SALMO 73 – Salmo de Asafe
Este Salmo revela de modo muito claro que apesar de Deus continuar sendo bom para com aqueles cujos corações foram purificados pela fé nele, todavia, é possível que haja no meio deles alguém que, como o salmista, possa ser achado eventualmente não tão firmado na convicção desta bondade divina, de forma que pode se sentir invejoso da prosperidade que têm muitos daqueles que não amam a Deus, e que não são afligidos tanto quanto são os justos.
Este é um fato inegável, que tal prosperidade dos ímpios, produz inveja e incomoda a muitos que não estão firmados na fé, e no Seu amor pelo Senhor, por não terem aprendido a se gloriarem como Paulo em todas as circunstâncias, até mesmo a sentir prazer nas injúrias, nas necessidades e nas perseguições, por amor de Cristo.
No entanto, não há nenhum motivo para se invejar os arrogantes e perversos, quanto à prosperidade mundana que eles possuem, e não pe necessário atinar com o fim que eles terão no dia do Juízo, tal como ocorreu ao salmista posteriormente, para que se possa ser livrado do sentimento invejoso em relação a eles, porque, apesar de não serem afligidos como os demais homens, e terem abundantes riquezas, fama e poder, no entanto são exatamente estas coisas nas quais colocam a sua confiança, que se tornam num laço de perdição eterna para eles, porque as idolatram, e estão tão apegados a elas, que se recusam a deixar qualquer espaço em seus corações para se devotarem a Deus.
Deste modo, as coisas que possuem não lhes dão qualquer vantagem diante dos demais homens, antes, os coloca em grande desvantagem, porque não podem atinar com a condição de perigo espiritual tanto presente, quanto eterno, na qual se encontram.
Eles são mais tentados que os demais a se tornarem presas da soberba, em razão da sua grande prosperidade mundana.
E da soberba tendem a serem arrogantes e violentos, por causa do falso sentimento de superioridade que sentem em relação às demais pessoas.
Não será nenhuma maravilha ou surpresa ver a falta de quase total temor a Deus que têm tais pessoas, e isto pode ser visto pela sua conversação maliciosa, e do seu falar altivo e opressivo.
Eles falam mal das coisas espirituais, celestiais e divinas, porque julgam que isto é coisa para pobre e para pessoas sem personalidade ou imaginação.
Como Deus não apressa o juízo sobre eles, por ser longânimo, chegam à conclusão que Deus não chega a tomar conhecimento de seus projeto iníquos, mas serão apanhados repentinamente pelo Seu juízo, quanto menos esperarem.
Como aumentam suas riquezas sem experimentar as tribulações dos justos, são uma grande fonte de tentação para estes, tal como foram para o salmista, que pensava que de nada lhe valeu conservar puro o coração e permanecer na prática do bem.
Deus corrige diariamente a Seus filhos visitando-os com aflições, mas os ímpios não são participantes destas correções porque não O amam e não conhecem o seu caráter justo e santo.
Até ter uma melhor revelação sobre o destino eterno dos ímpios, que é totalmente diferente do destino dos santos, o salmista achava uma tarefa muito pesada o só refletir sobre as razões de Deus afligir os justos, e permitir que os ímpios tenham uma prosperidade tranquila neste mundo.
Então o salmista reconhece finalmente que foi por causa da sua ignorância e embrutecimento, que havia ficado com o coração amargurado e com as entranhas abaladas.
Com isto, estava agindo de maneira irracional diante de Deus, apesar de estar sempre em comunhão com Ele, se sentindo sustentado pela sua destra.
Deus instrui Seus filhos até conduzi-los à glória do porvir, mas os ímpios não têm qualquer participação nisto.
Deus crucifica o ego dos Seus filhos com as aflições, especialmente para que possam ter uma maior participação da Sua santidade, e por conseguinte uma maior comunicação e comunhão com Ele, conforme é do Seu desejo.
Afinal é Ele próprio todo o motivo de alegria de Seus filhos na terra, e a porção deles no céu.
O salmista havia aprendido finalmente esta grande lição de que não importa que o nosso coração e a nossa carne desfaleçam por causa das aflições, porque Deus é a fortaleza do nosso coração e herança eterna.
Quando somos fracos, então Ele tem a oportunidade de nos mover segundo a Sua própria força e poder.
As tribulações sofridas com paciência têm esta faculdade de nos aproximarem mais e mais de Deus, e nos tornar semelhantes a Ele quanto à paciência, longanimidade e misericórdia.
“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo.
Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos.
Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.
Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio.
Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens.
Daí, a soberba que os cinge como um colar, e a violência que os envolve como manto.
Os olhos saltam-lhes da gordura; do coração brotam-lhes fantasias.
Motejam e falam maliciosamente; da opressão falam com altivez.
Contra os céus desandam a boca, e a sua língua percorre a terra.
Por isso, o seu povo se volta para eles e os tem por fonte de que bebe a largos sorvos.
E diz: Como sabe Deus? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?
Eis que são estes os ímpios; e, sempre tranquilos, aumentam suas riquezas.
Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência.
Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado.
Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos.
Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles.
Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição.
Como ficam de súbito assolados, totalmente aniquilados de terror!
Como ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares, desprezarás a imagem deles.
Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença.
Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita.
Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória.
Quem mais tenho eu no céu?
Não há outro em quem eu me compraza na terra.
Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.
Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo.
Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos.”
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/02/2015