Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Comentário de I Tessalonicenses 3.2
Por João Calvino
“2 E enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo, para vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé;”
“3. Para que ninguém se comova por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados,”
“Nosso irmão”. Paulo designa a Timóteo esses sinais de recomendação, a fim de mostrar com a maior clareza o quanto estava inclinado a considerar o bem-estar deles; pois, se lhes houvesse enviado uma pessoa comum, isto não poderia ter lhes fornecido tanta assistência; e, porquanto Paulo teria feito isto sem inconveniência para si, ele não teria dado nenhuma prova distintiva do seu cuidado paternal por eles. Por outro lado, é algo notável que ele se prive de um irmão e cooperador, e alguém que, conforme declara em Fp 2:20, não encontrara igual – porquanto todos visavam à promoção dos seus próprios interesses. Ao mesmo tempo, ele assegura autoridade para a doutrina que eles haviam recebido de Timóteo, a fim de que permanecesse mais profundamente gravada na memória deles.
Contudo, é com um bom motivo que ele diz que havia enviado Timóteo com este objetivo – para que recebessem uma confirmação da sua fé através do seu exemplo. Eles poderiam ser intimidados por relatos desagradáveis quanto a perseguições; mas a constância destemida de Paulo era tanto mais adequada para animá-los, impedindo-os de recuarem. E, certamente, a comunhão que deveria subsistir entre os santos e membros de Cristo se estende até aqui – que a fé de um é a consolação de outros. Assim, quando os tessalonicenses ouviram que Paulo seguia com zelo infatigável, e pela força da fé superava todos os perigos e todas as dificuldades, e que a sua fé continuava vitoriosa em toda a parte contra Satanás e o mundo, isto lhes trouxe não pequena consolação. Ainda mais especialmente nós devemos, ou ao menos deveríamos, ser estimulados pelos exemplos daqueles por quem somos instruídos na fé, conforme é dito no final da Epístola aos Hebreus (Hb 13:7). Paulo, portanto, quer dizer que eles deveriam ser fortalecidos pelo seu exemplo, não recuando sob as aflições. Já que, de qualquer forma, eles poderiam ter ficado ofendidos, se Paulo tivesse nutrido um temor a fim de que nem todos recuassem sob perseguições (porquanto isto teria sido uma evidência de excessiva desconfiança), ele suaviza esta aspereza dizendo: para que ninguém, ou, para que nenhum (verso 3). Havia, contudo, um bom motivo para temer isto, uma vez que em toda a sociedade sempre existem pessoas fracas.----------------------------------------------------------------------
João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/09/2014