Amoldando-se aos Humildes
Por João Calvino
“Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos.” (Romanos 12.16)
“Nem pensem arrogantemente de si mesmos, etc”. O Apóstolo emprega palavras em grego - mais significativo e mais adequado para a antítese: "Nem pensem", diz ele, "em coisas elevadas", pelas quais ele quer dizer, que não é a parte de um cristão aspirar de modo ambicioso àquelas coisas pelas quais ele pode se destacar dos outros, nem assumir uma aparência imponente, mas, pelo contrário, exercer humildade e mansidão, porque é com estas que se destaca diante do Senhor, e não por orgulho e desprezo dos irmãos. Um preceito é adequadamente adicionado ao anterior; porque nada tende mais para quebrar aquela unidade que foi referida, do que quando nos elevamos, e aspiramos a algo mais elevado, de modo que possamos chegar a uma situação superior.
Aqui, então, é condenado toda a ambição e aquela euforia de mente que se insinua sob o nome de magnanimidade; porque a principal virtude dos fiéis é a moderação, ou melhor, a humildade, que sempre prefere dar honra aos outros, em vez de levá-la para longe deles.
Intimamente ligado a isso é o que está acrescentado; porque nada incha as mentes dos homens tanto quanto uma alta noção de sua própria sabedoria. Seu desejo era então, que deveríamos colocar isso de lado, ouvir os outros, e considerar seus conselhos. Erasmo tem interpretado φρονίμους - arrogante; mas a afirmação é tensa e fria; porque Paulo teria, neste caso, repetido a mesma palavra sem qualquer significado. No entanto, a solução mais adequada para curar a arrogância é, que o homem não deve se considerar muito sábio na sua própria estima.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 10/09/2014