Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Comentário de 1 Tessalonicenses 2.4
Por João Calvino
“pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração.” (I Tessalonicenses 2.4)
“Como fomos aprovados”. Paulo dá um passo além, pois apela a Deus como o Autor do seu apostolado, e raciocina da seguinte maneira: “Deus, quando me designou para este ofício, deu testemunho de mim como um servo fiel; não há razão, portanto, para que os homens tenham dúvidas quanto à minha fidelidade, a qual sabem ter sido aprovada por Deus”. Contudo, Paulo não se gloria em ter sido aprovado, como se o fosse por si mesmo; pois ele não disputa aqui a respeito do que possuía por natureza, nem coloca o seu próprio poder em colisão com a graça de Deus, mas simplesmente afirma que o Evangelho lhe havia sido confiado como a um servo fiel e aprovado. Ora, Deus aprova aqueles que ele formou para si de acordo com a sua vontade.
“Não como para agradar a homens”. O que significa agradar a homens foi explicado na Epístola aos Gálatas (Gál 1.10), e esta passagem também o mostra admiravelmente. Paulo contrasta agradar aos homens e agradar a Deus como coisas que se opõem entre si. Ademais, quando diz: Deus, que prova os nossos corações, ele sugere que aqueles que se esforçam por obter o favor dos homens não são influenciados por uma consciência correta, e não fazem nada de coração. Saibamos, portanto, que os verdadeiros ministros do evangelho devem ter por alvo devotar os seus esforços a Deus, e fazer isto de coração; não por qualquer consideração exterior pelo mundo, e sim porque a consciência lhes diz que isto é correto e apropriado. Assim isto assegurará que eles não terão por alvo agradar aos homens, ou seja, que eles não agirão sob influência da ambição, tendo em vista o favor dos homens.
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 03/09/2014