Sem Obediência a Deus e à Sua Palavra Não Há Vitória
O que havia ocorrido com o povo de Israel no período dos Juízes é o mesmo que ocorre com a Igreja dos nossos dias, que tem apostatado da fé genuína do evangelho, sobretudo em razão da sua grande mistura com as práticas que são do mundo (Tiago 4.4; I João 2.15).
Podemos aprender muito com a narrativa do 2º capítulo de Juízes no qual se declara expressamente que a ruína de Israel era devida à sua assimilação das práticas pagãs dos habitantes da terra de Canaã.
Este capítulo segundo é uma síntese de tudo o que é narrado no livro de Juízes.
Ele é uma preparação para tudo o que será dito dali em diante.
Ele cita o que aconteceu, e estes fatos serão narrados detalhadamente nos capítulos posteriores, com exceção dos cinco últimos capítulos que se referem a um período anterior ao dos juízes.
A narrativa se inicia com o anjo do Senhor repreendendo duramente os israelitas, pelo fato de não terem conquistado os territórios que lhes foram designados por sortes, nos dias de Josué, e pelo fato de terem se acomodado e se misturado aos cananeus.
Nos versos 11 a 13 é citado que a geração que se seguiu à de Josué não conhecia ao Senhor, e fez o que era mau aos seus olhos, misturando-se aos cananeus e fazendo as mesmas práticas abomináveis deles.
A condição de todo o período coberto pela narrativa do livro de Juízes, o qual durou aproximadamente trezentos anos, está declarada de forma resumida nos versos 14 a 23.
Nestes versos está revelado claramente que o motivo de estarmos enfraquecidos diante de nossos inimigos espirituais e sujeitados a sermos pisados pelos homens, como sal que perdeu o sabor, está relacionado ao abandono do Senhor, e da prática da Sua Palavra.
A comunhão com Deus, garantida por um andar no Espírito Santo, fazendo aquilo que Ele nos tem ordenado na Bíblia e em relação à Sua vontade específica, no que se relaciona ao viver diário, especialmente o que diz respeito às coisas pertinentes ao ministério, que recebemos dEle para cumprir, é o modo de se ter uma vida verdadeiramente próspera e sermos mais do que vencedores, por meio de Jesus, sobre a carne, o mundo e o diabo.
Quando nos desviamos dos caminhos do Senhor ficamos sujeitados à disciplina da aliança, que temos com Ele, por iniciativa e autoridade dEle próprio, que nos deixa à mercê da opressão dos nossos inimigos, para que seja produzido em nós o devido arrependimento.
Quando este arrependimento ocorre e clamamos pelo livramento de Deus, Ele se apressa em socorrer-nos, voltando a nos conceder a Sua graça e poder, para sermos fortalecidos e podermos voltar a andar na Sua presença.
Deus é santo, e sem a santidade que Ele mesmo nos confere, por meio do Espírito Santo, é impossível estar em comunhão com Ele.
Por isso necessitamos da Sua graça, para que operando em nós, de forma a nos conceder um coração segundo o Seu coração, possamos retornar à comunhão.
Então nós vemos declarado na Palavra de Deus que era Ele próprio que entregava Israel nas mãos dos seus inimigos, e que também, por Sua própria deliberação, decidiu que não desapossaria mais aquelas nações da presença de Israel, para que por meio delas pudesse provar a fidelidade do Seu povo, em não se deixar levar pelas suas práticas abomináveis, e permanecerem fiéis, na guarda dos Seus mandamentos.
Por meio da permanência de muitas daquelas nações seria provado até que ponto Israel buscaria uma vida autêntica de fé e obediência, de modo que se pudesse provar através disso que estavam de fato fazendo a vontade de Deus, pois não havia outra maneira de terem sucesso sobre os seus inimigos.
Isto ensina claramente que não se vence o diabo com religiosidade desprovida de verdadeira comunhão com Deus, porque é se sujeitando a Ele e à Sua vontade, que vencemos o diabo e todas as suas hostes.
Em outras palavras: a vitória sobre as forças do inimigo decorre de um caminhar na presença do Senhor.
É sujeitando-se a Deus, mediante prática da Sua Palavra, que o diabo foge de nós.
Mas não era isto o que se via nas sucessivas gerações de Israel.
