Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Comentário de I Tessalonicenses 3.9,10
 
Por João Calvino
 
“9. Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus,
10. Orando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta à vossa fé?”
 
“Porque, que ação de graças, etc”. Não satisfeito com uma simples afirmação, Paulo afirma quão extraordinária é a grandeza da sua alegria, por perguntar a si mesmo que ação de graças poderia render a Deus; pois, falando assim, ele declara que não poderia encontrar uma expressão de gratidão que alcançasse a medida da sua alegria. Ele afirma que se regozija diante de Deus, ou seja, verdadeiramente e sem qualquer pretensão.
“Orando abundantemente”. Ele volta a uma expressão acerca do seu desejo. Pois nunca nos é permitido congratularmos a homens, enquanto vivem neste mundo, em termos tão impróprios que nem sempre desejemos algo melhor para eles. Porque aqueles que ainda estão no caminho – podem recuar, se desviar, ou mesmo voltar atrás. Por isso, Paulo está desejoso de ter oportunidade de suprir o que falta à fé dos tessalonicenses. Mas a partir disto inferimos que aqueles que ultrapassam em muito a outros ainda estão muito distantes do alvo. Por isso, independentemente do progresso que possamos ter feito, tenhamos sempre em vista as nossas deficiências ((husteremata) para que não sejamos relutantes em mirar em algo mais além.
Através disto também se mostra quão necessário é que prestemos cuidadosa atenção à doutrina, pois os mestres não foram designados meramente com vistas a guiar os homens, no curso de um só dia ou mês, à fé de Cristo, mas com o propósito de aperfeiçoar a fé que foi iniciada. Mas, quanto a Paulo reivindicar para si o que em outro lugar ele declara pertencer peculiarmente ao Espírito Santo (1 Co 14:14), isto deve ser restrito ao ministério. Ora, como o ministério de um homem é inferior à eficácia do Espírito, e, para usar a expressão comum, é subordinado a ele, nada é dele diminuído. Quando afirma que orava dia e noite fora de qualquer medida comum, podemos deduzir a partir destas palavras como ele era assíduo ao orar a Deus, e com que ardor e dedicação cumpria esse dever.
 

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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/09/2014
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