Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
O Verdadeiro Conhecimento e Adoração de Deus
Ser integrante do povo espiritual e universal de Deus não é uma mera questão de estar associado a uma instituição religiosa, uma vez que é possível que apesar disto não haja um verdadeiro conhecimento de quem seja o Senhor.
Este conhecimento de caráter íntimo e pessoal requer antes de tudo que o próprio Deus se revele ao nosso espírito, e isto pode somente ser feito por meio do nosso arrependimento e fé em Jesus Cristo e no Seu ensino, conforme o temos registrado na Bíblia.
O que todos os cerimoniais e rituais religiosos não conseguem operar, a fé sozinha o faz, a saber, nos conduzir ao verdadeiro conhecimento e adoração de Deus.
E quando dizemos fé, nos referimos àquela que nos vem como dom da parte do próprio Deus, e que converte e transforma os nossos corações, purificando-nos de todo pecado e injustiça.  

No inicio do primeiro capítulo do livro do profeta Isaías, Deus declara que não era conhecido pelo povo de Israel.

“2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles se rebelaram contra mim.
3 O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.
4 Ah, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
5 Por que seríeis ainda castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.” (Isaías 1.2-5)

Eles haviam recebido suas leis, seus preceitos, seu amor, seus livramentos, e tinham estado por várias vezes debaixo dos seus juízos corretivos por causa do pecado, e em vez de se emendarem, mais se rebelavam contra Ele.
Isto revela a obstinação da natureza humana decaída no pecado, da qual somente podemos ser livrados pela fé em Cristo, e pelo trabalho da sua graça em nossos corações, trocando-os por corações sensíveis à sua santidade, e que respondam de modo adequado à mesma.
Disto também se aprende que não é por se ter a doutrina verdadeira, bons líderes como Isaías, e tudo o mais que se refira às revelações de Deus, se nos faltar a presença do próprio Deus em nossa vida, porque é este o único meio pelo qual podemos ter um conhecimento real de quem Ele seja.
Por isso a aparente religiosidade de Israel nos dias do profeta Isaías, mantendo o culto de adoração no templo, com apresentação de sacrifícios e cumprimento de todos os rituais prescritos na lei, não poderia agradar a Deus, e muito menos produzir um verdadeiro conhecimento do Seu caráter divino.
Porque, para isto, é necessário ter o nosso próprio caráter transformado à semelhança do Seu.
A consequência desta falta de verdadeira comunhão com Deus não pode ser outra senão a descrita no verso 5:

“Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.”.

E diante de tal condição Deus pergunta qual seria o efeito do castigo diante de uma tal deliberada rebelião? A correção se faz inócua, porque a repreensão produzirá um endurecimento ainda maior, quando se anda de modo deliberadamente contrário à Sua vontade.
Em Is 1.10 Deus declara aberta e diretamente que não aceita culto, rituais, cerimoniais, enfim, qualquer forma de ato devocional, quando não há pureza no interior do coração, e quando as ações externas não são de prática de amor, justiça e verdade.
Ele na verdade, ordena que o povo pare com tais atos de devoção enquanto não emendar os seus caminhos.
É melhor não louvar quando o coração não é reto.
É melhor não ofertar quando há avareza.
Deus chama a tudo isto de ofertas vãs em Is 1.13.    
O aborrecimento não era propriamente com o cerimonial determinado na Lei de Moisés para vigorar nos dias do Velho Testamento, que eram ainda os dias do profeta Isaías, mas quanto à condição de coração dos “adoradores”.
Quando se anda de tal forma, Deus declara que sequer ouve as nossas orações (v. 15).
É um dever adorá-lO e se devotar inteiramente a Ele, mas isto deve ser feito com santidade de vida.
Por isso é ordenado que o Seu povo espiritualmente se lave, se purifique, e que deixe a maldade dos seus atos, deixando de fazer o mal, e não apenas isto, mas sobretudo, aprendendo a fazer o bem e a buscar a justiça, pondo fim a toda forma de opressão e se dando especial atenção aos fracos, desamparados e necessitados, representados naquela época nos órfãos e viúvas (v. 16 a 17).
O Senhor promete que se for obedecido nisto que nos tem ordenado, nossos pecados serão lavados, de modo que seremos alvejados como a pureza da brancura da neve e da lã (v. 18).
E a consequência desta obediência será uma vida abençoada na Terra (v. 19).
Todavia, em caso de endurecimento na rebeldia, e na falta de arrependimento, por não se dar ouvido ao Senhor, haveria juizo (v. 20).
No caso de crentes da Igreja cristã, ainda que não para uma condenação final, o juízo de Deus os visitará, tal como fizera com os crentes de Corinto, que não se examinavam a si mesmos, para não serem julgados por Deus, por causa de suas más obras.
Porque caso se examinassem e emendassem o seu caminhar diante do Senhor, Eles achariam o Seu favor e misericórdia, conforme prometeu aos israelitas dos dias de Isaías, caso se arrependessem. Como se lê nas seguintes palavras que o apóstolo Paulo lhes dirigiu, e que se aplicam também a nós:

“31 Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados;
32 quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo.” (I Cor 11.31,32).

Por isso o Senhor declarou por meio de Isaías, que os rebeldes do Seu povo terão a Sua mão voltada contra eles, não para abençoar com alegria, mas para corrigir com tristeza que é para arrependimento, para que sejam purificados de toda a sua escória e impureza (v. 15).
Quando este trabalho for feito pelo Senhor, então Ele dará ao Seu povo pastores segundo o Seu coração, que os apascentem com conhecimento e com inteligência, tal como havia prometido dar líderes justos a Israel nos dias de Isaías, em face da purificação que faria neles (v. 26).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 31/10/2014
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