Comentário de Gálatas 6.14
Por João Calvino
"Gál 6:14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.”
“Mas longe de mim”. Paulo agora contrasta as tramas dos falsos apóstolos com sua própria sinceridade, como se estivesse dizendo: “Para não serem compelidos a levar a cruz, então negam a cruz de Cristo, adquirem os aplausos dos homens com o preço de vossa carne e terminam conduzindo-vos em triunfo. Meu triunfo e minha glória, porém, se encontram na cruz do Filho de Deus”. Se os gálatas não estivessem ainda destituídos de todo aquele comum sentimento, porventura não deveriam ter se aborrecido daqueles a quem viam se refestelando a expensas deles?
“Gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” é o mesmo que gloriar-se no Cristo crucificado, ainda que algo mais esteja implícito. Ele tem em mente a morte cheia de miséria e ignomínia, a qual Deus mesmo amaldiçoou; a morte que os homens contemplaram com aversão e vergonha; nessa morte, diz ele, me gloriarei, porque nela eu encontro perfeita felicidade. Pois onde o bem mais excelente existe, aí há glória. Mas, por que não também em outros lugares? Ainda que a salvação seja revelada na cruz de Cristo, onde fica sua ressurreição? Eis minha resposta: na cruz está contida a totalidade da redenção e todas as suas partes, mas a ressurreição de Cristo não nos afasta da cruz. E note-se bem que ele abomina todas as outras formas de glória como não sendo nada menos que uma terrível ofensa. Que Deus nos proteja de tal praga; isso não passa de uma monstruosidade! Eis o significado da frase que Paulo frequentemente usa — de modo algum!
“Pelo qual o mundo”. Como “stauros” é masculino, o pronome relativo pode, no grego, referir-se ou a Cristo ou à cruz. Em minha opinião, contudo, é preferível que se refira à cruz. Porque por meio dela, estritamente falando, morremos para o mundo. Mas, o que significa “o mundo”? Ele é indubitavelmente contrastado com a nova criatura. Tudo quando se opõe ao reino espiritual de Cristo é o mundo, visto que ele pertence ao velho homem; ou, numa palavra, o mundo é, por assim dizer, o objeto e o alvo do velho homem.
O mundo está crucificado para mim, diz Paulo. No mesmo sentido, em outro lugar ele declara que considera todas as coisas como esterco (Fp 3.8). Crucificar o mundo é menosprezá-lo e reduzi-lo a nada.
E ele adiciona o oposto: “e eu para o mundo”. Com essa expressão ele quer dizer que o mundo era completamente sem importância e deveras absolutamente nada, porque a nulidade pertence aos mortos. De qualquer forma, ele quer dizer que, pela mortificação do velho homem, havia renunciado ao mundo. Alguns o expõem assim: “Se o mundo me considera como amaldiçoado e proscrito, eu considero o mundo condenado e maldito”. Isso, a meu ver, parece ser um tanto estranho ao pensamento de Paulo, porém deixo a decisão com os leitores.
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 07/09/2014