Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Fidelidade Até o Fim
O testemunho que foi deixado como um legado à Igreja pelos apóstolos; e pelos chamados pais da Igreja depois deles, foi de grande valor especialmente para arrancar o povo de Deus do seu estado de ignorância, em períodos, por exemplo como o da Idade Média.
Depois deles nos foi também deixado o testemunho dos reformadores, dos puritanos, e de muitos outros grandes homens de Deus, de maneira que Deus tem usado este testemunho para nos firmar nestes nossos dias difíceis da predominância da Igreja morna de Laodiceia, citada no livro de Apocalipse.
Devemos seguir o exemplo deles, e sermos muito gratos a Deus pelos conselhos de Paulo a Timóteo de se apegar à Palavra para fazer valer o testemunho da verdade nestes dias difíceis em que as pessoas se recusariam a dar ouvidos à sã doutrina.  
Elas se recusam a dar ouvidos à sã doutrina, principalmente porque não suportam ouvir o antigo evangelho da cruz que chama o homem a negar-se a si mesmo e a carregar a sua cruz a cada dia.
Isto significa renunciar à própria vontade para fazer a vontade de Deus, e numa época em que o humanismo prevalece e o homem se autoproclama o centro de todas as coisas, dificilmente admitirá que lhe seja pregado que deve viver para a exclusiva glória de Deus negando-se a si mesmo.    
Nenhuma ciência de caráter humanista admitirá o evangelho da cruz em seus preceitos.
Os seus adeptos afirmarão que é necessário separar a ciência da religião como forma de argumento para rejeitarem completamente a verdade evangélica da submissão à Palavra de Deus e prestar a ela a devida honra e obediência.
Isto leva consequentemente a uma espécie de vergonha de Cristo e de tudo o que é verdadeiramente santo.
Não admira portanto que na própria Igreja não se encontre tantos cristãos que estejam dispostos a sustentar o testemunho do amor deles a Cristo em qualquer lugar e circunstância.
Isto é um sintoma destes dias difíceis aos quais Paulo se referiu, nos quais as pessoas não suportariam ouvir as coisas relativas a Deus e à Sua vontade.  
Apesar do que lhe aguardava, Paulo se sentia como um valoroso guerreiro de Deus que havia combatido o bom combate da fé e cumprido completamente a sua carreira, em defesa da fé, que ele tão corajosamente havia guardado.  
Ele contemplava a coroa de justiça que lhe estava reservada para ser recebida no dia em que Jesus voltará para distribuir galardões aos Seus servos, segundo as obras que eles fizeram neste mundo.
A recompensa é chamada de coroa porque os vencedores nos combates atléticos eram coroados com um coroa de louros, entretanto a destes cristãos vencedores que guardaram a sã doutrina, não é uma coroa de louros, mas de justiça, porque Deus não é injusto de esquecer as obras que os Seus servos fizeram para Ele, não amando a própria vida.
Esta coroa recompensará todos os sofrimentos e lutas em prol do evangelho.
Veja bem que são estes sofrimentos por causa da justiça do evangelho que são dignos de galardões, e não meramente o fato de sofrermos e lutarmos neste mundo.  
Como Timóteo era um evangelista e não o pastor fixo de uma determinada congregação local, Paulo lhe pediu que viesse ter com Ele em Roma, porque somente Lucas se encontrava com ele naquela ocasião.
A prova de que a obra do evangelho e os interesses de Cristo vinham na frente de tudo o mais para Paulo, ele cita que havia liberado para a obra todos os que estavam com ele, e dentre estes cita Crescente que havia ido para a Galácia, Tito para a Dalmácia, e Tíquico que ele havia enviado a Éfeso.
Somente um dos que se encontravam com Ele havia se retirado não por um motivo aprovado, porque havia retornado ao mundo, e recuado na fé, indo para Tessalônica, cujo nome, Demas, ele deixou registrado nesta epístola para a desonra eterna que merecem aqueles que voltam as suas costas para Deus.
O motivo de Paulo ter solicitado a presença de Timóteo fazendo-se acompanhar de Marcos, não foi por capricho ou para ser consolado pessoalmente, mas para dar prosseguimento, enquanto ele estivesse vivo, às muitas coisas necessárias para serem providenciadas em relação às Igrejas que haviam sido fundadas por ele em várias partes do mundo gentílico.
A referência que fez a João Marcos no verso 11, dizendo que lhe era muito útil para o ministério comprova isto que acabamos de afirmar, porque certamente estava solicitando a sua presença para lhe dar encargos ministeriais para serem cumpridos.
O fato de ter dito que havia enviado Tíquico a Éfeso comprova que apesar de estar preso aguardando o seu martírio, ele continuava no  pleno exercício de suas atividades ministeriais, e não havia aproveitado a oportunidade para descansar, lamentar ou se aposentar.    
É admirável também o fato de que Paulo continuava se aplicando em seus estudos.
Ele não se descuidaria disto até o último momento de sua vida.
Ele estava muito disposto a deixar um exemplo para todos os seus cooperadores não somente quanto a esta necessidade como também em relação a tudo o mais que deve ocupar o tempo de um ministro fiel.
Por isso ele pediu a Timóteo que trouxesse juntamente com ele, não somente a capa que havia esquecido em Trôade, como também os livros, e fez menção especial aos pergaminhos.