Deus havia formado um povo exclusivamente seu a partir de Abraão, para o propósito de preservar a vida do homem na Terra. Porque pelo modo santo com que deveriam viver revelariam que a prática da justiça divina preserva e traz prosperidade, mas a prática do mal, não somente destrói pessoas e nações, como também atrai os juízos condenatórios do Senhor.
E isto estava sendo observado de modo prático nos dias do Velho Testamento, através das assolações que Deus estava trazendo sobre as nações pagãs, como sobre o próprio povo de Israel, quando este também se encontrava debaixo das mesmas práticas abomináveis daquelas nações.
Em vez de serem distintos das nações de Canaã, pelo cumprimento de tudo que lhes foi ordenado na Lei de Moisés, se misturavam às práticas daquelas nações, e perdiam a sua identidade distintiva de povo do Senhor, porque quando se mistura água com vinho, o resultado é uma mistura homogênea, e não dá mais para se distinguir quem é a água e quem é o vinho.
Mas quando se mistura água com azeite, o azeite há de ficar por cima da água e não se misturará a ela.
É pois somente estando cheios do azeite que simboliza o Espírito Santo, e andando nEle, que apesar de estarmos no mundo e termos que nos relacionar com as pessoas que são dele, com vistas a lhes conduzir à bênção do Senhor, por nosso bom testemunho de vida, não nos misturaremos jamais às coisas deste mundo e ao pecado, como diz o apóstolo Paulo em Gál 5.16: “Andai no Espírito e jamais satisfareis aos desejos da carne.”.
Assim, nós podemos concluir que a razão da repreensão que o anjo do Senhor dirigiu aos israelitas se prendeu muito mais à falta de fé, e a esta mistura com as práticas dos povos de Canaã, do que propriamente à falta de iniciativa em combater os cananeus, para se apossarem das terras que lhes foram designadas por sortes.
O anjo do Senhor vinha lhes acompanhando desde a saída do Egito, e declara isto nas palavras dos versos 1 a 3, e que estava sendo fiel ao pacto que haviam feito com Deus, de guardarem todos os Seus mandamentos, pois lhes estava ajudando a cumprirem tudo que lhes havia sido ordenado, especialmente no que se referia a prevalecerem contra os seus inimigos, mas manifestou o Seu desagrado diante do seu recuo em fazerem a vontade de Deus, com as seguintes palavras:
“1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a terra que, com juramento, prometi a vossos pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco;
2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso?
3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.”.
Nós lembramos nisto, das palavras de Paulo dirigidas aos Gálatas:
“Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,” (Gál 1.6). E ainda em Gál 5.7: “Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade?”.
A síntese de todo o conteúdo do livro de Juízes, que é feita neste segundo capítulo, revela que o propósito principal da escrita deste livro foi o de ensinar que a mistura do povo de Deus com as práticas abomináveis do mundo o torna impotente para conhecer e fazer a vontade do Senhor.
Ensina também que a falta de fé e determinação para cumprir tudo aquilo que Deus nos tem ordenado expressamente, como no caso dos israelitas, a indiferença em realizar a conquista total de Canaã, acaba por conduzir o povo de Deus a perder o seu caráter único e santo, e em decorrência disto, não terá poder e autoridade que procedem do Senhor para poder conhecer e fazer a Sua vontade, deixando portanto, de ser bênção para as nações.
O mundo espiritual é discernido espiritualmente, pelo Espírito Santo, e este jamais se moverá naqueles que não estiverem se movendo em direção à obediência à Palavra de Deus, pela busca de comunhão com Ele, em vidas verdadeiramente santas.
Em linhas gerais, foi este o propósito principal do Espírito Santo ao ter inspirado a escrita do livro de Juízes.
Aprendemos também neste livro de Juízes que períodos de arrependimento e de retorno à comunhão com o Senhor, podem ser seguidos por períodos de apostasia, se não cuidarmos diligentemente em prosseguir adiante na aplicação em nossos deveres para com Deus e com o próximo.
Vitórias alcançadas jamais devem ser motivo para descansarmos e não incentivarmos as gerações seguintes à mesma fidelidade com que estivermos nos empenhando em agradar ao Senhor.
