Permanecer na Doutrina para Permanecer em Jesus - Comentário de I João 2.24,25
Por João Calvino
“24 Permaneça em vós o que ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis vós no Filho e no Pai.
25 E esta é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna.”
24. “Que permaneça em vós”. João acrescenta uma exortação à doutrina anterior; e para que isto pudesse ter mais peso, ele aponta os frutos que receberiam da obediência. Ele, então, exorta-os à perseverança na fé, para que pudessem reter fixamente em seus corações o que tinham aprendido.
Mas, quando ele diz, desde o início, ele não quer dizer que a antiguidade era suficiente para provar qualquer doutrina verdadeira; mas assim como ele já tem mostrado que eles haviam sido corretamente instruídos no puro evangelho de Cristo, ele conclui que eles deveriam continuar no mesmo. E esta ordem deveria ser especialmente observada; porque somos dispostos a divergir daquela doutrina que temos uma vez abraçado, seja ela qual for, e isso não seria perseverança, mas obstinação perversa. Assim, a distinção deveria ser exercida, de modo que a razão da nossa fé possa ser evidenciada a partir da palavra de Deus; então devemos seguir uma perseverança inflexível.
“Desde o princípio ouvistes”. Aqui está o fruto da perseverança - que aqueles em quem a verdade de Deus permanece, permaneçam em Deus. Nós, portanto, aprendemos o que devemos procurar em cada verdade relativa à religião. Faz, portanto, a maior proficiência, quem faz tal progresso estando completamente apegado a Deus. Mas em quem o Pai não habita através de seu Filho, é completamente fútil e vazio, qualquer conhecimento que ele possa possuir sobre religião. Além disso, esta é a mais alta comenda da sã doutrina, a qual nos une a Deus, e que nela se encontra tudo o que diz respeito à verdadeira fruição de Deus.
Em último lugar, João nos lembra que isto é a verdadeira felicidade, quando Deus habita em nós. As palavras que ele usa são ambíguas. Elas podem ser interpretadas​: "Esta é a promessa que ele nos prometeu a vida eterna." Você pode, no entanto, adotar qualquer uma destas interpretações, porque o significado ainda é o mesmo. A suma do que é dito é que não podemos viver, exceto em nutrir até o fim a semente da vida semeada em nossos corações. João insiste muito sobre este ponto, que não somente o começo de uma vida abençoada deve ser encontrada no conhecimento de Cristo, mas também a sua perfeição. Mas nenhuma repetição disto será demais, desde que é sabido que isto tem sido sempre a causa de ruína para os homens, que estando, não contentes com Cristo, eles têm tido um desejo para vaguear além da simples doutrina do evangelho.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 07/11/2014