Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Significado Bíblico de Renovação da Mente
Muitos séculos antes de o homem se entregar à pesquisa científica da mente, o escritor da inspiração sagrada a ela se referiu estando, portanto, totalmente livre da influência das especulações filosóficas e das práticas empíricas, recentes, relativas ao estudo da mente, e muito menos ocupado em tratar as enfermidades cuja origem está relacionada ao cérebro.
Também não se ocupa a Bíblia em analisar o inconsciente freudiano e todas as demais funções cerebrais relacionadas ao sistema nervoso parassimpático uma vez que a ação da graça divina trata e opera em justa cooperação com o consciente. As manifestações do inconsciente são imaginárias e não estão sujeitas a qualquer linha racional e lógica, conforme pode-se constatar nos sonhos e notadamente nos pesadelos.
De modo que ao falar sobre a mente a Bíblia alude simplesmente ao intelecto, ao entendimento racional, que ainda que esteja no seu melhor estado, livre de qualquer anomalia psicossomática, necessita ser renovado pelo Espírito Santo.
Em nenhuma parte da Bíblia somos incentivados a adorar e a servir a Deus num culto que se baseie exclusivamente em sentimentos, emoções, e muito menos em estados alterados de mente produzidos pela manipulação de técnicas psicológicas, até mesmo porque ajuda a empanar a compreensão e prática racional dos mandamentos de Deus quando as pessoas buscam somente experimentar sensações agradáveis e não propriamente conhecer e fazer a vontade do Senhor.
Evidentemente que os sentimentos e as emoções acompanham geralmente a nossa adoração, mas não deve ser neles que devemos basear o nosso conhecimento de Deus e comunhão com Ele, mas exclusivamente na prática racional da Sua Palavra.
Todavia, deve ser considerado que Deus utiliza de variados meios para abrir caminho nos corações de pedra, de modo a produzir conversões, para a habitação do Espírito Santo.
Isto explica porque muitas das conversões narradas no Novo Testamento foram produzidas com o simples anúncio do nome de Jesus Cristo como sendo o salvador prometido nas Escrituras. Veja o caso do  centurião Cornélio com a visita de Pedro, do cego de nascença e da mulher samaritana por Jesus, do coxo no templo com Pedro e João, da mulher que ungiu os pés de Jesus na casa do fariseu Simão, do coxo que foi introduzido pelo telhado em Cafarnaum, o ladrão na cruz, e em tantos outros exemplos narrados na Bíblia.
A grande comprovação de que a salvação é de fato somente pela graça está em que esta é concedida por Deus quando o conhecimento acerca da Sua completa vontade for ainda muito pequeno, ou até mesmo inexistente.
Nos dias dos grandes avivamentos nos dias dos irmãos Wesley, de Jonathan Edwards, Evan Roberts, etc, foi a intensidade da forma de culto com cânticos e êxtases espirituais que produziu a abertura do caminho nas mentes, pelas emoções, para que o Espírito Santo produzisse as conversões.
Por isso vemos o apóstolo Paulo ensinando em Romanos 10 que o ato de confessar a Jesus como Senhor e Salvador com os lábios, crendo no coração que Deus o ressuscitou entre os mortos, pode produzir conversões.
Para o mesmo efeito, exortava os crentes a entoarem hinos e cânticos espirituais, uma vez que trabalhando nas emoções podem abrir o caminho para o mesmo efeito esperado.
Então a proclamação do nome de Jesus por aqueles que o conhecem de fato e que praticam a Sua palavra em vidas santificadas e consagradas pode ser honrada por Deus com a produção de conversões.
Todavia, esta proclamação, pregação do evangelho, da boa nova de que há salvação disponível em Cristo para todo aquele que nele crer, e simplesmente olhar para ele com os olhos da fé, não é tudo quanto se espera do ministério cristão.
O Senhor ordenou que se pregasse o evangelho, mas que também se fizesse discípulos em todas as nações ensinando-lhes tudo o que ele ordenou para ser guardado, ou seja, cumprido por eles.
Isto demanda, portanto, não apenas conhecimento das Escrituras por parte do discipulador, como também o cuidado de instruir na verdade todos aqueles que se converteram recentemente.
Sem isto, dificilmente alguém perseverará na fé ou mesmo terá a sua vida edificada na verdade.
Agora, não podemos esquecer também que conversões baseadas em sentimentos e emoções, especialmente as estimuladas pelos dirigentes de cultos religiosos interesseiros, cujo propósito não seja o de glorificar exclusivamente a Deus e honrar a Sua Palavra, devem ser colocadas sob suspeita, uma vez que os frutos do ministério dos falsos pastores e profetas não pode ser um bom fruto de uma árvore boa.
Também deve ser considerado que estratégias agressivas para abrir canais emocionais para um trabalho de poder do Espírito Santo nos corações, produzindo conversões, podem gerar mais escândalos e resistências ao Espírito do que facilitar o seu trabalho, como por exemplo ordenar que as pessoas caiam no chão, e façam bizarrices para experimentarem o poder de Deus. É de se esperar que pessoas com um mínimo de bom senso não se sujeitem a isto.
Conhecendo o poder do impacto emocional sobre as mentes o apóstolo Paulo tinha o cuidado de evitar que até mesmo o uso descuidado de um dom sobrenatural do Espírito Santo – o de línguas – pudesse evitar um impacto negativo nos ouvintes, conforme podemos ver em I Coríntios 14.14,15,19.
Ao se fazer uma análise detida das passagens bíblicas destacadas abaixo, relativas ao assunto do nosso título, observamos claramente que ao falar de mente a Palavra de Deus a relaciona a entendimento espiritual da revelação divina, mas de modo nenhum, exclui a participação da nossa compreensão racional da revelação escrita.
O Espírito Santo não põe à parte o nosso intelecto na comunicação e ensino da verdade. Ao contrário, a via comum da sua comunicação é a nossa mente, especialmente pela aplicação à meditação da Bíblia.
A verdade já está revelada de uma vez por todas na Palavra de Deus, de modo que tudo o que necessitamos é que o nosso entendimento seja aberto pelo Espírito para a correta compreensão e interpretação da mesma. E para tal propósito Deus levanta mestres para o ensino da Igreja, mestres estes que necessariamente devem ter sido, eles próprios, instruídos pelo Espírito Santo para o entendimento da Palavra.
É por esta via que se faz a renovação da mente ordenada aos crentes nas Escrituras, e não por meio de êxtases espirituais ou qualquer forma mística de se cultuar a Deus, de maneira que somos orientados a fazer uma renovação que se baseie num culto racional, ou seja, por meio de uma mente devidamente instruída nas Escrituras.
A mente foi despertada na conversão, e Deus passou a ser conhecido pessoalmente, mas há necessidade de se prosseguir neste conhecimento de Jesus e da Sua graça (II Pedro 3.8).
O culto não deve ser fantasioso, fantástico, imaginário, mas real e verdadeiro, conforme importa que Deus seja adorado, a saber, em espírito e em verdade. E sem o uso adequado de nossas faculdades mentais, de nosso intelecto, de nosso pensamento, jamais poderíamos adorar de tal modo, em razão do nosso desconhecimento da Palavra revelada, notadamente no que se exige de nós em relação aos mandamentos divinos.
Todavia, não devemos ficar reféns do uso exclusivo da razão para o conhecimento da vontade de Deus, uma vez que necessitamos principalmente da convicção, iluminação, instrução e direção do Espírito Santo, tanto para a nossa conversão, quanto para a nossa santificação.
Sem esta operação sobrenatural do Espírito Santo a simples leitura da Palavra torna-se inócua, como a isto se refere o apóstolo dizendo que a letra mata sem o trabalho vivificante do Espírito Santo, porque não podemos achar a salvação que nos conduz  à vida eterna por somente conhecermos a letra da Palavra, conhecimento este que sem a salvação somente servirá para agravar a nossa morte espiritual, pois que estaremos sufragando a nossa própria condenação pelo conhecimento da verdade não praticada.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 - Logikos – racional, razoável, da palavra; 2 – Metamorfoo – transformar, mudar, transfigurar; 3 – Nous – mente, intelecto, entendimento, pensamento; 4 – Dianoia – mente, entendimento, pensamento; e 5 – Anakainosis – renovação; do texto original grego do Novo Testamento relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5389357