O livro de Juízes dá um claro testemunho e palavra de alerta à Igreja para que não descuide em avançar na comissão que lhe foi ordenada por Jesus de ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura, pois quando a Igreja se desvia deste grande alvo, perdendo o ardor evangelístico e missionário, a consequência será o apostatar dos caminhos do Senhor, porque Ele não se deixará achar e não expulsará o Inimigo para que almas sejam conquistadas à fé, porque Ele faz isto, concedendo graça, somente quando há uma verdadeira disposição e empenho em se obedecer à Sua grande comissão.
A grande repreensão do anjo do Senhor aos israelitas, exibida nas palavras do verso 2: “Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso comigo?”, bem demonstra a grande indignação que Jesus sente ao nos ver de braços cruzados em relação à ordem que deu à Igreja de fazer discípulos em todas as nações.
Isto é um dever real que impôs à Igreja até que Ele volte.
E nós sabemos, pelo testemunho da história, quantas derrotas o povo de Deus teve que amargar em relação aos seus inimigos espirituais, e o pouco ou quase nenhum avanço que fez em determinadas épocas da história, pelo mesmo motivo que levou o anjo a se indignar em relação aos israelitas no passado: falta de empenho em cumprir a Sua ordem de avançar e conquistar para Deus tudo aquilo que Ele nos tem ordenado.
Os israelitas choraram por causa da repreensão do anjo (v 4), mas isto não é suficiente.
Não basta estarmos dispostos a mudar nossas atitudes, e mesmo lamentar o nosso estado espiritual, se isto não for acompanhado por ações de fé reais na direção do cumprimento daquilo que Jesus nos ordenou quanto à evangelização mundial.
Planos, reuniões, congressos, concílios, e quaisquer outras iniciativas serão de nenhum valor se não forem acompanhados por ações concretas visando à conversão de almas para Cristo.
Se o Espírito Santo não for conosco, assim como o anjo acompanhava, dirigia, instruía e fazia as conquistas para os israelitas, de modo algum poderemos pensar que estamos agradando a Deus, se fugiu de nós o desejo e o empenho direcionados à salvação dos perdidos.
Esta tarefa de conduzir o rebanho à obra de evangelização é uma das principais missões de qualquer pastor, pois são chamados de anjos das Igrejas, pelo Senhor Jesus, no livro de Apocalipse.
Foi a eles que se dirigiu cobrando o seu empenho em conduzir o rebanho segundo a Sua vontade, sob o risco de terem o seu candeeiro removido em caso de descumprimento daquilo de que foram encarregados pelo Senhor da Igreja.
Estes pastores, que são designados por anjos das Igrejas, aparecem em Apocalipse como estrelas nas mãos de Jesus.
Isto indica que assim como o Anjo da aliança apareceu a Josué, como príncipe do exército de Jeová, e conduziu tanto a Moisés, quanto a Josué, e todos os líderes verdadeiros de Israel, que foram levantados por Deus para conduzir o seu povo, de igual modo, Jesus é o mesmo Anjo na Nova Aliança, que tem toda a primazia sobre os pastores que Ele mesmo chama e constitui sobre o Seu povo, para que façam toda a Sua vontade.
O lugar onde o anjo falou aos israelitas ficou sendo conhecido por Boquim (v. 1 e 5), porque no hebraico, esta palavra significa chorões, porque que a palavra se encontra no plural, indicando que foram muitos os que prantearam em razão da repreensão do anjo do Senhor.
Quem dera, ao menos a Igreja chorasse a sua atual condição de quase completo desinteresse e imobilização quanto a buscar um real compromisso e consagração ao Senhor, para que no poder do Espírito Santo se entregue à obra de evangelização mundial, não somente em palavras, mas no poder do Espírito Santo, através do testemunho pessoal de vidas transformadas e santificadas.
Mas quando tão poucos se interessam pela salvação da própria alma, como estarão realmente interessados na salvação de outros?
Os israelitas ao menos lamentaram e choraram pela condição de desobediência à ordem de avançar e conquistar Canaã.
Sequer isto se vê na maior parte das Igrejas de nossos dias, apesar de haver, certamente, uma repreensão do Senhor pelo fato de não terem um maior empenho em prol da salvação dos perdidos em todo o mundo.
Os países da Ásia e de grande parte do Oriente, continuam com suas portas fechadas para o evangelho, mas importa que este seja pregado também a eles, para que Cristo volte.
Quando a Igreja despertará do seu sono e começará a trabalhar com todo o empenho na direção do cumprimento do Ide de Jesus?
Jesus disse que o evangelho será pregado em todo o mundo antes da Sua vinda, e o que nós estamos fazendo para que isto se cumpra?
O Senhor garantiu a posse de todo o território de Canaã aos israelitas, e o que eles fizeram em relação a isto?
O livro de Juízes revela o quadro, e este não é muito diferente do que tem ocorrido com a história da Igreja ao longo destes dois mil anos, em que o evangelho tem sido pregado no mundo.
Da parte do Senhor, a aliança que Ele fez conosco, nunca será quebrada, porque é fiel àquilo que prometeu, mas não se pode dizer o mesmo em relação a nós.
Devemos portanto, ser diligentes em todo o tempo e ter todo o cuidado necessário para que não nos desviemos do alvo que devemos atingir.
Gostando ou não, querendo ou não, temendo ou não, devemos nos lançar de corpo e alma à missão da qual fomos encarregados, e o Senhor será conosco e nos fará prosperar em nossos empreendimentos, porque Ele fez a promessa de não deixar e desamparar àqueles que Lhe obedecem e Lhe são fiéis.
Deste modo, os israelitas foram repreendidos, não somente por terem se desviado da missão de conquistar Canaã, como também por terem se misturado aos cananeus, que deixaram na terra, em vez de expulsá-los, e vieram a praticar as mesmas abominações que eles praticavam.
Não é de se estranhar portanto, que quando deixamos de ter este interesse em dar testemunho de Cristo às pessoas, que sejamos também encontrados em disposições de mundano proceder.
O pecado de Israel trouxe como consequência, o fato de Deus ter determinado que não expulsaria mais os cananeus.
De igual modo, quando deixamos de cumprir o Ide e passamos a nos misturar com as coisas que são do mundo, Deus também deixa de nos usar para conquistar as almas que são preciosas para Ele.
Outros o farão no nosso lugar, e teremos que lamentar uma vida vazia e sem frutos, porque o Senhor não dará jamais a honra de o indolente se gloriar em ter sido usado eficazmente por Ele.
Se não recebemos graça da parte de Deus, para realizar o trabalho que Ele nos designou, não teremos outra alternativa senão a de enterrar o talento que nos deu para fazer a Sua obra.
Aqueles que favorecem e são complacentes com as suas luxúrias e corrupções, que deveriam mortificar, perdem a graça de Deus, e esta é justamente retirada deles (ainda que não percam a salvação caso sejam crentes genuínos justificados e regenerados pelo Espírito Santo).
Se nós não resistirmos ao diabo, não devemos esperar que Deus o coloque debaixo dos nossos pés. O que se fará ao sal caso vier a perder o seu sabor e função de salgar este mundo de trevas, para que a corrupção não prevaleça?
Por isso, aos infiéis, em vez de promessas de bênçãos, Deus promete dificuldades, assim como disse aos israelitas sobre o que deveriam esperar da parte daqueles aos quais haviam se associado em suas más obras.
Seriam como espinhos e laço para eles, e isto indicava dificuldades e opressões.
Pois em vez de dominar as nações, Israel seria dominado por elas.
Deus os entregaria nas mãos dos seus inimigos por causa do seu pecado.
Ele afirmou que os venderia aos seus inimigos, assim como quem é vendido por causa de uma grande dívida que não pode liquidar.
A dívida dos israelitas seria cobrada na forma de opressões dos seus inimigos, que seriam determinadas pelo próprio Deus.
Porém, sendo benigno e misericordioso, o Senhor prometeu livrá-los das mãos dos seus opressores caso se arrependessem dos seus pecados.
Ele suscitaria libertadores para este propósito, e nós vemos esta promessa sendo cumprida em diversas ocasiões na narrativa do livro de Juízes, revelando-se assim o caráter fiel do Senhor, em cumprir as Suas promessas, e a sua infinita misericórdia para conosco.