Ele já havia exortado antes a Timóteo em sua primeira epístola a se dedicar à leitura e ao ensino, e agora ele está dando a ele e aos seus demais cooperadores, o seu próprio exemplo pessoal, de que este é um dever que deve ser levado a efeito pelos ministros do evangelho durante todo o curso de suas vidas.  
Paulo alertou Timóteo a se acautelar de Alexandre, o latoeiro, que havia resistido muito às suas palavras e que lhe havia feito muito mal, o qual receberia a justa retribuição do Senhor pelas suas obras.
A partir do verso 16, Paulo deu a Timóteo um relato das suas condições presentes em Roma.
Ele havia sido chamado a comparecer diante do imperador de Roma e ninguém se levantou juntamente com ele em sua defesa para testemunhar em seu favor.
Nenhum dos muitos cristãos de Roma teve coragem suficiente para se apresentar não apenas em sua defesa, mas para testemunharem o destemor deles por amor a Cristo na defesa da causa da justiça.
Foi isto que entristeceu Paulo e não propriamente o fato de ter-se sentido desamparado, porque sabia que o Senhor estava ao seu lado.
Por isso orou em favor destes que lhe haviam abandonado para que Deus não lhes imputasse nada em conta por causa disso.
Quão poucos são os cristãos que se dispõem a sofrer e a morrer por Cristo.
Por isto os mártires serão cumulados de grandes honras na glória que não serão concedidas a outros que não foram capazes como eles de não amarem suas  próprias vidas diante da morte, para que o nome do Senhor fosse glorificado.
Timóteo não deveria interpretar a presente condição de Paulo como um tipo de abandono da parte de Deus, assim como tantos lhe haviam abandonado.
Por isso o apóstolo fez questão de afirmar que o Senhor esteve ao seu lado durante todo o seu ministério e que lhe havia fortalecido para que pudesse pregar o evangelho a todos os gentios, sendo livrado da boca do leão, Satanás, que anda em derredor buscando a quem possa tragar, e que tantas vezes havia se levantado contra Paulo nas perseguições e tentações que ele sofreu.    
Assim como o Senhor lhe havia livrado de sucumbir ao mal, Paulo tinha a certeza de que Ele lhe continuaria livrando e o levaria em segurança para o seu reino celestial, e por este motivo é digno de receber glória para todo o sempre.
Paulo pediu a Timóteo que saudasse a Priscila e a Áquila e à casa de Onesíforo, isto é, os seus familiares, e como vimos antes, Onesíforo encontrava-se com Paulo em Roma.
Ele havia deixado por um certo tempo os da sua casa para poder servir ao Senhor atendendo às necessidades de Paulo, e por isso Paulo saudou os seus familiares pelo desprendimento deles em terem consentido com a partida dele para assisti-lo em Roma a serviço do evangelho.  
Paulo citou também os nomes de Erasto e de Trófimo, não para que fossem saudados por Timóteo, mas para justificar a ausência deles naquele momento, porque Erasto havia ficado em Corinto, e Trófimo encontrava-se doente em Mileto, cidade próxima de Éfeso.
Finalmente ele enviou saudações de cristãos da Igreja de Roma a Timóteo, e dentre estes destacou os nomes de Êubulo, Prudente, Lino e Cláudia.
  Ele pediu ainda que Timóteo procurasse viajar antes da chegada do inverno, porque a viagem seria mais difícil e perigosa.  
As últimas palavras de Paulo nesta epístola foram:
“O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.”.
Porventura há maior e melhor necessidade do que esta, de que o próprio Senhor Jesus esteja em comunhão com o nosso espírito, formando nós uma unidade com Ele, de maneira que a sua graça possa fluir plena e livremente em nós?
Esta foi a experiência de Paulo durante todo o curso do seu ministério, e deve ser também a experiência de todos os ministros do evangelho.
Eles não têm nenhuma outra necessidade além do Senhor mesmo e da Sua graça operando nos seus espíritos.



“1 Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino;
2 prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e doutrina.
3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos,
4 e não somente desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.
5 Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
6 Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
9 Procura vir ter comigo breve;
10 pois Demas me abandonou, tendo amado o mundo presente, e foi para Tessalônica, Crescente para a Galácia, Tito para a Dalmácia;
11 só Lucas está comigo. Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.
12 Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso.
13 Quando vieres traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, especialmente os pergaminhos.
14 Alexandre, o latoeiro, me fez muito mal; o Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras.
15 Tu também guarda-te dele; porque resistiu muito às nossas palavras.
16 Na minha primeira defesa ninguém me assistiu, antes todos me desampararam. Que isto não lhes seja imputado.
17 Mas o Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a pregação, e a ouvissem todos os gentios; e fiquei livre da boca do leão,
18 E o Senhor me livrará de toda má obra, e me levará salvo para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.
19 Saúda a Prisca e a Áquila e à casa de Onesíforo.
20 Erasto ficou em Corinto; a Trófimo deixei doente em Mileto.
21 Apressa-te a vir antes do inverno. Saúdam-te Êubulo, Pudente, Lino, Cláudia, e todos os irmãos.
22 O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.”  (2 Timóteo 4)
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 06/12/2014
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