Comentário de 1 Tessalonicenses 1.1
Por João Calvino
“Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz tenhais de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” (I Tessalonicenses 1.1)
A brevidade da dedicatória mostra claramente que a doutrina de Paulo havia sido recebida com reverência entre os tessalonicenses, e que, sem controvérsia, todos eles lhe prestavam a honra que ele merecia. Pois, quando em outras epístolas designa a si mesmo como apóstolo, ele faz isto com o objetivo de reivindicar autoridade para si. Por isso, a circunstância de que ele faça uso simplesmente do seu nome, sem qualquer título de honra, é evidência de que aqueles a quem escreve reconheciam-no voluntariamente tal como a pessoa que era. É verdade que os ministros de Satanás haviam se esforçado para importunar esta igreja também, mas é evidente que as maquinações deles foram infrutíferas. Contudo, ele associa a si mesmo dois outros, como sendo, em comum consigo, autores da Epístola. Nada mais é afirmado aqui que já não tenha sido explicado em outra parte, exceto que ele diz: “a igreja em Deus, o Pai, e em Cristo”, por cujos termos (se não estou equivocado) ele sugere que verdadeiramente há entre os tessalonicenses uma igreja de Deus. Portanto, esta marca é como que a aprovação de uma igreja legítima e verdadeira. Contudo, ao mesmo tempo podemos inferir por aqui que uma igreja deve ser buscada apenas onde Deus é quem preside, e onde Cristo é quem reina, e que, em suma, não existe nenhuma igreja que não esteja fundamentada em Deus, reunida sob os auspícios de Cristo e unida em seu nome.
(Nota do Pr Silvio Dutra: Tomemos por assentado, que nesta dispensação da graça, que tem durado desde a morte e ressurreição de Jesus, que a nenhuma pessoa, e a nenhuma instituição tem sido dado por Deus, que em nome da religião, se faça acepção, ou injúria, maldição ou condenação de quem quer que seja, e muito menos que se use de violência seja ela moral ou física em nome de se defender a santidade e justiça de Deus. Ao contrário é ordenado aos que amam e conhecem a Deus em espírito, que amem a todos, inclusive a seus inimigos, e que perdoem e bendigam os que lhes amaldiçoam, injuriam ou perseguem.
Quando encontramos em comentários bíblicos o terrível destino que está reservado àqueles que se opuserem a Deus até o final de suas vidas, como vemos por exemplo não apenas nos comentários de Calvino, mas nos de todos aqueles que são fiéis à pregação e ensino da verdade revelada nas Escrituras, o que se tem em foco não é uma ameaça ou um aborrecimento declarado da parte de homens, senão um alerta misericordioso da parte do próprio Deus, que é quem o afirma, pela boca dos seus ministros o que há de suceder no dia do juízo final, de modo que pelo arrependimento, possam se converter e serem livrados da condenação.)
----------------------------------------------------------------------