Entretanto, em razão do Seu atributo de justiça, apesar de ser tardio em se irar, o Senhor não pode ser, de modo algum, conivente com o pecado e permanecer insensível às apostasias do Seu povo, e por isso sempre torna a exercer os Seus juízos, a par de toda a misericórdia exibida anteriormente.
Por causa de Sua longanimidade, pode até suportar, tolerar por muito tempo todos os nossos pecados, mas certamente não nos deixará sem a devida correção no tempo apropriado.
Isto aprendemos não somente na revelação que fez no livro de Juízes, como também em toda a Bíblia.
A história da Igreja, tal como a narrada em Juízes, tem revelado o modo como Deus tem levantado pessoas que qualificou e capacitou extraordinariamente, pela Sua graça, para redirecionar o Seu povo à prática da justiça e da santidade, e isto nos faz lembrar de Lutero, Calvino, Jonathan Edwards, Spurgeon, e muitos outros, que em suas próprias épocas, foram instrumentos nas mãos do Senhor para o referido propósito.
É notável também, que sempre segue a um período de grande reforma e retorno à santidade, períodos de apostasias.
Tal como se deu com Israel, ocorre com a Igreja, e por isso, cada época testemunhará acerca daqueles que Deus levantou e continuará levantando para avivar o Seu povo.
Isto indica que o ideal seria que a Igreja permanecesse permanentemente avivada e fiel à vontade de Deus.
Mas como o evangelho opera entre pecadores, e por serem estes dados a se desviarem da vontade do Senhor, sempre será necessário manter uma postura de reforma, de modo a não se experimentar apostasias, que sempre virão, sem falta, se deixamos esfriar este espírito de manter as pessoas ocupadas em serem fiéis à vontade de Deus.
Veja o caso de Israel, que enquanto vivia Josué e os anciãos da sua geração, o povo andou obedientemente cumprindo a vontade do Senhor, especialmente no que se refere à ocupação e conquista de Canaã.
Mas quando uma nova liderança se levantou, e que não tinha o mesmo empenho em conduzir o povo nos caminhos de Deus, o resultado é o que encontramos no livro de Juízes, que afirma o seguinte nos versos 16 a 19: “16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam. 17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles. 18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam. 19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.”.
E tal é esta obstinação da natureza terrena, do coração carnal, que se diz que o povo não deu ouvido aos juízes e se prostituiu após outros deuses (v. 17).
A advertência bíblica para que nos empenhemos com toda diligência em confirmar a nossa vocação e eleição, não é de pouca importância, porque se refere a uma luta titânica contra um inimigo poderoso que é a nossa natureza pecaminosa, que pode ser mortificada somente pelo Espírito Santo, mas este trabalho não poderá ser realizado se não cooperarmos com a Sua vontade, por não nos tornarmos verdadeiramente submissos ao Senhor, e por não crermos e não nos dispormos a colocar em prática, todas as coisas que nos tem ordenado em Sua Palavra, e especificamente em nossa caminhada diária.
Assim, os cananeus não seriam expulsos por Deus, para que por meio deles, provasse a fidelidade de Israel.
De igual modo o diabo e todos os seus demônios permanecem no mundo, não por que isto seja agradável ao Senhor, mas para que por meio desta presença, a nossa fidelidade possa ser provada, de maneira a permanecermos firmes em fazer a vontade de Deus, em meio a todas as tentações que o inferno possa realizar.
E parece que a missão da Igreja de ser sal e luz do mundo se deteriora cada vez mais, permitindo que a luz do evangelho não brilhe em todo o seu fulgor e que o sal perca o seu poder de salgar e preservar.
Isto decorre do pecado de os cristãos em serem mundanos, ignorando a ordenança bíblica de serem um povo distinto e de não amarem o mundo e não tomarem a forma dele, como nos exortam especialmente os apóstolos João e Paulo, respectivamente.
Muitos cristãos não querem ser diferentes do mundo. Ao contrário, querem trazer para suas vidas e para dentro da Igreja aquilo que não é de Cristo, mas do mundo.
Pensam erroneamente, que esta será a melhor forma de trazer outros à conversão.