1 – Logikos – racional, razoável, da palavra

Romanos 12.1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Logikos).

I Pedro 2.2 desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite da palavra (Logikos), para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação,


2 – Metamorfoo – transformar, mudar, transfigurar

Mateus 17.2 E foi transfigurado (Metamorfoo) diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.

Romanos 12.2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos (Metamorfoo) pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

2 Coríntios 3.18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados (Metamorfoo), de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.


3 – Nous – mente, intelecto, entendimento, pensamento

Lucas 24.45 Então, lhes abriu o entendimento (Nous) para compreenderem as Escrituras;

Romanos 1.28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental (Nous) reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,

Romanos 7.23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente (Nous), me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.

Romanos 7.25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente (Nous), sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.

Romanos 11.34 Quem, pois, conheceu a mente (Nous) do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?

Romanos 12.2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente (Nous), para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 14.5 Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente (Nous).

I Coríntios 1.10 Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental (Nous) e no mesmo parecer.

I Coríntios 2.16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente (Nous) de Cristo.

I Coríntios 14.14 Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente (Nous) fica infrutífera.

I Coríntios 14.15 Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente (Nous); cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.

I Coríntios 14.19 Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento (Nous), para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua.

Efésios 4.17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos (Nous),

Efésios 4.22, 23 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento (Nous),

Filipenses 4.7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento (Nous), guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

Colossenses 2.18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente (Nous) carnal,

2 Tessalonicenses 2.1,2 Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente (Nous), com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.

I Timóteo 6.5 altercações sem fim, por homens cuja mente (Nous) é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.

2 Timóteo 3.7,8 que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente (Nous), réprobos quanto à fé;

Tito 1.15 Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente (Nous) como a consciência deles estão corrompidas.


4 – Dianoia – mente, entendimento, pensamento

Mateus 22.37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (Dianoia).

Lucas 1.51 Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos (Dianoia) soberbos.

Efésios 1.18 iluminados os olhos da vossa mente (Dianoia), para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos

Efésios 2.3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos (Dianoia); e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.

Efésios 4.18 obscurecidos de entendimento (Dianoia), alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,

Colossenses 1.21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento (Dianoia) pelas vossas obras malignas,

Hebreus 8.10 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente (Dianoia) imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

Hebreus 10.16 Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente (Dianoia) as inscreverei,

I Pedro 1.13 Por isso, cingindo o vosso entendimento (Dianoia), sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.

2 Pedro 3.1 Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente (Dianoia) esclarecida,

I João 5.20 Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento (Dianoia) para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.


5 – Anakainosis - renovação

Romanos 12.2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação (Anakainosis) da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Tito 3.5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador (Anakainosis) do Espírito Santo,


6 – Latreia – adoração, culto, serviço, ministração

João 16.2 Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto (Latreia) a Deus.

Romanos 9.4 São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto (Latreia) e as promessas;

Romanos 12.1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto (Latreia) racional.

Hebreus 9.1 Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço (Latreia) sagrado e o seu santuário terrestre.

Hebreus 9.6 Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços (Latreia) sagrados;
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 21/09/2015
Alterado em 21/09/2015
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras