Que a eleição é pela graça está fora de qualquer dúvida, pois este é o ensino claro e direto das Escrituras.
Os eleitos foram conhecidos de Deus, como afirma a Bíblia, antes mesmo que houvesse mundo, e isto indica conhecimento pessoal prévio, daqueles que viriam a fazer parte da Sua própria vida divina, participando da Sua natureza e formando um só espírito com Ele.
Deus disse ao profeta Jeremias:
"Antes que te formasse no ventre te conheci".
Jacó foi conhecido por Deus antes que fosse formado no ventre de sua mãe, e escolhido porque o Senhor sabia que ele amaria fazer a Sua vontade, e ensinaria o povo que seria formado a partir dele, a amar os Seus mandamentos.
Seu irmão Esaú, ao contrário, foi rejeitado porque também foi conhecido de antemão pelo Senhor, como quem não viveria como um crente e não amaria a Sua vontade.
A Bíblia está repleta de exemplos em relação a isto, conforme afirmado pelo próprio Deus. Veja o caso de Sansão, dos reis Josias e Ciro, do profeta Jeremias, de João Batista, do próprio apóstolo Paulo, cujos nascimentos foram preanunciados com grande antecedência, ou sobre os quais foi afirmado diretamente por Deus, que os havia conhecido antes que os formasse no ventre.
Deus não somente anunciou o nascimento dos reis Josias e Ciro, como citou-os por nome cerca de dois séculos antes do nascimento de ambos, e não somente isto, disse também o que eles fariam, um para a purificação da religião em Israel, e o outro para trazer os judeus de volta do cativeiro babilônico.
João Batista, a voz que clama no deserto, teve seu nascimento predito e que seria o precursor do Messias, cerca de 600 anos antes, através do profeta Isaías.
Então, Deus conhece ou não, com completa antecedência a todos que chegarão à existência neste mundo?
Há alguma base para se duvidar da sua presciência?
Deste modo, conforme a Bíblia ensina, somente Deus é glorificado na eleição, e toda a jactância do homem é excluída (Rom 3: 27), exatamente para que ninguém se glorie em si mesmo (I Co 1: 26-29; Ef 2: 9), por ter tido qualquer mérito ou iniciativa na sua salvação.
Somente Deus é glorificado, e é somente em Cristo portanto, que devemos nos gloriar quanto à nossa salvação, porque houve uma eleição pela graça, antes da nossa conversão, e mesmo antes que houvesse mundo. (Mt 25: 34; Ef 1: 4; Apo 17: 8)
Há uma chamada geral do evangelho a todos os homens de modo que Cristo seja aroma de vida para a vida nos que se salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem.
A rejeição do evangelho confirmará a condenação daqueles que não são conhecidos por Deus, por amarem as trevas e o pecado, e por não virem jamais a amar a Deus, por mais misericórdia e favor que Ele possa lhes demonstrar.
Por isso, muitos são chamados com esta chamada geral do evangelho, mas poucos são os escolhidos, isto é, os eleitos de Deus, que além de atenderem à chamada geral da pregação do evangelho, são também chamados por um modo distinto e especial, pelo Espírito, de modo que se convertam ao Senhor, vindo a formar um só espírito com ele.
“Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” (I Co 6: 17)
Negar a eleição corresponde a negar a veracidade das Escrituras porque é nelas que são afirmadas verdades relativas à eleição, como as seguintes:
“Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.” (Mc 13: 20)
“E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.” (Mc 13: 27)
“Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 16: 13)
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,” (Cl 3: 12)
“Por isso, tudo suporto por amor dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com glória eterna.”
(II Tm 2: 10)
“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o pleno conhecimento da verdade que é segundo a piedade,” (Tt 1: 1)
“eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (I Pe 1: 2)
“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis.” (Apo 17: 14)
“Todavia o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor.” (II Tm 2: 19)
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo; no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória.” (Ef 1: 1-14)
“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus; todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado. Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos. Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. (Jo 17: 9-16)
Não são do mundo, porque são eleitos de Deus.
Esta é a eleição de Deus: eleição para santificação e para fé. Deus escolhe a seu povo para ser santo e crente. Ninguém tem o menor direito de considerar-se eleito, a não ser em sua santidade.
