Jesus é o Rei Supremo do Céu e da Terra - Comentário de João 5.22
Por João Calvino
“E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento,” (João 5.22)
“Porque o Pai a ninguém julga”. Jesus agora afirma com mais clareza a verdade geral, que o Pai governa o mundo na pessoa do Filho e exerce o domínio pela sua mão; porque o evangelista emprega a palavra julgamento, concordando com a expressão idiomática da língua hebraica, como denotando autoridade e poder. Percebemos agora a suma do que é dito aqui, que o Pai deu ao Filho um Reino, para que ele possa governar o céu e a terra de acordo com a sua vontade. Mas isso pode parecere ser muito absurdo, a saber, que o Pai, renunciando ao seu direito de governar, deve permanecer desocupado no céu, mas a resposta é fácil. Isto é dito, tanto em relação a Deus e aos homens; porque nenhuma mudança ocorreu no Pai, quando nomeou Cristo como supremo Rei e Senhor do céu e da terra; pois ele está no Filho, e trabalha nele. Mas uma vez que, quando queremos nos elevar a Deus, todos os nossos sentidos imediatamente falham, Cristo é colocado então diante de nossos olhos como uma imagem viva do Deus invisível. Não há razão, portanto, por que devemos trabalhar arduamente para nenhum propósito em explorar os segredos do céu, uma vez que Deus provê para a nossa fraqueza, por se revelar tão próximo na pessoa de Cristo; mas, por outro lado, sempre que a indagação diz respeito ao governo do mundo, à nossa própria condição, à tutela celestial de nossa salvação, vamos aprender a dirigir os olhos para Cristo, porque todo o poder foi dado a ele (Mateus 28.18), e em sua face, Deus Pai, que de outra forma teria ficado ocultado e à distância, aparece para nós, para que a majestade revelada de Deus não nos consuma pelo seu brilho inconcebível.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 03/10/2014