A Fé Salvadora
Citações de um sermão de C. H. Spurgeon, traduzidas e adaptadas por Silvio Dutra.
"A tua fé te salvou.” (Lucas 7.50; 18.42)
Lendo o relato dos textos destacados acima somos levados a perguntar, qual é a razão para isso? Qual é a razão pela qual, em cada caso, em cada homem que é salvo, a fé é o grande instrumento de salvação? Não é em primeiro lugar porque Deus tem o direito de escolher o caminho da salvação que lhe agrada, e ele escolheu para que os homens sejam salvos, não pelas obras, mas pela fé em seu Filho amado? Deus tem o direito de dar a sua misericórdia a quem ele quiser, ele tem o direito de dá-la quando ele quiser, ele tem o direito de dá-la do modo que lhe agrada, e sabeis isto, ó filhos dos homens, que o decreto do céu é imutável, e permanece firme para sempre. “Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado". Para isto não haverá exceção, o Senhor fez a regra e a manterá. Se queres ter a salvação, "crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo", mas se não, a salvação é totalmente impossível para ti. Este é o caminho determinado, siga-o, e isso te levará ao céu, recusa-o, e tu perecerás. Esta é a determinação soberana de Deus, "Aquele que crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no Filho de Deus." (João 3.18). Jeová o fará. Se este é o seu método de graça, não vamos lutar contra ele. Se ele determina que somente a fé salvará, que assim seja. Bom Mestre, crie e aumente a nossa fé.
O apóstolo Paulo nos diz que é pela fé para que pudesse ser pela graça. Se a condição da salvação tivesse sido por sentimento ou por obras, então, tal é a depravação de nossa natureza, que deveríamos, inevitavelmente, ter atribuído o mérito da salvação para ao sentimento ou às obras. Deveríamos ter reivindicado algo de que pudéssemos nos gloriar. Não importa quão baixa a condição possa ter sido, o homem teria ainda considerado que havia algo provindo dele, algo que veio dele, e que, portanto, ele deve ter algum crédito para si mesmo. Mas nenhum homem, a não ser que seja demente, jamais reivindicou crédito por ter crido na verdade. Se ele ouve aquilo que o convence, ele fica convencido, e se ele se convenceu, ele é persuadido, senão ele sentiria que isto não poderia ser de outra forma. Ele atribui o efeito à verdade e à influência operada. Ele não se gaba porque ele crê no que é tão claro para ele que não pode duvidar. Se ele se gabasse assim da fé espiritual, todos os homens diriam em uníssono: “Por que te glorias no fato de ter crido, e, especialmente, quando este ter crido nunca teria sido teu, se não fosse pela força da verdade que te convenceu, e pela obra do Espírito de Deus, que te constrangeu a crer?” A fé é escolhida por Cristo para usar a coroa da salvação. Foi Cristo que salvou a mulher penitente, foi Cristo que salvou aquele mendigo cego, mas ele pega a coroa de sua própria cabeça, e como a fé é tão querida para ele, ele coloca o diadema sobre a cabeça da fé e diz: “Tua fé te salvou”, porque ele esta absolutamente certo de que a fé nunca tomará a glória para si mesma, mas voltará a colocar a coroa sob os pés perfurados do Senhor, dizendo: “Não seja a glória para mim mesma, porque fizeste isso, tu és o Salvador, e tu somente.” De maneira, então, para ilustrar e para proteger os interesses da graça soberana, e para excluir todos os tipos de vanglória, Deus tem o prazer de fazer o caminho da salvação ser pela fé, e não por outros meios.
A fé na salvação não é a causa meritória, nem é, em qualquer sentido a própria salvação propriamente dita. A fé nos salva, assim como a boca salva da fome. Se estivermos com fome, o pão é a verdadeira cura para a fome, mas ainda assim seria correto dizer que a alimentação elimina a fome, visto que o próprio pão não poderia nos beneficiar, a menos que a boca o coma. A fé é a boca da alma, em que a fome do coração é removida. Cristo é também a serpente de bronze levantada, toda a virtude de cura está nele, mas nenhuma virtude de cura vem da serpente de bronze para qualquer um que não olhar para ela, de modo que a busca é justamente considerada o ato que salva. É verdade, no senso mais profundo que é Cristo crucificado que salva, a ele seja toda a glória, mas sem olhar para ele não podemos ser salvos, de modo que “há vida em olhar", bem como se acha vida no Salvador para quem você olha. Nada é seu até que você se aproprie dele. A fé é a mão da alma. Esticada, ela se apodera da salvação de Cristo, e assim, pela fé somos salvos. "A tua fé te salvou."
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 19/09/2014