Estamos empenhados numa batalha espiritual de vida ou de morte. Na qual operam principados e potestades com toda a fúria inimaginável, para permanecerem na posse das almas humanas, as quais, para serem resgatadas demandam que primeiro seja amarrado o valente que as aprisiona, e este é um trabalho único e exclusivo para o Senhor Jesus e o Espírito Santo de Deus, sob a atração exercida por Deus Pai para trazer os pecadores em submissão a Seu Filho.
E como isto poderá ocorrer quando os cristãos se tornam mundanos?
Deus usaria Israel caso eles evitassem o pecado de se misturar com o pecado das nações pagãs. E não é portanto para se admirar que tantas exortações sejam feitas na Sua Palavra neste sentido.
E para o propósito de desencorajar o Seu povo à mistura com as nações de Canaã, Deus acrescentou variadas e grandes ameaças de maldições e castigos para os israelitas no caso de serem desobedientes a tal ordenança específica.
Muitas aflições viriam sobre eles, da parte do próprio Deus, caso se misturassem com as práticas abomináveis daquelas nações.
O que acontece com a Igreja de Cristo em nossos dias não é muito diferente disso.
Muitas bênçãos não são alcançadas, e muita correção da parte do Senhor sobrevém à Igreja, exatamente por causa deste pecado de se assumir a forma do mundo.
Se, conforme dizer do apóstolo é necessário não se conformar ao mundo para que se possa conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, então não é difícil de se entender que quando se toma a forma do mundo não somente ficamos impossibilitados de fazer a vontade de Deus, como até mesmo de conhecê-la, conforme se afirma em Rom 12.2.
Deus quer um povo santo, puro e separado, e o segundo capítulo de Juízes nos revela isto de forma muito direta e clara, e este povo, é formado na dispensação da graça, por pessoas que se convertem das trevas do mundo para a luz de Jesus.
Tudo o que estiver misturado com o mundo, passará debaixo do juízo ou da correção do Senhor, porque nada que provém do mundo pode ser um canal apropriado para trazer a nós a presença real e santa de Jesus.
Assim, todo ministério mundano não prevalecerá, e ficará destituído da graça de Deus.
Os pastores mundanos não terão qualquer mensagem recebida da parte de Deus para ser pregada com poder ao Seu povo. Porque o Espírito Santo não se detém onde mora o orgulho e disposições de mundano proceder.
Aquele que não separa o que é vil do que é precioso, não pode ser a boca de Deus.
Deste modo, todos os cristãos que se deixarem seduzir pelos prazeres deste mundo estarão áridos, vazios e confusos.
Serão como o povo de Israel, depois de ter fabricado o bezerro de ouro.
A presença da nuvem de glória entre eles se retirará e o Senhor não caminhará mais com eles, até que se arrependam e voltem a viver em verdadeira santidade.
“1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a terra que, com juramento, prometi a vossos pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco;
2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso?
3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.
4 Tendo o anjo do Senhor falado estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou.
5 Pelo que chamaram àquele lugar Boquim; e ali sacrificaram ao Senhor.
6 Havendo Josué despedido o povo, foram-se os filhos de Israel, cada um para a sua herança, a fim de possuírem a terra.
7 O povo serviu ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que tinham visto toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a favor de Israel.
8 Morreu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade de cento e dez anos;
9 e o sepultaram no território da sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, para o norte do monte Gaás.
10 Foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.
11 Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, servindo aos baalins;
12 abandonaram o Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos que havia ao redor deles, e os adoraram; e provocaram o Senhor à ira,
13 abandonando-o, e servindo a baalins e astarotes.
14 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou na mão dos espoliadores, que os despojaram; e os vendeu na mão dos seus inimigos ao redor, de modo que não puderam mais resistir diante deles.
15 Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para o mal, como o Senhor tinha dito, e como lho tinha jurado; e estavam em grande aflição.
16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam.
17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles.
18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam.
19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.
20 Pelo que se acendeu contra Israel a ira do Senhor, e ele disse: Porquanto esta nação violou o meu pacto, que estabeleci com seus pais, não dando ouvidos à minha voz,
21 eu não expulsarei mais de diante deles nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu;
22 a fim de que, por elas, ponha a prova Israel, se há de guardar, ou não, o caminho do Senhor, como seus pais o guardaram, para nele andar.
23 Assim o Senhor deixou ficar aquelas nações, e não as desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué.” (Jz 2.1-23).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 16/10/2014