O Vingar-se Pertence Somente a Deus
Por João Calvino
“não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.” (Romanos 12.19)
“Não vos vingueis, etc”. O mal que Paulo corrige aqui é mais grave do que o anterior, que ele tinha antes afirmado; e ainda os dois surgem da mesma fonte, do mesmo amor próprio desordenado e do orgulho inato, o que nos deixa muito indulgentes para com nossas falhas e inexoráveis para com as dos outros. Como então esta doença gera em quase todos os homens uma paixão violenta por vingança, sempre que eles são tocados no mínimo grau, Paulo ordena aqui, que por mais que possamos ser gravemente injuriados, não devemos buscar vingança, mas entregá-la ao Senhor. E na medida em que eles não admitem facilmente o freio, para aqueles que são uma vez tomados por essa paixão selvagem, ele estabelece, por assim dizer, a sua mão sobre nós para nos restringir, por gentilmente nos tratar como amados.
O preceito; então é, - que não devemos nos vingar nem procurar retribuir as injúrias que nos são feitas. O modo é adicionado, um lugar deve ser dado à ira. Dar lugar à ira, é entregar ao Senhor o direito de julgar aquilo que levam para longe dele aqueles que tentam se vingar. Assim, como não é lícito usurpar o ofício de Deus, não é lícita a vingança; para que, deste modo, antecipemos o juízo de Deus, que terá sempre este ofício reservado para si mesmo. Paulo, ao mesmo tempo dá a entender, que deveriam ter Deus como seu defensor, aqueles que pacientemente esperam por sua ajuda; mas que aqueles que se antecipam a ele, não deixam lugar para a ajuda de Deus.
Mas ele proíbe aqui, que não somente não devemos executar vingança com as próprias mãos, mas também que nossos corações não estejam influenciados por um desejo desse tipo; é, portanto, supérfluo fazer uma distinção aqui entre vingança pública e privada; pois aquele que, com uma mente malévola e desejosa de vingança, procura a ajuda de um magistrado, não tem mais desculpa do que quando ele inventa meios de auto-vingança. Nem a vingança, como logo veremos, não deve de fato em todas as ocasiões ser procurada aparte de Deus, pois se nossos pedidos surgem de um sentimento particular, e não de zelo puro produzido pelo Espírito, não fazemos tanto de Deus o nosso juiz quanto fazemos do carrasco da nossa paixão depravada.
Por isso, não devemos em caso contrário dar lugar à ira, do que quando com mentes tranquilas esperamos o momento oportuno de libertação, orando ao mesmo tempo, para que os que agora são nossos adversários, possam, pelo arrependimento tornarem-se nossos amigos.
“Pois está escrito, etc”. Ele traz a prova, tirada do cântico de Moisés em Deuteronômio 32.35, onde o Senhor declara que ele será o vingador de seus inimigos; e os inimigos de Deus são todos os que, sem causa oprimem seus servos. "Aquele que você toca", diz ele, "toca a menina do meu olho." Devemos ficar contentes, então, com esta consolação - que de modo nenhum escaparão impunes aqueles que imerecidamente nos oprimem, - e que, por meio de perseverança, não devemos mais fazer de nós mesmos o assunto, ou então ficarmos abertos às injúrias dos ímpios, senão, ao contrário, dar lugar para o Senhor, que é o nosso único juiz e libertador, para nos trazer ajuda.
Apesar de não ser de fato lícito orarmos a Deus por vingança contra os nossos inimigos, mas orar pela sua conversão, para que possam tornar-se amigos; no entanto, se eles prosseguem em sua impiedade, o que deve acontecer com os desprezadores de Deus irá acontecer com eles. Mas Paulo não citou este testemunho para mostrar que é certo para nós ser como se estivéssemos no fogo logo que somos injuriados, e de acordo com o impulso da nossa carne, pedir em nossas orações para que Deus possa tornar-se o vingador dos nossos ofensores; mas primeiro ele nos ensina que não pertence a nós a vingança, a não ser que desejássemos assumir nós mesmos o ofício de Deus; e em segundo lugar, ele sugere, que não devemos temer que os ímpios mais se enfureçam com a sua ira quando nos veem suportando pacientemente; pois Deus não tomou em vão sobre si o encargo de execução da vingança.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 10/09/2014