Devemos reconhecer estas duas coisas:
É necessário que haja soberania divina e responsabilidade humana. É necessário que haja eleição, porém também é necessário que abramos nossos corações, dando acolhida à verdade.
A eleição para a vida eterna foi determinada por Deus, através da sua onisciência e presciência, antes mesmo que houvesse mundo, conforme ensinam as Escrituras.
O ensino escriturístico sobre a eleição não leva em conta a quantidade e qualidade dos bons ou maus atos dos homens, para a justificação.
Tanto que a eleição foi estabelecida antes da criação do mundo, sem levar em conta os bons e maus atos que cada eleito praticaria até ser chamado pelo Espírito, para ser justificado, regenerado e santificado.
Jesus pode salvar perfeitamente o pior dos ímpios, justificando-lhe pelo Seu sangue e Justiça.
Assim, não é salvo em razão da preexistência de algo bom em sua natureza (Rm 7: 18, Ef 2: 3), mas pela sua resposta favorável ao convite da graça.
É neste sentido que deve ser considerado como sendo pela verdade, e não por ser alguém que a amava e não estava consciente disso.
O homem pode escolher muitas coisas, mas quando esta escolha se refere à salvação da sua alma, o que poderá fazer com a sua decisão de desejar ser salvo, se a providência divina não colocar em execução todos os meios de graça necessários para produzir nele o verdadeiro arrependimento, e para conduzi-lo à conversão?
Quem poderá chegar ao céu pela simples manifestação do seu desejo? Quem conhece o caminho?
Quem está habilitado, atendendo todas as condições impostas pelo Justo e Santo Deus para poder chegar até a Sua presença?
Por isso, Paulo diz que no que tange à eleição do pecador, o fator preponderante é o de que Deus tem misericórdia de quem Lhe apraz ter misericórdia (Rm 9: 14-16; Êx 33: 19)
Não depende de quem quer ir para o céu, de quem afirma que deseja ir para lá - a propósito, a maioria das pessoas recusa a simples ideia de ir para o inferno; querem ir para o céu depois da morte, mas desejar ir para o céu significa desejar viver em santidade, sob o senhorio de Deus.
Se é isto que o homem deseja de fato, quando a graça lhe é manifestada, então ele é um eleito, e certamente irá para o céu, mas se não é isto o que deseja, então tem apenas o desejo de não ir para o inferno, mas não desejaria de fato ir para o céu, onde tudo e todos são santos.
Jesus veio, de fato salvar pecadores e não justos. Veio buscar aqueles aos quais Deus, pela Sua exclusiva graça, aprouve eleger para a salvação. Deste modo, como Paulo ensina em Romanos, a eleição não foi estabelecida com base em quem quer, ou para quem corre, mas em Deus usar de misericórdia.
O homem nada tem ou pode fazer de bom, de modo que seja considerado digno de obter a justificação, que é pela graça, mediante a fé, e por causa da eleição.
A salvação em Cristo está disponível a todos os homens, mas nem todos os homens virão a Cristo, no entanto aqueles que se permitirem serem atraídos a Ele pelo Pai, pela chamada do Espírito Santo, não serão rejeitados e não serão lançados fora de modo algum.
Os que atendem a esta chamada e realmente se convertem, por receberem o dom da verdadeira fé para crer em Cristo, são os eleitos de Deus - são estes que Ele escolheu para si, desde antes da fundação do mundo.
Seus nomes são escritos no livro da vida para nunca mais serem apagados.
A eleição é a consequência da predestinação, que é feita por Deus com base na sua presciência, ou seja, por saber quais serão aqueles que atenderão ao convite da graça do evangelho para a salvação.
A estes concederá graça para que sejam livrados do endurecimento produzido pelo pecado, e os demais permanecerão endurecidos por rejeitarem a graça que lhes está sendo oferecida, pela pregação do evangelho.
Pr Silvio Dutra
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – ekloge (grego) – eleição;
2 – eklektos (grego) – eleito;
3 – proorizo (grego) – predestinar;
4 – prognosis (grego) – presciência;
5 – prognosko (grego) – conhecer de antemão; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128377