admoestados, ou seja, aqueles que vivem dissolutamente.
O termo admoestação, também, é empregado para significar a reprovação acentuada, que é necessária para trazê-los de volta para o caminho certo, pois eles são merecedores de maior severidade, e eles não podem ser levados ao arrependimento por qualquer outro expediente.
“Ampareis os fracos”.
Outro sistema de conduta deve ser seguido aqui, pois eles precisam de consolo.
Os fracos também devem ser assistidos; por fracos de coração, porém, ele quer dizer, aqueles que têm o coração quebrantado e aflito. Ele consequentemente lhes favorece, e os fracos, que de alguma forma, agem tal como os que são insubmissos, devem ser restringidos com algum grau de severidade.
Por outro lado, ele ordena que o rebelde deve ser admoestado severamente, a fim de que os fracos possam ser tratados com bondade e humanidade, e que os de coração fraco possam receber consolo; por isso, é sem propósito que aqueles que são obstinados e intratáveis sejam suavemente acariciados, na medida em que os remédios devem ser adaptados às doenças.
Ele recomenda, no entanto, paciência para com todos, porque a severidade deve ser temperada com algum grau de indulgência, mesmo ao lidar com os rebeldes.
Esta paciência, no entanto, é, propriamente falada, em contraste com um sentimento de desinteresse, porque para nada somos mais propensos para nos sentirmos cansados do que quando nos propusemos a curar as fraquezas dos nossos irmãos.
O homem que tem uma e outra vez consolado uma pessoa que está com o coração enfraquecido, se ele é chamado a fazer a mesma coisa uma terceira vez, vai sentir, eu sei, não somente cansaço, mas até mesmo indignação, que não permitirá que ele persevere no cumprimento do seu dever.
Assim, se por admoestar ou repreender, não conseguimos alcançar imediatamente o bem que pretendemos fazer, perdemos toda a esperança de sucesso no futuro. Paulo tinha em vista colocar um freio na impaciência desta natureza, recomendando-nos a moderação para com todos.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra