Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Comentário de I Tessalonicenses 2.15
Por João Calvino
“Os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens,” (I Tessalonicenses 2.15)
“Os quais mataram o Senhor Jesus”. Como esse povo havia sido distinguido por muitos benefícios de Deus, em consequência da glória dos patriarcas, o próprio nome (judeu) era de grande autoridade entre muitos. Para que esse disfarce não deslumbrasse os olhos de ninguém, ele priva os judeus de toda a honra, não lhes deixando nada além do ódio e da maior infâmia.
“Vede”, diz ele, “as virtudes pelas quais eles merecem louvor entre os bons e piedosos! – eles mataram seus próprios profetas e, por fim, o Filho de Deus; eles perseguiram a mim, seu servo, eles fazem guerra contra Deus, são detestados por todo o mundo, são hostis à salvação dos gentios; por fim, eles estão destinados à destruição eterna”.
Questiona-se, por que ele diz que Cristo e os profetas foram mortos pelas mesmas pessoas? Respondo que isto se refere a todo o corpo, pois Paulo quer dizer que não há nada de novo ou incomum na resistência deles a Deus, mas que, pelo contrário, eles estão, deste modo, enchendo a medida de seus pais, assim como Cristo se referiu a eles (Mt 23:32).
(Nota do Pr Silvio Dutra: Tomemos por assentado, que nesta dispensação da graça, que tem durado desde a morte e ressurreição de Jesus, que a nenhuma pessoa, e a nenhuma instituição tem sido dado por Deus, que em nome da religião, se faça acepção, ou injúria, maldição ou condenação de quem quer que seja, e muito menos que se use de violência seja ela moral ou física em nome de se defender a santidade e justiça de Deus. Ao contrário é ordenado aos que amam e conhecem a Deus em espírito, que amem a todos, inclusive a seus inimigos, e que perdoem e bendigam os que lhes amaldiçoam, injuriam ou perseguem.
Quando encontramos em comentários bíblicos o terrível destino que está reservado àqueles que se opuserem a Deus até o final de suas vidas, como vemos por exemplo não apenas nos comentários de Calvino, mas nos de todos aqueles que são fiéis à pregação e ensino da verdade revelada nas Escrituras, o que se tem em foco não é uma ameaça ou um aborrecimento declarado da parte de homens, senão um alerta misericordioso da parte do próprio Deus, que é quem o afirma, pela boca dos seus ministros o que há de suceder no dia do juízo final, de modo que pelo arrependimento, possam se converter e serem livrados da condenação.)
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/09/2014