Comentário de 2 Tessalonicenses 3.12
Por João Calvino
“A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.” (2 Tessalonicenses 3.12)
“A esses tais, porém, mandamos”. Paulo corrige os dois erros aos quais havia feito menção – uma inquietação tempestuosa, e o afastamento da ocupação útil. Portanto, ele os exorta, antes de tudo, a cultivarem a tranquilidade – ou seja, a se manterem tranquilamente dentro dos limites do seu chamado; ou, como normalmente dizemos, “sans faire bruit” (sem fazer barulho). Pois esta é a verdade: são os mais pacíficos de todos aqueles que se exercitam em ocupações legítimas; enquanto aqueles que nada têm a fazer causam aborrecimentos a si mesmos e a outros. Ademais, ele acrescenta outro preceito – que eles deveriam trabalhar, ou seja, que deveriam estar atentos ao seu chamado, e devotarem-se a ocupações honrosas e legítimas, sem o que a vida do homem é de natureza errante. Por onde, também, segue-se esta terceira injunção – que eles deveriam comer o seu próprio pão; querendo dizer com isto que eles deveriam estar satisfeitos com o que lhes pertence, para que não fossem opressivos ou desmedidos com outros. “Bebe a água”, diz Salomão, “da tua cisterna, e que as correntes fluam para os vizinhos” (Pv 5:15). Esta é a primeira lei da equidade – que ninguém faça uso do que pertence a outro, mas use apenas o que pode propriamente chamar de seu. A segunda é que ninguém trague, como um abismo, o que pertence a si, mas que seja beneficente para os seus vizinhos, e que possa aliviar a indigência deles através da sua abundância. Do mesmo modo, o Apóstolo exorta aqueles que anteriormente haviam sido ociosos a trabalharem, não apenas para que possam ter para si um meio de vida, mas para que também possam ser úteis às necessidades dos seus irmãos – assim como também ensina em outro lugar (Ef 4:28).
João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 08/09/2014