Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Comentário de I Tessalonicenses 2.12
 
Por João Calvino
 
“I Tes 2.11. Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos;”
I Tes 2.12 Para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória.”
 
“Exortávamos”. Ele mostra com que sinceridade se devotara ao bem-estar deles, pois relata que, ao lhes pregar a respeito da piedade para com Deus e os deveres da vida cristã, não fora apenas de uma maneira negligente, mas afirma ter feito uso de exortações e rogos. Há uma pregação viva do evangelho, quando as pessoas não são meramente informadas do que é certo, mas são compungidas (At 2:37) por exortações, e são chamadas ao tribunal de Deus, para que não fiquem dormentes em seus vícios – pois é propriamente isto que significa rogar. Mas, se homens piedosos, cuja prontidão Paulo recomenda tão fortemente, estavam em completa necessidade de serem estimulados por exortações inspiradoras – mais ainda, por rogos, o que se deve fazer conosco, naqueles em que a preguiça da carne reina ainda mais? Ao mesmo tempo, quanto aos ímpios, cuja obstinação é incurável, é necessário denunciar sobre eles a terrível vingança de Deus, não tanto na esperança de um bom resultado, mas a fim de que eles se tornem inescusáveis.
Alguns traduzem o particípio paramuthoumenoi por consolávamos. Se adotarmos esta tradução, ele quer dizer que fez uso de consolações ao tratar dos aflitos, os quais precisam ser sustentados pela graça de Deus, e refrescados pelo provar das bênçãos celestiais, para que não percam o ânimo ou se tornem impacientes. O outro sentido, porém, é mais adequado ao contexto – de que ele admoestava; pois os três verbos, é evidente, referem-se à mesma coisa.
“Para que vos conduzísseis”. Ele apresenta em poucas palavras a suma e essência das suas exortações – que, ao engrandecer a misericórdia de Deus, ele os admoestara para não que não fracassassem em seu chamado. Sua recomendação da graça de Deus está contida na expressão: que vos chama para o seu reino. Pois, assim como a nossa salvação está fundamentada na adoção graciosa de Deus, todas as bênçãos que Cristo nos trouxe estão compreendidas neste único termo. Agora resta que respondamos ao chamado de Deus, ou seja, que nos mostremos como filhos dele tais como ele é um Pai para nós. Pois aquele que vive de um modo outro que não convenha a um filho de Deus merece ser excluído da família de Deus.


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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 03/09/2014
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